O que acontece na CBF após nova destituição do presidente Ednaldo Rodrigues?
O interino deverá convocar novas eleições para cargos diretivos
A decisão de afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cria um novo vácuo na política da entidade. O vice-presidente Fernando Sarney é quem foi nomeado como interventor.
O interino deverá convocar novas eleições para cargos diretivos. O estatuto mais recente divulgado pela CBF data de 2017 e prevê o afastamento de toda direção quando o presidente é afastado, o que vai no mesmo sentido da decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Já em caso de renúncia, o vice-presidente mais velho (Rubinho Lopes, da Federação do Rio de Janeiro) assumiria. Seria dever dele, então, convocar, em até 30 dias, a Assembleia Geral Eleitoral para a eleição de um novo mandatário, que completa o mandato. Os candidatos poderiam ser apenas os vices, incluindo o interino.
Entretanto, há um entrave para que essa seja a resposta para os próximos passos. A CBF validou junto às federações estaduais uma nova versão do estatuto, em 2024. O documento, porém, não foi publicizado.
Repercutiram reações negativas a como o texto centralizou funções em Ednaldo Rodrigues, esvaziando a funções da diretoria. Também foi motivo de reclamação o não recebimento do texto validado pelas próprias federações. Não se sabe se as regras para caso de afastamento foram mantidas da mesma forma que o documento de 2017.
O mandato de Ednaldo terminaria no fim deste ano. Na gestão, o corpo de vice-presidentes era composto por Antonio Aquino, presidente da Federação do Acre, morto em abril; Hélio Cury (ex-Federação Paranaense), Francisco Novelletto (ex-Federação Gaúcha), Fernando Sarney, Marcus Vicente (ex-Federação do Espírito Santo), Reinaldo Carneiro Bastos (Federação Paulista) e Roberto Góes (licenciado da Federação Amapaense).
Ednaldo, porém, já havia sido reeleito até 2030. Ele foi aclamado por unanimidade por todas as federações e os 40 clubes das séries A e B. Os vices que o acompanhavam foram Leomar de Melo Quintanilha (presidente da Federação Tocantinense), Reinaldo Carneiro Bastos, Rubens Renato Angelotti (Federação Catarinense), Roberto Góes, Ricardo Nonato Macedo de Lima (Federação Baiana), Gustavo Oliveira Vieira (Federação do Espírito Santo), Ednailson Leite Rozenha (Federação Amazonense) e Gustavo Dias Henrique (Federação do Distrito Federal).
Antes de ser destituído da cadeira de presidente da CBF, Ednaldo esteve em Luque, no Paraguai, para participar do 75° Congresso da Fifa. Durante o evento, Ednaldo falou que tem certeza sobre a legitimidade da assinatura de coronel Nunes no documento que o manteve no comando da entidade.
"(Tenho) certeza absoluta, porque foi o diretor jurídico da CBF, que tem total autonomia e respaldo (que acompanhou). Ele (coronel Nunes), com a presença da sua esposa, Dona Rosa, e também da sua filha, que é advogada, o coronel Nunes assinou com toda convicção", contou.
Foi a suspeita sobre a assinatura que levou a pedidos de afastamento, negados pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado, porém, determinou que o TJ-RJ apurasse a suposta fraude.
Sem a possibilidade de uma inspeção judicial, já que Nunes não compareceu à audiência para a qual foi convocado, nem mesmo por videoconferência, o desembargador considerou, então, as demais evidências, como laudos médicos e a perícia que apontou fraude.
Assim, a decisão anula o acordo firmado entre as partes. Na prática, Zefiro retomou outra decisão do TJ-RJ, no primeiro afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência, ao final de 2023.