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Participação feminina no mercado de trabalho é crescente mas ainda requer espaço

Diferença salarial e posições de lideranças estão entre os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho

Carolina Gantuss

Não é segredo que as condições de inserção das mulheres no mercado de trabalho é – e sempre foi – inferior à dos homens. No Brasil e no mundo, o papel de donas de casa, mães, muitas vezes submissas e cozinheiras, sempre foi delas e só a partir do pós Primeira Guerra Mundial, o setor capitalista necessitou das mulheres desempenhando várias funções que antes não lhes eram conferidas.

A partir disso, as mulheres têm buscado cada vez mais o seu espaço e inúmeros fatores – simbólicos ou não – as têm motivado a irem em busca de melhores posições no mercado de trabalho: a vontade de ter sua independência financeira, seus projetos profissionais encaminhados e a redução no salário dos companheiros ou, até mesmo, o abandono dos maridos, as colocando no papel de chefes de família e provedoras do sustento familiar são, sem dúvidas, alguns dos mais importantes.

Neste contexto, dados recentes têm demonstrado que a participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou por vários anos seguidos, até 2019 – ano antes da pandemia de covid-19. É o que apontam as Estatísticas de Gênero divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A pesquisa do IBGE mostra que, em 2019, a taxa de participação feminina na força de trabalho era de 54,5%, enquanto a masculina era de 73,7%. E apesar da diferença ainda considerável, a taxa das mulheres cresceu 2,9 pontos percentuais na comparação com 2012, quando teve início a série histórica da pesquisa, enquanto a dos homens caiu 1 ponto percentual no mesmo período.

Contudo, a partir de 2020, os números mostram um recuo significativo neste panorama. Segundo os dados mais recente de pesquisa, dessa vez divulgada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV-IBRE), no dia 8 de março de 2022, Dia Internacional da Mulher, em 2020, início da pandemia, o índice de participação feminina recuou para 49,45%, ficando inferior ao início da série histórica, em 2012. Já em 2021, houve uma leve melhora para 51,56%. 

Os números de ambas as pesquisas mostram que a diferença entre a participação das mulheres ainda permanece em cerca de 20% inferior em relação aos homens. Isso permite concluir que a desigualdade de gênero que ocorre a partir de fatos históricos ainda persiste no mercado de trabalho, e que mesmo após uma série de melhoras ano após ano, a pandemia fez com que a evolução retrocedesse pelo menos uma década.

Uma curiosidade trazida pela pesquisa do IBGE é que fatores como “ter filhos menores” representa um entrave à inserção das mulheres no mercado de trabalho, enquanto para homens, este fator não tem tanta relevância.
Em 2019, o nível de ocupação das mulheres sem filhos de até 3 anos de idade era de 67,2%. Já entre as mulheres com filhos nessa faixa etária caía para 54,6%. Entre os homens foi observado o oposto – o nível de ocupação entre os que tinham filhos pequenos (89,2%) foi maior que entre aqueles que não tinham filhos (83,4%).

Um outro comparativo é de oficiais das Forças Armadas: apenas 18,3% são do sexo feminino e a média de salário é de R$ 12.657. Entre os técnicos e controladores da navegação marítima e aeronáutica, décimo lugar no ranking, apenas 1,2% são mulheres. O salário médio é de R$ 9 mil.Os dados provam a necessidade de políticas voltadas à ocupação de mulheres no mercado de trabalho. Já a pesquisa da Fundação Getúlio Vargas, demonstra um ranking das profissões com um maior salário e a porcentagem de homens e mulheres inseridos em cada uma delas. Entre os médicos, elas representam 51,1% e o salário médio é de R$16.341. Entre os diretores e gerentes gerais, por sua vez, apenas 23% dos cargos são de mulheres e a média de salário é de R$15.968.

Entretanto, mesmo que mulheres tenham conseguido conquistar seu espaço ao longo dos anos nesse ambiente tão competitivo, a diferença evidenciada entre homens e mulheres na sociedade ainda é muito grande e esse é um assunto que deve ser repensado e debatido.

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