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Raízes paraenses: Royler Gracie relembra origem da família durante seminário em Belém

Filho de Hélio Gracie voltou a Belém depois de quase três décadas para ministrar um seminário de defesa pessoal e se reconectar com as raízes

O Liberal

Na parede à frente do tatame, a imagem de Hélio Gracie observava tudo. A seu lado, a bandeira do Pará — o mesmo estado onde, há mais de um século, começava a história da família que transformaria o jiu-jítsu no Brasil e no mundo. Em frente a esse cenário simbólico, Royler Gracie, filho de Hélio, voltou a Belém depois de quase três décadas para ministrar um seminário de defesa pessoal.

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O encontro aconteceu nesta terça-feira (13), no Cassazum, e reuniu dezenas de praticantes da arte suave, a maioria já graduados com a faixa preta. Sentados no tatame, eles escutaram atentamente cada instrução de Royler, que há 15 anos vive na Califórnia, nos Estados Unidos, e hoje se dedica à missão de difundir o jiu-jítsu como ferramenta de bem-estar e transformação pessoal.

“A última vez que vim aqui foi em 97, eu tinha sido bicampeão mundial”, relembra Royler. “Foi uma época em que estava competindo muito. Estive até no túnel do Conde Koma. Agora, depois de tanto tempo, a gente veio exatamente pra ministrar, pra voltar às raízes. Meu pai Hélio Gracie e o irmão Carlos são daqui, a família é de Belém do Pará, você vê essa cabecinha aqui, é daqui”, brincou, sorrindo.

Os Gracie no Pará

A referência ao Conde Koma não é casual. O japonês Mitsuyo Maeda, que adotou esse nome no Brasil, chegou a Belém por volta de 1920. Foi acolhido por Gastão Gracie, pai de Hélio e Carlos. Como forma de agradecimento, Maeda ensinou jiu-jítsu aos filhos do anfitrião. O gesto mudou para sempre os rumos da arte marcial no Brasil e no mundo.

Hoje, a Gracie Barra — rede criada por membros da família — é a maior organização de academias de jiu-jítsu do mundo, com mais de mil unidades espalhadas pelos cinco continentes. Apesar dessa expansão global, Royler insiste em reforçar o aspecto humano da prática. “Essa vinda é pra fazer a reciclagem, pra fazer as pessoas entenderem que o jiu-jítsu não é só competição. É defesa pessoal, é um bem-estar. Todo cara que entra na porta de uma academia vem buscar isso”, afirmou.

No seminário, não houve demonstrações de força ou encenações para impressionar. O que se viu foi técnica, escuta e troca de experiências entre mestres e alunos. Royler caminhava pelo tatame, corrigindo posturas, explicando movimentos, compartilhando ensinamentos que herdou desde a infância, por vezes interrompendo a entrevista para orientar algum aluno. “Antes tínhamos uma visão deturpada, que era o cara brigador. Hoje a gente vê que educa, que a arte marcial faz você ter hombridade, respeito. Isso eu aprendi de berço”, disse.

Hoje, aos 50 anos, Royler já não compete. Mas continua a viajar pelo mundo. Em suas palestras e seminários, o foco é outro: mostrar que o jiu-jítsu pode ser um caminho para a saúde física e emocional. “Ele aprende a se defender, perde peso, faz ginástica, conhece novas pessoas, desabafa às vezes com uma série de coisas... Isso aqui é muito bom”, concluiu.

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