Vizinhos do ex-jogador Emerson Sheik relatam à justiça anos de 'sofrimento' com as festas do atleta
Processo contra o ex-jogador corre na justiça de São Paulo; o total de multas não quitadas por Sheik chega a R$ 122 mil
Vizinhos do ex-jogador e atual comentarista do SBT, Emerson Sheik, relataram à justiça de São Paulo os anos de transtornos causados pelas festas promovidas no apartamento dele, localizado em um condomínio nobre da capital paulista. O processo corre na esfera judicial desde o ano passado e, de acordo com os moradores que residem próximo, as festas dele não tinham hora para acabar e aconteceram por vários anos.
Conforme divulgado pela imprensa paulista, o condomínio apresentou vários relatos de vizinhos que acusam Sheik desde o ano de 2017, quando ele e a família passaram a viver no condomínio, desrespeitando normas e causando tumulto. Sucessivas multas foram aplicadas, mas nem todas foram quitadas. Eles reclamam também do tom de 'deboche' do atleta sobre as reclamações.
Segundo os vizinhos, as festas promovidas por Sheik só terminavam com a chegada da polícia. Ele, por sua vez, se defende na própria justiça alegando que o condomínio quer enriquecer às suas custas e que não recebeu as penalidades ou as convocações para as assembléias realizadas no condomínio, que aumentaram o valor das multas em cerca de 10 vezes. A contestação dele foi enviada ao tribunal no mês de junho.
Quando começaram as festas de Emerson Sheik?
Tudo teria começado em outubro de 2017, com os barulhos excessivos fora do horário permitido. Nessa época, Sheik teria infrações de menor dano potencial, como garrafas de vidro abandonadas no estacionamento, que lhe valiam multas de R $716,28. Em agosto do ano seguinte, o ex-jogador promoveu uma festa na madrugada, com a presença de muitos convidados e os vizinhos disseram que alguns deles "utilizavam sapatos de salto alto que percorriam toda a unidade de forma despreocupada, acompanhados de barulhos de conversas, risadas estridentes, gritarias, cantorias, móveis sendo arrastados, além de som alto".
Outro morador, que supostamente reside dois andares abaixo, relatou no livro de ocorrências que "o sr. Emerson se exime de qualquer responsabilidade e finge que não é com ele". Disse ainda que o barulho era "ensurdecedor", com "pessoas correndo de salto para lá e pra cá, coisas sendo derrubadas, móveis infinitamente arrastados, gritos, música alta (...)".
SAIBA MAIS
Mesmo diante do cenário caótico, Sheik não cessou as festas. Ao contrário. Segundo os vizinhos, os eventos seguintes eram realizados até o nascer do dia seguinte. Em sua defesa, Sheik disse no mesmo livro: "Não sou fingido, sou homem! Cuidado com as suas palavras, você precisa aprender a respeitar as pessoas! Vou pedir para as minhas visitas entrarem descalças só para agradar você, tá? Vou pedir para sentar no chão! Ass: Emerson".
Em outro momento, ele teria negado que os convidados estivessem de salto alto e também disse desconhecer qualquer festa, barulho, gritaria ou confusão. Além disso, Sheik disse nutrir boas relações de harmonia com os moradores dos arredores. O episódio gerou uma multa de R $2,9 mil, pagos no mesmo dia. No dia seguinte, ele teria feito outra festa semelhante, causando os mesmos incômodos. A nova observação no livro de ocorrências diz que o seu apartamento "não é uma instituição (Corinthians). Espero que não sejam reclamações de torcedores".
Para a justiça, o condomínio diz que Sheik não respeita o espaço dos moradores e é prepotente em suas colocações. "Como se vê, de forma arrogante e até mesmo bem ignorante, o réu tenta fazer parecer que tais (punições) seriam infundadas e, ainda, provenientes de torcedores de times diversos ao que ele atuava. Todavia, aos condôminos importunados pelas constantes festas e gritarias pouco importava se ele atuava no time do XV de Piracicaba, Corinthians ou Barcelona, uma vez que ali ele nada mais representava do que morador do condomínio e é obrigado a respeitar as regras como qualquer outro".
Em novembro de 2018, o então jogador teria promovido outro encontro no seu apartamento, até que uma das vizinhas disse ter sido obrigada a ir para o hospital, devido uma crise de ansiedade, por estar no terceiro mês de gestação. A mulher teria ido às 4h da madrugada, incomodada com o "desgaste que vinha sofrendo com as constantes festas e perturbações".
Para garantir a prova das acusações, o condomínio anexou documentos ao processo. A festa em questão teria durado até às 5h30 e só parou depois que a Polícia Militar foi chamada para intervir no bagunça. Neste episódio, a multa aplicada foi de R $5,9 mil, não quitada. O total de multas não pagas por ele, segundo o condomínio, chega a R $122 mil.