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Zagueiro do Parazão fala sobre importância da saúde mental para performance de alto rendimento

Diego Fracarolli sofreu com ansiedade durante passagem pelo futebol europeu. Para o OLiberal, o atleta falou sobre a importância de está bem mentalmente para render em campo

Aila Beatriz Inete

No esporte de alto rendimento, o objetivo é atingir a perfeição e apresentar o melhor em uma competição. Pegar a onda perfeita no surfe, dar o melhor salto na ginástica ou apresentar o melhor futebol exige muito treinamento, esforço e tempo de dedicação. E para manter a alta performance, os atletas não podem se preocupar apenas com o físico, mas também com a saúde mental.

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Thaysse trabalhou durante um ano na Federação Paraense de Futebol (FPF) dando suporte aos árbitros, com apoio nas questões de habilidades cognitivas, de foco, memória e suporte emocional. A psicóloga ressalta que um atleta possui muitas demandas, tanto do clube quanto de torcedores, família e outros. Então, é importante que tudo esteja alinhado para que o mental do esportista não fique abalado com a pressão por resultados.

Diego Fracarolli, zagueiro do Santa Rosa, foi diagnosticado com ansiedade durante a passagem pelo futebol europeu. O jogador jogou na Eslováquia e em Malta antes de vir para o Pará. Por lá, o atleta enfrentou crises de ataque de pânico, ansiedade e precisou de suporte médico. 

Longe da família, amigos e sem conhecer ninguém no país, a experiência foi difícil. Antes de viajar, o zagueiro sentiu os primeiros sintomas da ansiedade, coração acelerado, preocupação sem um motivo específico, e precisou ir para o hospital.

“Eu fiquei um ano na Eslováquia e durante esse período tive férias, vim para o Brasil e quando retornei, os sintomas começaram a aparecer mais forte. A gente não acha que é um problema sério, mas quando você vai se dar conta, já está em estágio avançado”, declarou. 

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Por isso, Thaysse afirma que o ideal seria que os clubes, especialmente times grandes como Remo e Paysandu, tivessem pelo menos um profissional da área para um trabalho a longo prazo, pois assim, é possível trabalhar e estabelecer um vínculo com os atletas, importante na psicologia, para ter um resultado melhor. 

“A presença do apoio psicológico no esporte, principalmente no futebol, é muito importante, um divisor de águas. Hoje em dia, a gente tem traçado cada vez mais os componentes que fazem parte de um bom atleta e a gente vê esse lado mental tomando mais espaço”, destacou Thaysse Gomes. 

Mudança na mentalidade 

Em uma comparação com há alguns anos, a psicóloga acredita que há uma mudança significativa na atenção sobre o assunto. Contudo, esse número ainda não é o ideal. 

“Os atletas e os clubes estão mais abertos a falar sobre, agora se esse número é o ideal, a resposta é não. Apesar da gente estar tendo mais espaço, ainda não é o que a gente queria ter. A gente ainda tem preconceito, algumas falas que são problemáticas, no sentido de diminuir a importância da saúde mental. Mas, eu consigo ver que os atletas de maneira geral estão mais conscientes da importância de começar a falar desse assunto”, destacou. 

Com o diagnóstico, Diego também teve uma virada de chave na mentalidade e passou a entender e falar sobre o assunto, inclusive com os clubes e colegas de equipe. 

“Hoje eu não tenho mais vergonha de falar sobre isso, não tenho mais essa questão de achar que os outros vão ter preconceito, porque de repente um colega está na mesma situação e ele pode se sentir envergonhado de falar sobre a situação. Então, quando eu falo sobre o problema, eu posso encorajar uma pessoa a falar sobre o assunto. E aqui no Clube a galera me dá um suporte legal e são bem abertos a essa questão”, pontuou.

Em Malta, o zagueiro teve o apoio do time, que disponibilizou psicóloga e o deixou livre para caso precisasse se afastar de treinos Em comparação com o Brasil, mesmo que a passos lentos, Diego acredita que o assunto está mais presente nos clubes e destaca que sem o equilíbrio mental, não é possível atingir um bom rendimento. 

“Eu fiquei muito feliz por ter essa abertura lá. Mas acho que aqui no Brasil já está melhor. Os próprios dirigentes dos clubes estão começando a se preocupar um pouco mais com a questão da saúde mental dos atletas, porque é fundamental. Hoje eu vejo que a gente se preocupa muito fisicamente para poder estar jogando e esquece um pouco do psicológico. Mas sem a saúde mental, o rendimento dentro de campo não vem, tu não vais conseguir chegar ao nível técnico esperado”, finalizou o zagueiro. 

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