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Descubra como a inovação contribui para a produção de mandioca no Pará

O Centro de Excelência em Mandioca pretende estimular a adoção de novas estratégias para o cultivo da raiz na agricultura paraense

Fabrício Queiroz

A mandioca é um alimento de referência para a alimentação paraense. A farinha, a tapioca, a maniva e o tucupi, consumidos em diversas ocasiões, são frutos da produção rural do estado, que abastece o aquecido mercado local e também o de outras regiões, já que o Pará se destaca como o maior produtor de mandioca do Brasil.

De acordo com dados do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), na safra de 2021, o estado foi responsável pela produção de 4 milhões de toneladas de mandioca, o que representa 21,95% do volume nacional.

O engenheiro agrônomo Benedito Dutra de Souza diz que há dois fatores principais que explicam o protagonismo do Pará nesse cenário. “Temos 300 mil hectares de mandioca plantada, com variação de 10% para mais ou menos em alguns anos. Então, o tamanho do nosso estado contribui, até porque somos seis vezes maiores que o Paraná que é outro grande produtor. E outro aspecto são as condições do nosso clima e do solo, principalmente no nordeste do Pará. Aqui nós temos disponibilidade de água de 6 a 8 meses que favorece a produção”, afirma o produtor rural que tem mais de 40 anos de experiência nesse setor.

A importância da cultura da mandioca é evidente, porém há potencial para o desenvolvimento dessa atividade. Entre outras medidas necessárias, Benedito Dutra ressalta o papel que o trabalho com melhoramento genético traz, gerando mudas mais resistentes a pragas e doenças e com maior produtividade aumentando no mínimo 30% na produção das raízes, saindo de 15,5 ton/ha para 20 ton/ha, aos 12 meses de ciclo, média do estado. Essa visão levou o engenheiro agrônomo a se tornar o primeiro maniveiro em atuação no Pará por meio do projeto Reniva.

Dutra produz manivas-semente das cultivares BRS Poti, BRS Mari, BRS Formosa, BRS Kiriris, BRS Novo Horizonte, BRS 420 e outros, que desenvolvidas pela Embrapa Mandioca e Fruticultura e Embrapa Amazônia Oriental, para atender a demanda de pequenos e grandes agricultores no país. Atualmente, ele possui 70 hectares de área plantada destinadas ao cultivo de cinco cultivares da pesquisa.

“Somos o maior maniveiro de referência deles, com atuação em Bragança, Tracuateua e Augusto Corrêa. Estamos multiplicando aqui, em território paraense, os novos cultivares de mandioca que vão ser testados e depois podem ser recomendados para o plantio em diversas regiões”, pontua o produtor que observa as contribuições que essa experiência deve trazer para um outro projeto estratégico: o Centro de Excelência em Mandioca, iniciativa da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Pará (Faepa), em parceria com outros atores locais.

“Queremos dar visibilidade a essa cultura que é importantíssima e montar estratégias para dar treinamento aos nossos produtores. Visamos a possibilidade de instalação de uma unidade de beneficiamento que vai funcionar como um centro de treinamento para ter acesso a essas cultivares. A ideia é profissionalizar o cultivo de mandioca para que essa cultura seja vista como agronegócio”, esclarece Benedito Dutra, que acrescenta: “Estamos pensando em um novo momento para a mandiocultura paraense. Além disso, é preciso destacar que a mandioca é um recurso importante para a segurança alimentar de cerca de 10% a 15% da população do mundo”.

A partir do Centro de Excelência em Mandioca, previsto para ser instalado no município de Bragança, Benedito Dutra vislumbra ainda que outros segmentos da cadeia produtiva podem ser mais explorados. É o caso da produção de álcool e da implantação de fecularias, que são estruturas onde é possível extrair o amido da mandioca, um produto visado pelas indústrias alimentícia, farmacêutica e têxtil.

Para saber mais sobre as iniciativas do agronegócio paraense e seus benefícios para a economia e o desenvolvimento local, clique aqui.

Faepa