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Após vencer o aneurisma e o câncer, socióloga supera a depressão por meio da canoagem

Rita de Cássia Viana contou a sua história à equipe de O Liberal

Andre Gomes

Poucas ferramentas são tão eficazes contra a depressão quanto o esporte e a cada nova experiência, a capacidade de transformação que as atividades físicas têm fica mais evidente. Um exemplo disso é a socióloga Rita de Cássia Viana. Depois de superar um aneurisma e um câncer no pâncreas, ela encontrou na canoagem, aos 58 anos, um caminho de saúde e bem-estar.

Em conversa com a equipe de O Liberal, Rita abriu o coração e nos levou ao início desta história, que começou num domingo de Dia dos Pais, em 1999, aos 35 anos. "Acordei passando mal, com muito vômito e dor de cabeça. Fui ao médico e ninguém sabia o que era. Durante uma semana, peregrinei de médico em médico, até que um otorrino falou que podia ser algo de ordem neurológica. Foi então que fui diagnosticada com o aneurisma", revelou.

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Rita foi operada e teve sequelas. A socióloga não tem o movimento superior ou inferior do lado esquerdo dos olhos, apesar de conseguir enxergar, ler e fazer outras atividades. Dois anos depois, ela teve o segundo filho, 16 anos mais novo que o filho mais velho dela.

No entanto, o que era o início da superação, sofreu um balde de água fria. A perda da mãe, há quatro anos, deu início à luta de Rita contra depressão - doença que não é exclusividade dela na família. Pouco depois, ela descobriu o câncer no pâncreas.

"Tinha momentos fortes, que me faziam ficar em casa, não queria sair de casa, só queria ficar deitada. Era difícil", disse emocionada. "Após a perda da minha mãe, meu pai adoeceu e eu comecei a sentir uma dor na 'boca do estômago'. Fui fazer um exame e, para minha surpresa, fui diagnosticada com câncer no pâncreas".

Após todos os exames e vacinas, Rita foi submetida a uma cirurgia onde houve a retirada de metade do pâncreas e do baço. "O processo de recuperação agravou a depressão", contou.

A canoagem

Em casos como o de Rita, a família é essencial para a virada de chave. E foi com o apoio dela que a socióloga descobriu a canoagem como uma parceira fundamental para lutar contra a depressão.

"Depois de um ano do câncer, eu fui convidada pelas minhas irmãs. Minha família sempre me incentivou muito a reagir. Tenho um sobrinho, o Igor Viana, que tem uma base, onde faz canoagem: a Canoa Paidégua. Sempre tive medo de água, mas um dia eu fui. Difícil acordar, quando você tem depressão às 4h, mas fui remar. Todas as vezes que eu chegava na base falavam 'que bom que você chegou tia'", disse Rita com orgulho.

A canoagem vai além de fazer parte da rotina de Rita. O esporte é parte da vida dela. Há um ano na base, agora é Rita quem, por meio de sua experiência, convida outras pessoas para fazer parte desta aventura:

"Acordo três vezes por semana às 4h30 da manhã. Visto minha roupa de remada, chegamos na base, temos o colete, o remo, a gente monta a canoa. É um trabalho coletivo. Meu pai sempre dizia ‘meus filhos, se vocês não remarem para o mesmo lado, a canoa não vai para lugar nenhum’. Remar na canoa Paidégua é isso. É uma família que rema para o mesmo lugar. É um exercício para o meu organismo físico e mental que deu outro sentido para minha vida", concluiu.

Canoa Paidégua

Local: Espaço Náutico Marine Club – ao lado do portão 1 da UFPA

Dias: de terça-feira a sábado.

Horários: 6h, 7h30 e 17h30

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