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Apaixonado por velocidade, paraense acompanha a Fórmula 1 no Brasil há mais de 40 anos

Aos 73 anos, Doval Garcia mantém a tradição de assistir a todos os GPs de F1 no país desde 1982 e relembra vitórias de Piquet, Senna e Massa

Iury Costa

Há 43 anos, o ronco dos motores é a trilha sonora preferida de Doval Garcia, de 73 anos. Paraense de coração e fã incondicional do automobilismo, ele acompanha in loco todos os Grandes Prêmios do Brasil de Fórmula 1 desde 1982, sem ter perdido uma única edição. Neste domingo (8), o apaixonado pela velocidade embarca mais uma vez para São Paulo, onde será realizada a etapa de 2025, no Autódromo de Interlagos.

“Vou para a F1 desde 1982, consecutivamente. Sou apaixonado por tudo que envolve automobilismo, seja Fórmula 1, kart ou qualquer outra categoria”, contou o torcedor, que se prepara para mais um fim de semana de emoção nas arquibancadas.

Garcia lembra com clareza de suas primeiras experiências no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, palco das corridas até 1989. Ele viu de perto duas vitórias do ídolo Nelson Piquet, em 1983 e 1986, e recorda com carinho a rivalidade saudável com Ayrton Senna, que chegou em segundo lugar em ambas as ocasiões.

“No Rio era tudo muito desorganizado, as pessoas saíam da praia de sunga direto pro autódromo. Em São Paulo, tudo mudou, passou a ser mais organizado e glamuroso”, relembra.

A partir de 1990, o GP passou a ser disputado em Interlagos, em São Paulo, onde Garcia presenciou Senna vencer em 1991 e 1993, Rubens Barrichello subir ao pódio em 2004 e Felipe Massa triunfar em 2006 e 2008. “A emoção da torcida com as vitórias do Senna era algo inexplicável”, diz, com brilho nos olhos.

Mesmo sendo fã declarado de Piquet, o paraense admite ter se emocionado com os feitos do eterno tricampeão paulista. “As vitórias do Senna me marcaram, mesmo eu sendo torcedor fanático do Piquet. É impossível não se arrepiar com aquele clima no autódromo”, conta.

Paixão que vem do ronco dos motores

Garcia fala do som dos carros com reverência. Para ele, o barulho dos motores antigos é uma lembrança viva de uma era de ouro da Fórmula 1.

“A emoção é inexplicável, ver os carros colados um no outro a mais de 300 km/h e ouvir o ronco dos motores antigos de 10 e 12 cilindros... não tem igual”, afirma.

O paraense também lembra das dificuldades para acompanhar as corridas nos primeiros anos. Ele viajava de ônibus, pegava caronas e até andava a pé para chegar aos autódromos. “Fui de avião, de ônibus, a pé... o que importava era chegar. Dormi em hotéis simples e até fiquei em rodoviária para não perder o evento. Tudo isso valeu a pena”, lembra, rindo.

Em uma das memórias mais especiais, Garcia esteve presente no jantar dos pilotos no lendário Hotel Intercontinental, no Rio de Janeiro, na década de 1980. “Fui atrás de autógrafos, tirei fotos e vivi momentos únicos. Conheci pessoas incríveis e amigos que levo até hoje”, relembra.

O futuro e o orgulho paraense

Fã de novos talentos, o veterano acredita em Gabriel Bortoleto, principal promessa brasileira na Fórmula 1. “Ele tem futuro, mas não dá pra cobrar demais agora. Vejo um caminho muito bom pra ele numa escuderia de ponta”, aposta.

Além da paixão pela elite do automobilismo, Garcia também acompanha de perto o kart paraense e faz questão de destacar o nome de Mauro Folha, seu piloto favorito na categoria.

“O Mauro Folha é meu piloto preferido no kart paraense. É um talento da nossa terra e um orgulho para o nosso esporte”, diz com orgulho.

Com mais de quatro décadas acompanhando a Fórmula 1 de perto, Garcia Doval se tornou parte da história do evento no Brasil — um paraense que, a cada nova largada, revive a mesma emoção de 1982.

“Cada corrida é como a primeira. A Fórmula 1 faz parte da minha vida.”