Ampla Amazônia premia melhores trabalhos de jornalismo em segunda edição
Evento realizado no restaurante Manjar das Garças, em Belém, reforçou o compromisso de valorizar a imprensa como aliada da sustentabilidade
Jornalistas, ambientalistas, pesquisadores e representantes de veículos de comunicação de todo o país participaram, na noite desta quarta-feira (3), da cerimônia de premiação do II Prêmio Ampla de Jornalismo, iniciativa que incentiva o jornalismo voltado à sustentabilidade e ao desenvolvimento amazônico. Promovido pela Ampla Amazônia - Plataforma de Liderança, o evento foi realizado no restaurante Manjar das Garças, em Belém.
Os vencedores da segunda edição foram oficialmente premiados na cerimônia. Neste ano, a plataforma reuniu cerca de 350 trabalhos inscritos, quase o dobro em relação à edição de estreia, realizada em 2024. Para o cofundador da Ampla Amazônia e um dos organizadores do evento, Giussepp Mendes, o resultado alcançado foi uma surpresa positiva, principalmente por ter havido um incremento de inscrições a nível nacional e pela participação de fotojornalistas na nova categoria criada.
“Isso demonstra que o prêmio vem ganhando corpo, que o trabalho realizado pela Ampla sempre é um trabalho sério, com uma equipe que tem liberdade de escolha, não temos veículos de comunicação vinculados a nenhum dos nossos jurados e isso traz credibilidade”, comentou. O advogado também destacou a importância do tema, que valorizou o jornalismo de soluções: “Não podemos acatar o jornalismo de crítica por crítica, tem que trazer algo que construa e traga um incremento para a Amazônia”.
A temática escolhida na segunda edição foi “COP 30, Soluções para os Desafios Climáticos e para o Desenvolvimento Amazônico”. A escolha consolida o protagonismo da imprensa na cobertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), buscando inspirar mudanças e destacar boas práticas de enfrentamento à crise climática.
Também cofundador da iniciativa, Eduardo Brasil celebrou a consolidação do projeto mesmo em um ano marcado pelos desafios da preparação para a COP 30. Para ele, o crescimento do prêmio demonstra maturidade e resiliência. “A realização em um ano tão desafiador como o da COP 30 para a gente foi enorme. Ficar com a premiação e manter ela em evidência foi bem desafiador”, afirmou.
Curadora convidada do II Prêmio Ampla, Giuliana Morrone esteve em Belém para acompanhar a cerimônia e reforçar o compromisso do evento com a valorização do jornalismo regional. Ela afirma que o convite chegou em um momento especial de sua trajetória, marcado por aprofundamento em temas socioambientais e pela expectativa em torno da COP 30.
“Desde o início, quando recebi o convite, entendi que seria uma grande oportunidade para me aproximar ainda mais dessa paixão que eu tenho, que é pelo jornalismo. O Prêmio Ampla valoriza o jornalismo regional, o jornalismo que olha para o território, e isso fez muito sentido pra mim”, disse.
Premiados
Foram quatro categorias disponíveis no concurso em 2025: Nacional, Estadual, Digital e Fotojornalismo, reconhecendo reportagens e produções que colocam a Amazônia no centro da agenda ambiental global. Os valores pagos aos vencedores variaram de R$ 10 mil a R$ 20 mil, dependendo da colocação, além de troféus e certificados.
A primeira colocada na categoria Nacional foi a jornalista Jalília Messias, da TV Liberal, que produziu uma reportagem sobre um projeto que recupera manguezais na Amazônia, veiculada no Jornal Nacional, da TV Globo. “O Pará está vivendo um ano histórico. O telejornalismo local está vivendo um ano histórico. (…) Os olhos do mundo se voltaram pra gente - e a gente respondeu muito bem”, comemorou.
Também da TV Liberal, a jornalista Fábia Sepêda levou a primeira colocação na categoria Estadual, com a reportagem “Comunidade de Cametá produz soluções para problemas com água”. Ela contou que a sensação foi de trabalho bem feito. “A gente viajou em novembro do ano passado com a intenção de fazer uma reportagem especial, mostrando iniciativas ribeirinhas de soluções da própria Amazônia para problemas relacionados à água no nosso planeta. A nossa ideia era mostrar soluções que podem estar em comunidades no interior de Cametá, por exemplo”, detalhou.
Na categoria Digital, o trabalho vencedor foi “A verdade sobre o caos climático”, do UOL Prime. A diretora e videomaker-repórter, Raquel Arriola, explicou que a inscrição partiu de um mapeamento interno do portal. Ela esteve em Belém para receber o prêmio junto com a co-autora, a produtora Caroline Monteiro.
“A gente ficou muito feliz, é uma honra enorme. Foi a primeira vez que inscrevemos o projeto, e já ganhamos em primeiro lugar”, diz Raquel. “Quando percebi que a gente tinha feito algo tão significativo no começo do ano, pensei: vamos pra Belém, faz sentido estar aqui”, comentou Caroline.
Já o vencedor da categoria estreante Fotojornalismo, Sérgio Oliveira, não esteve presente no evento. O trabalho premiado teve o título “Fibras da Amazônia: cultura que nasce nas várzeas e que não agride o meio ambiente”. Em uma fala enviada por vídeo, ele dedicou o reconhecimento às comunidades que o receberam durante a produção do material.
“A pauta amazônica é de riquezas, mistérios e mazelas. O incentivo ao profissional vem dessa imensidão de histórias que a gente precisa trabalhar e mostrar”, afirmou. O fotojornalista reforçou que a força da fotografia está na mensagem coletiva. “O mundo precisa ver mais isso, e pra mim é uma mensagem só”, declarou.
Reconhecimento
O jornalista e professor Guarany Júnior, homenageado especial da segunda edição, emocionou o público ao relembrar sua trajetória e a parceria com estudantes e colegas. Ele dedicou o prêmio à esposa, Cristiane Guarany, que subiu no palco com ele. “Eu brinco que há 34 anos eu já sou premiado ao lado dela”, brincou, fazendo um paralelo com o tempo de casado.
Apoio
O Prêmio Ampla teve como patrocinador, pelo segundo ano, a RadioNews. A representante da empresa, Sara Albuquerque, classificou a iniciativa como “muito importante”. “Acho que tem que partir de nós, amazônidas, apoiar e incentivar o que se produz aqui, para provar que aqui se produz debate, se produz articulação, se produz conhecimento e sai conhecimento daqui também. Então, é sempre um prazer muito grande da empresa poder apoiar”, disse.
A iniciativa reforça o compromisso de valorizar a imprensa como aliada da sustentabilidade e da transformação social. O crescimento expressivo no número de inscritos demonstra o interesse crescente de profissionais da comunicação em produzir conteúdos que promovem reflexão, ação e impacto positivo.
Confira os vencedores do II Prêmio Ampla de Jornalismo:
Categoria Nacional
1º lugar – Projeto recupera manguezais na Amazônia
Jornalista: Jalília Messias (Jornal Nacional)
2º lugar – Amazônia perde quase 50 milhões de hectares de florestas em 40 anos
Jornalista: Laís Nunes (Jornal Hoje)
3º lugar – População do Acre convive com histórico de inundações e enfrenta novos
alagamentos
Jornalista: Hellen Lirtêz (Amazônia Vox)
Categoria Estadual
1º lugar – Comunidade de Cametá produz soluções para problemas com água
Jornalista: Fábia Sepêda (TV Liberal)
2º lugar – Balbina, a maior tragédia amazônica
Jornalista: Ronaldo Brasiliense (O Liberal)
3º lugar – Homenagem ao Dia da Amazônia
Jornalista: Mauro César Rodrigues de Oliveira Filho (Programa Bora Lá – TV Liberal)
Categoria Digital
1º lugar – A verdade sobre o caos climático
Jornalista: Raquel Arriola (UOL Prime)
2º lugar – Pirarucu, o peixe que sabe das secas na Amazônia
Jornalista: Maickson dos Santos Ferrão (Sumaúma – Jornalismo do Centro do Mundo)
3º lugar – O que é o projeto Lições da Amazônia?
Jornalista: Daniel Tavares (Amazônia Vox)
Categoria Fotojornalismo
1º lugar – Fibras da Amazônia: cultura que nasce nas várzeas e que não agride o meio
ambiente
Fotojornalista: Sérgio Ricardo de Oliveira (Amazônia 360)
2º lugar – [Sem título informado]
Fotojornalista: Pedro Nascimento (Agência Acre)
3º lugar – Mulheres amazônidas levam biojoias à vitrine da COP 30
Fotojornalista: Marx Vinícius Vasconcelos (Revista Cenarium)
Confira mais detalhes da premiação:
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