O golfe em Belém: modalidade famosa nos EUA possui público fiel na Região Metropolitana
Tacadas de golfe em campos paraenses
Tacadas de golfe em campos paraenses
Quem poderia imaginar que na cidade das mangueiras, das torcidas apaixonadas do Remo e Paysandu, se encontraria a pratica do golfe por aqui. Um esporte criado na Escócia medieval, que consiste em colocar uma bola em uma série de buracos cavados no campo. Vence o jogo aquele que acertar mais buracos com o menor número de tacadas.
Com descendência japonesa, o advogado Noriaki Yoshioka, 48 anos, atua como diretor de golfe no Amazon Country Club e é responsável por disseminar a modalidade dentro e fora da instituição esportiva. “O golfe é muito divulgado hoje na televisão, tornou-se esporte olímpico em 2016, as crianças jogam no vídeo game e para conhecer melhor em Belém, basta vir ao clube”, comenta o dirigente.
Noriaki, que se divide entre as funções administrativas e jogador amador de golfe, revela que o clube existe desde 1975 e hoje conta com cerca de 40 sócios que ajudam a manter a estrutura e os campos organizados para as partidas. O local fica a 20 minutos de Belém, no bairro do Tenoné, tem ampla área ao ar livre, é cercado por árvores e grama baixa. Ideal, segundo os golfistas, para iniciar as primeiras tacadas.
Além do contato com o esporte e a natureza, a cada partida se formam novas amizades. Entre os objetivos principais do clube, de acordo com Noriaki, está popularizar a modalidade que é vista como um esporte caro. “Tem se quebrado isso. Os melhores do Brasil, atualmente, saíram de comunidades. Alguns clubes abriram suas portas, as crianças começaram a praticar o esporte e hoje, por exemplo, o número 1 do Brasil no amador veio de uma comunidade”, destaca.
Segundo a revista Golf Digest, existem hoje cerca de 80 milhões de jogadores de golfe no mundo e uma faixa de 30 mil campos prontos para a modalidade, sendo que 50% desses espaços estão situados nos Estados Unidos. Dentro do golfe profissional, os mais renomados atletas são os americanos Dustin Johnson e Tiger Woods. No Brasil o destaque fica para Felipe Navarro, de São Paulo, o primeiro do ranking nacional entre os profissionais.
De acordo com dados da Federação Norte de Golfe (FNG), que é encarregada de organizar eventos e reunir clubes e golfistas dos estados do Pará e Amazonas, hoje são cerca de 200 golfistas de diferentes idades e formações participam das competições e torneios. Os principais campos de golfe da região Norte estão nos municípios de Belém, Marituba, Castanhal, Tomé-Açu e Manaus-AM.
Entre as curiosidades deste esporte está o código de ética e respeito. Segundo Yoshioka, não existem árbitros em partidas amadoras para conferir o número de tacadas. Outro quesito a ser seguido é o código de vestimenta. Os cavalheiros devem usar camiseta com gola (estilo polo) por dentro da calça ou bermuda social. As regras são as mesmas para as damas, no entanto, além da calça e bermuda, é permitido o uso de shorts-saia.
O uso de cintos para ambos é obrigatório, além de meias e sapatos de golfe, que possuem travas para melhor aderência à grama e são impermeáveis. Outro ponto, que no mínimo é bem atípico em outras modalidades esportivas, é a longevidade dos atletas. Afinal não é comum ver jogadores com até 84 anos ativos e competindo com atletas mais jovens de igual para igual.
Noriaki fala da satisfação de praticar o golfe e afirma que é, para ele, uma terapia. “Você tem a semana atribulada de trabalho, você vem para o clube para praticar um esporte que está diretamente ligada a natureza. Te deixa mais relaxado e te renova para mais uma semana de trabalho. É um esporte apaixonante”, finaliza.
O casal capixaba Eduardo e Lú Prata, aventureiro nato, resolveu fazer uma viagem para conhecer e jogar em todos os campos de golfe do país. Eles receberam o apoio da Federação Brasileira de Golfe e o projeto ficou denominado de “Toca pelos 117 campos de golfe do Brasil”.
A epopéia começou no dia 2 de janeiro e tem previsão de término em dezembro deste ano. Eles saíram de Vitória-ES, a bordo de um motorhome, que é equipado com cama, fogão, geladeira e banheiro para garantir a volta pelo Brasil, reduzindo custos.
Eduardo Prata, 68 anos, aposentado, é golfista há 20 e decidiu percorrer os campos do país com objetivo de difundir o esporte. “Como eu gosto de aventura e com essa pandemia não pude mais viajar. Descobri que tem 117 campos de golfe no Brasil, pedi apoio da Confederação e comecei a jogar golfe”, revelou.
Antes de iniciar as aventuras pelo Brasil, o casal já deu a volta ao mundo num tour pelos cinco continentes do planeta jogando golfe, conhecendo pessoas e culturas entre os anos de 2014 a 2017. A primeira fase do Toca no golfe pelas cidades brasileiras, teve início em terras capixabas, depois passou pelos campos do nordeste, nos estados da Bahia, Pernambuco, Paraíba, Ceará e na sequência a região Norte, onde a rota passava pelo Pará e seguia para o Amazonas.
O golfista entusiasta esteve em solo paraense na semana passada e jogou nos campos de Marituba, Castanhal, Tomé-Açu e em Belém. Eduardo disse que no Amazon Country Club foi o 11º campo de golfe que estava jogando. “Hoje estamos aqui, sendo muito bem recebidos pela turma do Amazon, um campo muito bom e desafiador. O bom do golfe é que você é recebido desta maneira, muito bem!” ressalta em agradecimento.
No início desta semana Eduardo e a esposa seguiram em direção ao Amazonas, uma média de 6 dias de viagem até a chegada em Manaus. Um detalhe, para quem não conhece, para chegar lá com o motorhome, o veículo seguirá em cima de uma balsa cruzando o rio Amazonas. Após finalizar as visitas na região norte, Eduardo segue para jogar nos campos do centro-oeste.
(Dinei Souza, estagiário, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)