Raio-x: Hélio dos Anjos explica permanência no Paysandu e detalha planos para 2020

O técnico Hélio dos Anjos está garantido no comando do Paysandu até novembro de 2020. Os 21 jogos de invencibilidade, com seis vitórias e 15 empates, foram dados que fizeram a diretoria e torcida bicolor acreditarem que a permanência dele seria importante. Antes de pensar na próxima temporada, Hélio dos Anjos ainda tem uma missão para cumprir em 2019:  conquistar o tricampeonato da Copa Verde.

Antes de aproveitar os dois últimos dias de folga, o técnico bicolor recebeu a reportagem de O Liberal para fazer um balanço parcial de 2019, falar sobre 2020, sobre a Copa Verde e outros assuntos. Confira:

O Liberal: O que motivou a permanência no Paysandu em 2020?

Hélio: Todos nós no Brasil falamos muito que acabam tirando a oportunidade dos profissionais de darem sequência no trabalho. Eu gosto dessa sequência. Aconteceu isso no Sport-PE, Juventude, o próprio Goiás, com sequência de dois anos e meio. Seleção da Arábia Saudita. Sempre gostei da sequência. Mas aqui tem algo mais. Todos ficaram preocupados e falando que o Paysandu estava na terceira divisão. Parece que isso diminui um profissional. Mas para mim não. Foi uma motivação e continua. Eu vim para uma receptividade maravilhosa. Uma cidade que tem suas dificuldades, como todos as outras. Mas a aproximação verdadeira com o Paysandu me motivou muito a continuar o trabalho.

"Muitas vezes falam que eu sou um treinador meio tampão para resolver problemas de urgência, mas eu gosto da continuidade" - Hélio dos Anjos.

O Liberal: Como avalia o Paysandu até o momento?

Hélio: Nesses dias, durante uma reunião, o Ricardo tocou no assunto importante. Nem ele que conhece o Paysandu como um torcedor não imaginava que a ressaca no clube fosse tão grande com o descenso do clube da B para a C. Ele não imaginava que o torcedor ressentisse tanto. Isso traz problemas para o clube. Em seguida a ressaca aumenta. Porque ser o quarto no paraense trouxe transtorno. E culminou com o início ruim na Série C. Então, nós pegamos um momento de muita dificuldade. Eu acho que o que mais foi importante foi ter adquirido o respeito do torcedor, a empolgação, o orgulho de ser Paysandu. E o grupo não gosta de perder. Conseguimos colocar isso no nosso trabalho. As 21 partidas invictas em algumas situações foram questionadas pelo número de empates. Eu também questiono, porque me fez sofrer e trabalhar muito mais. Mas o respeito do torcedor foi a maior conquista nossa. Isso também foi motivo para a permanência.

"As 21 partidas invictas em algumas situações foram questionadas pelo número de empates. Eu também questiono, porque me fez sofrer" - Hélio dos Anjos.

O Liberal: A partir de amanhã começa a preparação para a final da Copa Verde. O que você espera nos próximos dias? Há amistoso marcado?

Hélio: A única coisa que não falta é planejamento. Isso é minha obrigação e da minha comissão técnica. Nós já temos a programação da primeira semana. Porque eu tenho que ser flexível em algumas coisas. Até porque eu preciso de amistosos. Nós discutimos um amistoso, mas não achei viável pela distância e pela proximidade do jogo. Porque seria uma semana antes do primeiro jogo. Nós estamos discutindo. O Felipe Albuquerque junto com a comissão técnica continuam trabalhando. Nós estamos descansando. Mas já elaboramos a primeira semana de trabalho. Posso adiantar para você que nós vamos iniciar na segunda-feira à tarde e na terça-feira à noite nós entramos em regime de concentração até domingo pela manhã. A programação da outra semana nós estamos segurando porque há previsão de amistosos e tenho que ter atenção. Eu não gosto de fazer muito amistoso, porque tira dois treinos ou mais. Então tenho que balancear muito isso com o Fred e com o Guilherme, que desenvolvem essa parte. É muito importante a participação do fisiologista. Acredito que podemos fazer até três amistosos.

O Liberal: Na quarta-feira, Goiás e Cuiabá duelam pela outra vaga da final da Copa Verde. Você tem preferência por algum time ou os dois têm o mesmo grau de dificuldade?

Hélio: Eu assisti ao jogo do Cuiabá (contra o Guarani, na quinta-feira, que teve a estreia do técnico Marcelo Chamusca). O Cuiabá começou fulminante, sob comando do Marcelo Chamusca, um amigo meu. Nós trabalhamos juntos nas categorias de base quando eu estava no Vitória. Mas eu não posso julgar nada porque não sei qual o elenco que eles vão usar. Se o Goiás continuar com a performance boa, deve colocar o time principal. E o Cuiabá a mesma forma. Eu acredito que o Cuiabá vai buscar a conquista, até por já ter vencido. E o Goiás entrou na competição com o intuito de ganhar. E eu vi as entrevistas de início do ano. Vamos ter que esperar. Infelizmente, esperamos muito. Mas eu estou tranquilo.

O Liberal: Vocês vão assistir aos jogos da Segunda Divisão do Campeonato Paraense, que inicia neste domingo?

Hélio: Naturalmente. Temos um projeto de presença e de gravação de jogos. Porque gostamos de detalhar muito. De repente um jogador chama a atenção e vamos dar sequência nas observações. Mesmo sabendo que muitos jogadores da Segundinha tem um currículo. É um trabalho bem administrado pelos analistas. E eu quero participar das observações ao vivo. E neste domingo vai ter alguém para ir aos jogos. Não posso garantir que eu irei, porque eu não entrei de folga. Eu fiquei aqui e devo me ausentar da cidade neste final de semana e volto só na segunda-feira.

"De repente um jogador chama a atenção e vamos dar sequência nas observações. Mesmo sabendo que muitos jogadores da Segundinha tem um currículo" - Hélio dos Anjos.

O Liberal: O executivo Felipe Albuquerque é sempre bem criticado pela torcida e pela imprensa. Mas é possível perceber uma confiança da presidência e da comissão técnica no trabalho dele. Como é a tua relação com o Felipe?

Hélio: Em termos de organização de departamento, ele é top 5 do país. Ele é super organizado, preparado. É defensor do clube nas negociações, inclusive na minha. Ele foi muito justo. Ele sempre olhou meu lado, mas protegia a organização do clube. Ele foi muito capaz nas rescisões e foi bem inteligente. Isso, lá na frente, tem um custo. Esses adentros contratuais não são fáceis. Porque não é tão simples. Ele renovou com dois jogadores importantes. Está com jogadores sobre controle. A relação comigo e com a comissão técnica é boa. Eu sou tranquilo de trabalhar com o executivo porque ninguém me contrata sem saber o meu perfil. Todo mundo conhece meu perfil. Tenho minha maneira de trabalhar. Acredito que com outros executivos teria problemas seríssimos. Mas também não acreditaria que esses executivos votariam a favor da minha contratação. Então é muito importante entender isso. A nossa relação é boa. Eu sou responsável pelo time, sou responsável por tudo que cabe ao treinador. Eu não abro mão e a relação é boa e profissional. Nós vamos ter que trabalhar muito em busca de novos jogadores. O momento financeiro do clube não é fácil. Mas pode se tornar equilibrado desde que a campanha do sócio bicolor realmente seja entendida pelo torcedor.

O Liberal: Por falar nisso, qual a importância do sócio torcedor?

Hélio: O exemplo está aí. O Internacional, o Grêmio, o Flamengo são o que são por causa do sócio. Ninguém está querendo nada demais. Será que nós não temos capacidade? Aqui no Pará ter pelo menos 15 mil sócio torcedores? Com 10 mil sócio torcedores, tudo no Paysandu se resolve. Ameniza tudo. E o torcedor está adquirindo um direito, que não é de pegar fila, entre outros benefícios. E eu já vou usar meu sócio. Vou ter um desconto em duas camisas femininas que vou comprar para duas amigas.

O Liberal: Qual o recado para o torcedor?

Hélio: O torcedor pode ter certeza que ninguém vai atropelar o Paysandu. São dois times que estão em uma divisão superior a nossa. O Paysandu vai dar a vida por esse título. Podemos não ganhar, porque no futebol tudo pode acontecer. Mas eu deixo como recado que a torcida continue acreditando. Pensando na grandeza do Paysandu, nas vitórias do Paysandu. Está demonstrando isso com a compra de ingressos.