Mulheres fisiculturistas: superando a depressão e preconceitos por meio do esporte

Descubra a jornada diária e os obstáculos enfrentados pelas competidoras determinadas a alcançar a evolução contínua do desempenho físico e corporal

Eva Pires

Por meio de dietas rigorosas e treinamentos intensos, competidoras encaram os extremos da modalidade de alta performance em busca da excelência. Foi dessa maneira que o fisiculturismo, esporte onde os atletas são avaliados pela simetria, volume, definição muscular e tamanho corporal, transformou as vidas de duas mulheres: Débora e Manuelle.

As mulheres fisiculturistas desafiam as noções convencionais de feminilidade ao se dedicarem a um esporte praticado majoritariamente por homens. Apesar de muitos ainda associarem a musculação ao estereótipo masculino, o fisiculturismo feminino está conquistando cada vez mais espaço, com atletas que se mostram prontas para enfrentar o preconceito e são motivadas a se superarem por meio da disciplina e determinação em suas jornadas.

Fisiculturista fala como a prática ajudou a resgatar sua saúde e romper preconceitos

imageA personal trainer Débora Karla Lameira encontrou no fisiculturismo uma forma de lutar contra a depressão (Foto: Ivan Duarte | O Liberal)

"A força de vontade e disciplina as levarão para caminhos nunca imagináveis em seus sonhos". Essa é a mensagem da personal trainer Débora Karla Lameira, 41 anos, que encontrou o fisiculturismo após passar por um quadro de depressão e síndrome do pânico.

"Minha história no fisiculturismo vem de uma doença que luto diariamente para vencer, dia a dia. Fui direcionada pelo meu médico psiquiatra a fazer exercício. Comecei na academia Força e Juventude e conheci o dono, que me ajudava a treinar e começou a me incentivar, dizendo que eu tinha potencial para o esporte. Com a ajuda dele, me prepararei para competir pela primeira vez em abril de 2018 na Assembleia Paraense", declara.

Até agora, doze títulos de campeonato já foram conquistados pela atleta. Entre eles, estão os de atleta revelação, melhor do ano e Princesa Women’s Physique. Para se preparar para os campeonatos, a rotina da fisiculturista começa cedo, com treinos de cardio e alimentação regrada de domingo a domingo. "A intensidade também é direcionada pelo meu treinador de acordo com o nível de cada campeonato", afirma.

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"Eu amo a qualidade de vida e a rotina que o esporte me proporciona. Ele é importante para que eu não desista, é o esporte que me traz essa vida Meu objetivo é incentivar minhas alunas e pessoas o com mesmo problema que enfrento, a depressão", destaca.

O maior preconceito que Débora precisou enfrentar veio de dentro de casa, pela própria família. "Sofri bastante, os primeiros preconceitos vinham de dentro de minha casa. Minha mãe não aceitava e meus filhos tinham vergonha de mim na escola. Mas conforme fui mostrando para eles que era um estilo de vida e minha paixão, eles foram presenciando e acabaram entrando também na vida fitness que eles não tinham. Hoje, graças a Deus, tenho o respeito e apoio deles", relata.

Ainda, Débora aconselha outras mulheres: "Não desistam de seus sonhos, mesmo diante das dificuldades e preconceitos que virão. Não é fácil, é um esporte difícil, mas não impossível para quem quer e se determina. O importante é sempre acredita que é capaz", incentiva.

Treinamento intenso

O fisiculturismo demanda um atletismo de alto rendimento, com exigências rigorosas para alcançar os padrões corporais necessários para competições. Essa tarefa requer dedicação em tempo integral, com uma batalha contra a balança que se inicia meses antes dos eventos, visando atingir os resultados esperados.

O treinamento de fisiculturismo feminino envolve uma combinação de exercícios de musculação, dieta específica e descanso adequado, de acordo com o coach fitness Walter Lobato. As categorias femininas são Wellness; Bikini Fitness; Women’s Physique; Figure e Bodybuilder.

Segundo a orientação do especialista, mulheres que desejam ingressar no fisiculturismo devem possuir uma rotina estabelecida de treinamento de musculação, junto ao acompanhamento de um preparador físico ou profissional qualificado. Esse profissional será responsável por avaliar e compreender em qual categoria a estrutura física da pessoa se encaixa, garantindo uma abordagem personalizada e segura para o desenvolvimento atlético.

"As praticantes geralmente seguem um programa de treinamento dividido por grupos musculares baseando-se na categoria que aquela atleta irá competir, com foco em hipertrofia muscular e definição. Elas ajustam a intensidade, volume e frequência dos exercícios ao longo do tempo para alcançar seus objetivos físicos", explica.

Os treinos de musculação podem ter duração de uma hora e meia até três horas de duração associados a execícios cardiovasculares. A rotina de treino é diária e ajustada com o descanso, chamado também de Deloads. "São as estratégias de diminuir o treino ou ficar mesmo descansando nesse dia", diz.

Determinação para além da estética

Indagada sobre sua paixão pelo cultivo do corpo, a personal trainer Manuelle Lopes, 34 anos, reflete sobre a transformação de seus objetivos ao longo do tempo. Inicialmente motivada pela busca da estética corporal, sua jornada evoluiu para um compromisso com a excelência dentro da modalidade esportiva. Atualmente, sua dedicação visa alcançar o padrão ideal dentro do esporte em que se dedica, refletindo não apenas um desejo estético, mas também um compromisso com a superação pessoal e a excelência atlética.

imageManuelle Lopes, 34 anos, já competiu no Maranhão e no Pará (Foto: arquivo pessoal)

A atleta conta sua trajetória dentro do esporte, que conta com a participação em campeonatos estaduais das regiões Norte e Nordeste. "Comecei normal como todo praticante de musculação, até conhecer um casal de atletas fisiculturistas. Fiz acompanhamento com eles com protocolos de suplementação e treinamento físico, até surgir o convite para competir, em 2018", conta.

Na preparação para um campeonato, sua rotina de exercícios é meticulosa, sem margem para falhas, com protocolos rigorosamente seguidos. Ela reconhece que qualquer deslize nesses protocolos pode comprometer seu físico, enfatizando a importância da disciplina e precisão em cada etapa do treinamento.

Manuelle revelou já ter enfrentado preconceito por aqueles que não compreendem o esporte. "Já sofri preconceito por pessoas que não entendem e são incapazes de buscar o melhor pra si mesmo", diz. Sua mensagem para outras mulheres interessadas na prática do fisiculturismo é clara: "Sejam fortes e seguras no que querem, porque é um esporte que requer uma vitória constante, uma batalha diária consigo mesma em busca da própria evolução", conclui.

Eva Pires (estagiária sob supervisão de João Thiago Dias, coordenador do núcleo de Atualidade)

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