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'Vovô da Cidade': Curuzu é símbolo da história do Paysandu e do futebol paraense

Estádio bicolor é o mais antigo de Belém e foi palco de inúmeros momentos marcantes

Aila Beatriz Inete

A casa do Paysandu é um verdadeiro caldeirão em dias de jogos do Papão. O estádio Leônidas Sodré de Castro, popularmente conhecido como Curuzu, tornou-se um símbolo importante da história do futebol paraense. Considerado o primeiro estádio de Belém, o local recebeu carinhosamente o apelido de “Vovô da Cidade”.

Neste Dia dos Avós, o Núcleo de Esportes de O Liberal relembra um pouco da história da casa bicolor, que já tem 111 anos de existência.

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“O estádio que hoje chamamos de Curuzu é contemporâneo à fundação do Paysandu, tendo sido construído em 1914. O Paysandu, no entanto, só o adquiriu em julho de 1918, pelo valor de 12 contos de réis, na época. O nome dele era Campo da Firma Ferreira e Comandita. Foi o primeiro estádio da cidade, por isso a alcunha de ‘Vovô da Cidade’”, explicou José Vincenzo Procopio Filho, diretor de Cultura e Memória do Papão.

Antes de adquirir o estádio, o Bicola mandava seus jogos no Campo de São Matheus, localizado na Travessa Padre Eutíquio. A compra foi viabilizada por Leônidas Sodré de Castro, que posteriormente daria nome à arena. A construção representou um marco para o futebol local e significou uma grande evolução tanto para o clube quanto para a cidade.

“O estádio da Curuzu é importante, em especial, porque sempre foi voltado para a prática do futebol e, ao longo dos anos — especialmente nas décadas de 1910, 1920 e 1930 — viu ali o desenvolvimento da cultura esportiva entre a população”, destacou o historiador Michel Pinho.

O nome

A construção do estádio, assim como o bairro onde está localizado, também foi um marco para a cidade. Na época, a Avenida Almirante Barroso ainda se chamava Tito Franco e não era tão populosa como hoje. A Curuzu se destacava, preenchendo um quarteirão inteiro.

“O contexto da criação do estádio já é um pouco posterior à crise da borracha. Isso evidencia uma característica importante da cidade: o avanço do povoamento do bairro do Marco”, acrescentou Michel.

Por estar situado entre as travessas Curuzu e Chaco — nomes que fazem referência a batalhas e símbolos da Guerra do Paraguai — o estádio acabou recebendo esse apelido histórico.

“É emblemático que o nome Curuzu, que remete à Batalha de Curuzú, travada durante a Guerra do Paraguai, esteja ligado ao Paysandu, cujo nome também homenageia um feito da marinha mercante brasileira na mesma guerra”, apontou Vincenzo.

O historiador Michel Pinho destacou ainda que o nome Curuzu está ligado às tradições latinas do sul do continente — de onde também vem o nome do clube.

“Curuzu é uma abreviação, uma corruptela da palavra ‘cruz’, traduzida do guarani”, explicou.

Palco de grandes conquistas

Símbolo do clube, a Curuzu foi palco de duas das quatro maiores conquistas do Papão: o título da Série B de 2001 e a Copa Norte de 2002, que classificou a equipe para a Copa dos Campeões e, posteriormente, para a Libertadores da América.

No ano seguinte, o Papão superou o São Raimundo-AM por 3 a 0 na Curuzu e levantou a taça da Copa Norte. Além dos títulos, o estádio também ficou marcado por jogos históricos, como o duelo contra o Peñarol, em 1969.

“Como torcedor, sem dúvida, o momento mais simbólico foi a conquista do Brasileiro de 2001, o título mais relevante conquistado no estádio e um dos maiores do futebol paraense", disse Vincenzo. "Mas, falando de símbolos e memória, penso que a estátua do 'Quarentinha' é especial. Foi o maior craque que jogou na Curuzu. Ela representa também a nossa cultura vencedora, construída, em boa medida, no gramado”, completou o diretor.

Futebol e cultura

Mais do que palco de partidas emocionantes, a Curuzu também abriu suas portas para a cultura. Em 1989, a banda de heavy metal Stress reuniu cerca de 20 mil pessoas no estádio para um show histórico. O diretor de memória do clube relembra com orgulho esse momento marcante para o cenário do rock paraense.

Anos depois, em 2001 — ano do segundo título da Série B — a Curuzu também foi palco do Fest Rock, reafirmando sua importância como espaço cultural da cidade.

Atualmente, o estádio segue como grande ícone do esporte local e, principalmente, a casa do Papão. Com capacidade para 16.700 pessoas, suas arquibancadas seguem pulsando em jogos importantes, mostrando ao Brasil a força e a paixão da torcida bicolor.