Conheça o nadador paraense que irá disputar a Surdolimpíadas de Tóquio
Nadador paraense José Ribamar Coelho vai representar o Brasil e o Pará na competição mundial para atletas surdos
O nadador José Ribamar Coelho, de Belém (PA), foi confirmado como representante do Brasil nas Surdolimpíadas de Tóquio, no Japão, que serão realizadas entre os dias 12 e 26 de novembro. O atleta, que treina na Escola Superior de Educação Física (Esef), será o único paraense na competição e carrega o orgulho de representar o Estado e o país em um dos maiores eventos esportivos do mundo voltado para pessoas surdas.
José Ribamar descobriu o gosto pela natação ainda na infância, por incentivo da mãe, que o matriculou em uma escola bilíngue especializada em surdez, o Felipe Maldon, em Belém.
“Minha mãe me colocou na escola Felipe Maldon, e lá tive o primeiro contato com a natação. Comecei a nadar com três anos e fui crescendo dentro do esporte. Entre 13 e 16 anos parei por um tempo, mas voltei com 19 e 20, e desde então não parei mais”, contou o atleta à equipe de O Liberal.
ASSISTA
Hoje, ele conta com o apoio do intérprete de Libras Lucas Martins e do técnico Ítalo Santos, que o acompanha nos treinos e nas competições. José Ribamar contou sobre a superação que é praticar o esporte de alto rendimento em Belém e relatou as dificuldades que enfrentou ao longo da carreira, principalmente para manter a rotina de treinos.
“Foi muito difícil conseguir locais para treinar e apoio para competir. Muitas vezes precisei pedir ajuda, buscar patrocínio, e às vezes me senti desvalorizado por ser surdo. É preciso que haja mais inclusão e igualdade de oportunidades entre atletas surdos e ouvintes”, destacou.
Comunicação e inclusão no esporte
O relacionamento com o técnico é feito com base na oralização e leitura labial, e aos poucos o treinador também tem aprendido Libras para melhorar a comunicação durante os treinos.
“O esporte me ajudou muito a me comunicar com outras pessoas. Mas é fundamental ter profissionais intérpretes de Libras acompanhando os atletas. Isso faz parte da inclusão e é essencial”, explicou.
Orgulho e representatividade
Ser o único atleta surdo do Pará na delegação brasileira é motivo de grande orgulho para José Ribamar, que reforça o papel da representatividade.
“Me sinto muito orgulhoso. Quero mostrar que nós, pessoas surdas, também somos capazes de competir fora do país. Nós também somos atletas olímpicos e podemos representar nossa força”, afirmou.
Sonhos e próximos desafios
Com o foco voltado para as Surdolimpíadas, o atleta já projeta novos objetivos na carreira e sonha em melhorar tempos e, quem sabe, bater recordes.
“Depois do Japão, quero continuar evoluindo, treinando ainda mais. Em 2027 tem outra competição mundial, talvez na Austrália, e em 2029 haverá a Euro Olimpíada em Atenas ou na Croácia. Meu sonho é melhorar meus tempos e, quem sabe, quebrar um recorde mundial”, revelou.
Por que os surdos não participam da Paralimpíada?
José Ribamar também explicou a diferença entre as Surdolimpíadas e as Paralimpíadas.
“A Paralimpíada reúne pessoas com diferentes deficiências, como cegueira ou amputações. Como os surdos têm apenas a perda auditiva, seria uma vantagem competir com outros tipos de deficiência. Por isso existem as Surdolimpíadas, para garantir equilíbrio e justiça nas disputas”, explicou.
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