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Enredo desmistificou a imagem de Exu

Homenagem da Grande Rio ao orixá mensageiro buscou combater o racismo religioso

Izabelle Araújo

A grande campeã do Carnaval do Rio de Janeiro, a escola Acadêmicos do Grande Rio, trouxe à avenida um enredo focado em uma das maiores divindades dos cultos de matriz africana: Exu. A força e a riqueza de detalhes e referências do enredo foram uma aposta dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora para a desmistificação do orixá, erroneamente associado à figura do diabo no imaginário cristão.

Exu é cultuado tanto na umbanda, quanto no candomblé, porém na primeira ele figura como uma entidade e está ligado aos espíritos que têm influência e ação terrenas, e na segunda, como um orixá, um ser de energia. Em ambas as religiões, Exu é representado pelas mesmas características: proteção, justiça, fertilidade, tenacidade, paciência e disciplina.


É considerado o guardião dos portais e das encruzilhadas e as cores que o representam são o vermelho e o preto. Esses detalhes, aliados aos preconceitos que frequentemente atingem e distorcem as religiões de matriz africana, relegaram a Exu uma imagem ligada ao mal e à perversidade, que os estudiosos e praticantes do candomblé e da umbanda buscam esclarecer.

De acordo com Vanessa Pereira, psicopedagoga e mãe de santo responsável pelo terreiro Barracão do Seu Zé, localizado na Cidade Nova, o Exu representado na avenida Sapucaí pela Grande Rio é o orixá, por isso a interpretação do ator Demerson D’Alvaro na comissão de frente do desfile mostra a sua figura em cima do mundo. “Ele é a boca que tudo come, os olhos que tudo veem, a energia da troca, de novos caminhos e possibilidades”, afirma Vanessa.

Ela conta que o Exu da umbanda é o alvo do processo mais claro de demonização, pois ele carrega a energia da humanidade e a sua ambiguidade. Espíritos como o Exu Tranca Rua (que ajuda na abertura dos caminhos e na conquista de objetivos) e o Exu Caveira (que protege e ajuda no livramento de energias negativas) sofrem com a má interpretação e o racismo associados ao seu culto.

Bem longe de toda essa imagem pejorativa, os filhos e filhas do orixá Exu são conhecidos pela sua paixão pela vida. “São pessoas alegres, intensas, gostam de brincar, mas também podem ser bem teimosos”, finaliza Vanessa Pereira.

Saiba mais sobre o papel de Exu e as religiões de matriz africana no mais novo episódio do podcast Entre Nós. Clique aqui para ouvir na íntegra.

Max Domini