Psicólogo do esporte avalia importância de gestão emocional no Paysandu e critica palestras
Em conversa com a reportagem, Maurício Marques argumenta que fracasso do Papão na fase final da Série C pode ser "hereditário".
Ansiedade. Essa é a sensação que parece dominar o vestiário do Paysandu na reta final da Série C. Pelo menos foi o que afirmou o capitão da equipe, Genílson. Em entrevista coletiva na última semana, o zagueiro disse que os jogadores da equipe têm tomado decisões erradas dentro de campo nas últimas partidas. Nos dois primeiros jogos pelo quadrangular de acesso da Terceirona, o Papão acumulou duas derrotas.
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O começo ruim no quadrangular de acesso da Série C tem sido rotina nas últimas temporadas do Paysandu. Desde 2019, a equipe tem conseguido se classificar às fases finais da Terceirona, mas caído bruscamente de rendimento na hora da decisão. O filme deste ano, inclusive, parece repetir o do ano passado. Em 2021, o Papão foi líder da primeira etapa do torneio, mas terminou o quadrangular final na última colocação.
A cada dia que passa, o uso da psicologia no esporte tem sido cada vez mais fundamental. O objetivo desse profissional em uma equipe de futebol é entender como os fatores psicológicos influenciam o desempenho físico e o bem-estar de cada jogador. Grandes equipes, como Flamengo e Palmeiras, possuem psicólogos permanentes na comissão técnica e colhem frutos disso.
De acordo com Maurício Marques, a utilização de um psicólogo na comissão técnica do Paysandu poderia ajudar os jogadores a lidarem com a ansiedade em momentos de pressão. No entanto ele faz um alerta: é importante que esse processo seja duradouro, durante toda a temporada.
"Ter uma cultura de trabalhar com o psicólogo facilita o contato com o jogador. É necessário que esse profissional esteja presente no dia a dia do atleta. A ausência do psicólogo é oriunda de uma gestão muito mais velha, que via o profissional como sinônimo de ‘frescura’ e ‘fraqueza’, por conta disso que vários clubes não oferecem essa ajuda ao atleta", explicou.
Palestra "motivacional"
De acordo com o psicólogo, palestras motivacionais antes de jogos importantes podem comprometer o desempenho dos atletas dentro de campo. De acordo com ele, esses discursos podem aumentar a ansiedade dos atletas, provocando uma sensação motivadora ou bloqueadora, o que varia para cada indivíduo.
Hoje, o Paysandu possui um líder religioso que faz palestras motivacionais antes de partidas importantes. Ele, inclusive, fez um discurso aos atletas antes do embarque para Salvador, onde o Papão enfrentou o Vitória-BA, pela rodada inaugural do quadrangular de acesso da Série C. O Bicola terminou o jogo derrotado por 1 a 0.
"Não existe palestra motivacional mágica. Motivação é que nem banho, precisa às vezes mais, às vezes menos, mas tem que ter sempre, todo o dia. Se você faz um tipo de palestra para um grupo ansioso você pode ocasionar até uma queda de rendimento. É comum vermos tiros como esse saindo pela culatra", finalizou.