Técnico do Remo, António Oliveira herdou a paixão pelo futebol do pai: 'Grande orgulho'
António Oliveira é filho do ícone do futebol português Toni Oliveira
António Oliveira, treinador do Remo, não herdou do pai apenas o nome, mas também a paixão pelo futebol. O técnico azulino é filho do ídolo do Benfica, de Portugal, António Oliveira, conhecido como Toni, e tem nele uma de suas grandes inspirações e referências no esporte.
Neste Dia dos Pais, o Núcleo de Esportes de O Liberal relembra a semelhança nas trajetórias de pai e filho.
Toni, o ídolo português
António pai é natural de Mogofores, comunidade de Anadia, e se destacou no futebol português pelo Benfica, considerado o "Clube do Povo", com inúmeros títulos — 14 ao todo — que o tornaram um ídolo local.
Após anos dando alegria aos torcedores do Glorioso, Toni pendurou as chuteiras em 1981, mas seguiu envolvido no futebol e se tornou treinador. Começou a segunda fase da carreira no próprio Benfica, passou pelo Tractor, do Irã, Sevilla, da Espanha, Al-Ahly, do Egito, Al-Ittihad, da Arábia Saudita, e Kazma SC, do Kuwait, onde encerrou a trajetória como técnico.
"O fato de ser filho de uma das grandes lendas do futebol português, para mim, acima de tudo, é motivo de grande orgulho. É perceber que meu pai tem princípios e valores que foram transmitidos para mim e que eu também tento transmitir aos meus filhos. Foi um exemplo dentro de campo, é um exemplo fora de campo e, independentemente de estar ligado a um grande clube, como o Benfica, por questões emocionais, é alguém que gera consciência nos rivais. Isso, para mim, enquanto filho, é um motivo de orgulho e um exemplo a ser seguido", orgulha-se António.
De pai para filho
Com tanta referência em casa, António filho trilhou o mesmo caminho. Começou jogando futebol nas categorias de base do Benfica. Depois, passou por Santa Clara, Casa Pia, Oriental e Fabril Barreiro, todos de Portugal, até encerrar a carreira em 2011.
"O futebol chegou a mim de forma natural, não foi nada imposto pelo meu pai. Cresci assistindo aos jogos dele, cresci acompanhando-o muitas vezes no treino, mas depois, à medida que fui crescendo no futebol, pelo fato de ser um jogador, percebi que tinha uma apetência e um fascínio grande pelo treino", explicou o treinador do Remo.
Além do futebol, António se formou academicamente e investiu na carreira de treinador. Assim como o pai, iniciou na base do Benfica até receber a primeira oportunidade em uma equipe profissional: o Tractor, do Irã, onde foi auxiliar técnico de Toni. Juntos, trabalharam de 2012 a 2016.
Após passar por outros clubes, o atual treinador azulino chegou ao futebol brasileiro pelo Santos, para comandar o sub-23, em 2020. No mesmo ano, subiu para o profissional como auxiliar técnico e, posteriormente, foi para o Athletico-PR, onde começou como auxiliar e assumiu o comando até 2021.
"A minha relação com meu pai é de grande respeito. Sempre, no final de cada jogo, dependendo do horário, porque os fusos aqui são diferentes de Portugal, faço uma chamada com ele, independentemente do resultado. Existe, evidentemente, uma troca de ideias, mas não uma cobrança. É bom ouvir alguém que entende e que, acima de tudo, me quer o bem", conta António.
Depois, retornou ao Benfica e voltou ao Brasil em 2022 para dirigir o Cuiabá-MT, permanecendo por cerca de duas temporadas. Em 2024, assumiu o Corinthians, onde ficou aproximadamente cinco meses. No Timão, encerrou a passagem com 29 jogos, somando 13 vitórias, nove empates e sete derrotas.
Remo presente desde… 1968
Foi neste ano que António Oliveira cruzou o caminho do Remo pela primeira vez — mesmo antes de nascer. O treinador assumiu o Sport, lanterna da Série A e em meio a uma grande crise, mas não conseguiu promover a reação desejada e foi demitido após quatro jogos, com três derrotas. Com isso, o Leão da Ilha contratou Daniel Paulista, então técnico azulino.
Sem treinador, o Leão Azul apostou em Oliveira. Mas o que muitos não sabiam é que sua ligação com o clube já tinha história: Toni, seu pai, estreou como jogador em um amistoso contra o Remo, em 1968. Na coletiva de apresentação, António citou a curiosidade como um dos motivos que o levaram a aceitar o desafio.
"Claro que não foi a única coisa que me fez aceitar o desafio [o pai ter jogado em Belém contra o Remo], mas teve uma influência. Os projetos são as pessoas, a linda história que o Remo possui e a vontade de todos em ver a equipe na elite do futebol brasileiro. O que me motivou foram as pessoas que estão ao redor desse projeto, a seriedade com que me apresentaram e, principalmente, ver gente vencedora”, falou na coletiva de apresentação.
Hoje, Toni, aos 78 anos, após passar a paixão e a profissão para o filho, atua como comentarista esportivo em uma emissora de Portugal e acompanha de perto a carreira de António.
"Falamos porque é algo que nos une, o futebol. Sempre no intuito de troca de ideias, e é alguém que eu sempre uso, porque meu pai tinha valências muito grandes, tanto como líder, capitão de equipe, como treinador. Portanto, em questões de comunicação e liderança, ele é a minha maior referência", afirma o treinador azulino.
As trajetórias de pai e filho têm pontos em comum e chegam a se confundir em alguns momentos, mas cada uma mantém suas próprias particularidades e características marcantes.
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