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Técnico do Remo fala sobre contratações, forma de jogar e diz: 'Não vim fazer turismo'

António Oliveira assumiu o Remo após a saída de Daniel Paulista. O técnico português comentou sobre o carinho do torcedor, a pressão no clube e como vem trabalhando para tentar colocar o Leão na Série A

Fábio Will

O Remo briga na parte de cima da tabela da Série B. O Leão Azul busca o retorno à Série A após 30 anos e, para comandar a equipe que, a diretoria azulina apostou em um técnico de fora do país, o português Antônio Oliveira, de  42 anos, com passagens pelo Athletico-PR, Cuiabá-MT, Sport-PR e Corinthians-SP, além ter sido treinador do Benfica, de Portugal. A equipe de O Liberal bateu um papo com o treinador azulino que falou sobre sua chegada, formas de trabalho, contratações, ídolos no futebol e sobre a experiência em treinar um clube do Norte do Brasil.

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O Liberal - O que te motivou a aceitar o desafio de comandar o Remo neste momento da sua carreira? Como tem sido a adaptação ao clube e à cidade nesses primeiros dias?

António Oliveira: “Aceitei o Remo pela grandeza do clube, da paixão desta torcida e no potencial que há aqui. Não vim fazer turismo. Vim porque sinto que há espaço para construir algo sólido. A adaptação tem sido rápida e os jogadores estão focados e acreditam. Senti-me acarinhado como em casa.  As pessoas são boas e quando a gente respeita o lugar onde está, ele começa a nos acolher”, disse.

O Liberal - Em poucos dias, você já encarou um clássico Re-Pa. Como foi viver essa experiência logo de cara?

António Oliveira: “Consegui entender de verdade o que o futebol representa aqui. A intensidade, a emoção, a responsabilidade… tudo elevado ao máximo. Foi como entrar num palco onde a margem para erro é zero, a exigência é grande e nos obriga a evoluir rápido”, falou.

O Liberal - Antes da partida contra o Athletic você vivia uma marca pessoal negativa, de 12 partidas sem vencer. Como foi lidar com isso e quais foram os principais ajustes feitos entre a derrota para o Paysandu e a vitória sobre o Athletic?

António Oliveira: “A estatística pode contar um número. Mas ela não conta o contexto. O futebol não é só vencer, é sobre entender por que não se vence. Eu nunca deixei de trabalhar, de estudar, de ajustar. No Re-Pa, ainda estávamos a assimilar ideias. Contra o Athletic, já vimos um esboço de identidade. E mais do que a vitória, vi resposta emocional do grupo. E isso, para mim, é um bom sinal”, comentou.

O Liberal - Em que estágio você acredita em que o elenco está, em relação à assimilação da sua proposta de jogo?

Antônio Oliveira: “Estamos no início de um processo. O mais importante agora é criar um grupo coeso e bom! E isto leva tempo, mas eu vejo o grupo comprometido, focado. Há escuta, há entrega, e há compreensão. E no futebol, é o começo de tudo”, falou.

O Liberal -  O Remo teve o retorno do meio-campista Jaderson, diante do Athletic, que melhorou bastante o desempenho do time e foi importante na virada azulina. Qual a importância do atleta para a equipe?

António Oliveira: “Feliz acima de tudo pelo regresso do Jaderson à competição. Quero os jogadores com saúde e disponíveis. Todos são importantes e o rendimento diário e em competição de cada um serão determinantes e responsáveis para as minhas escolhas”, disse.

O Liberal - Está chegando a janela de transferência e o Remo briga pelo G4. Como será essa janela? Já solicitaste algum nome?

António Oliveira: “Não se trata apenas de pedir nomes. Trata-se de entender o que o grupo precisa para evoluir. A janela tem de ser inteligente, não impulsiva. O clube sabe o perfil que procuro: jogadores com caráter competitivo, inteligência tática e fome de vencer. Se vierem reforços, não é para completar o elenco e sim para elevar o padrão”, comentou.

O Liberal - Seu pai enfrentou o Remo como jogador. Que peso simbólico essa história familiar tem na sua relação com o clube?

António Oliveira: “Para mim, isso tem um significado bonito. A vida dá voltas e hoje estou aqui a representar um clube que enfrentou o meu pai. É quase como fechar um ciclo. Mas isso não me dá privilégio — dá-me responsabilidade. De honrar o nome que carrego e, agora, de escrever minha própria história com a camisa do Remo”, disse.

O Liberal - A chegada de muitos técnicos portugueses ao Brasil é grande. Como você avalia esse fluxo? Quais características que vocês possuem e que não é encontrada nos comandantes brasileiros?

António Oliveira: “Não vejo isso como uma questão de nacionalidade, mas de mentalidade. Respeito muito o treinador brasileiro. Tem sensibilidade, leitura emocional e coragem. O que talvez diferencie alguns técnicos sejam eles de que nacionalidade forem é foco e vontade de vencer e principalmente ter a humildade de aprender”, avaliou.

O Liberal - Que técnico ou filosofia te inspira no dia a dia como treinador?

António Oliveira: “Guardiola, sem dúvida. Não só pelo jogo posicional, mas pela forma como pensa o ser humano dentro do futebol. Ele não treina jogadores — ele transforma ideias em comportamento coletivo. E também aprendo muito com Ancelotti, pela capacidade de gerir equipas com serenidade. No fundo, minha inspiração é clara: quem joga bem, pensa bem. E quem pensa bem, ganha com constância”, falou.

O Liberal - Qual a mensagem que você deixa ao torcedor remista neste início de caminhada?

António Oliveira – “Apoio! Apoio nos momentos maus e bons! Se criticar ou xingar a própria equipe é como apoiar o adversário! Trabalho todos os dias como se cada treino fosse uma final. O Remo merece uma equipe com identidade, com coragem, e que represente as cores com alma. Juntos, vamos construir isso. E quando houver tropeços, estejam conosco e prometo que a resposta será sempre com trabalho e dignidade”, finalizou.