Papão, vítima de si mesmo
Time valente, é verdade. Mas a insegurança e a ansiedade agravam as limitações físicas e técnicas e comprometem as articulações táticas. Ontem, mais uma vez, o Paysandu lutou em vão e sofreu a sexta derrota em 10 rodadas, mantendo-se na lanterna do campeonato.
Foi um jogo muito intenso, ditado mais pelos erros do que pelos acertos. O Criciúma errou menos e executou melhor aquilo a que se propôs. Por isso, levou os três pontos (1 x 0) e deixou mais uma grande frustração para os bicolores. Além da derrota, mais quatro contundidos (Matheus Nogueira, Quintana, Maurício Antônio e Kevyn) e muita pressão sobre os dirigentes bicolores. Nessa crise, o Papão é vítima de si mesmo, por um planejamento mal elaborado, erros graves nas contratações e outros pecados.
O desafio de Marcos Braz no Leão
Marcos Braz recebe de Sérgio Papelim um Remo em clima harmonioso, produto de uma gestão aglutinadora. A primeira obrigação de Braz é manter a harmonia no Baenão com as habilidades de um líder discreto. Para isso, talvez precise se adaptar.
Depois do sucesso no Flamengo, Braz fez investidas sem êxito por espaço em outros grandes clubes do Sul e Sudeste. O Remo é sua chance de reinserção, sob a condição de que dê muito certo no clube azulino. E, para o Remo, Braz pode ser um impulsionador de crescimento. Se der certo, todos ganham. Se não funcionar bem, o Remo trocará facilmente de executivo, mas Braz dificilmente abrirá outra porta importante no mercado. Cabe à direção do Remo observar e avaliar, na rotina do Baenão, os efeitos dessa troca de executivo.
BAIXINHAS
- Quando o Remo chamou Sérgio Papelim, o Fortaleza facilitou sua saída. Um ano e meio depois, chamou-o de volta para restabelecer a ponte da harmonia entre o técnico Juan Pablo Vojvoda e o elenco. Isso mostra bem o valor de um aglutinador.
- Felipe Vizeu pode dar a volta por cima no Remo? Sim, é possível, embora não seja provável. É inteligente nas funções táticas, mas a produção com a bola tem sido pífia, sobretudo nas finalizações. A troca da camisa 33 pela 9 é lorota. O problema do atacante está muito longe de ser o número da camisa.
- A biometria facial, que deveria ter sido um golaço do Paysandu na noite de ontem, virou "gol contra" ao produzir mais problemas do que soluções. O sistema não foi testado devidamente, apresentou falhas graves e provocou grandes transtornos. Nada, porém, que não possa ser corrigido para outras ocasiões.
- O Remo enriquece a comissão técnica com a contratação do analista de desempenho Cadu Furtado, profissional que avança na especialização em análise e treinamento de bolas paradas. Já é contratação de Marcos Braz.
- A displicência de Pedro Rocha na cobrança do pênalti resumiu bem o espírito do Remo em Maceió, diante do CRB. A conduta pouco competitiva precisa ser explorada por Daniel Paulista e seus comandados como alerta de perigosa autossuficiência.
- Nas duas derrotas do Leão sob o comando de Daniel Paulista, a perda de pênaltis foi determinante. Adailton perdeu a chance de empatar o Re-Pa e Pedro Rocha deixou de empatar o jogo perdido por 2 x 0 para o CRB. Dois pênaltis muito mal cobrados.