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Mangueirão: projeto de reforma avança e estádio poderá ficar fechado por dois anos

Estimativa do tempo de obra depende da formulação do projeto, ainda considerado um esboço

Nilson Cortinhas

É inegável que a Copa do Mundo de 2014, à despeito do questionável impacto social e financeiro, inaugurou uma nova era no que diz respeito a estádios de futebol no Brasil. 

Praças esportivas, como o Maracanã e o Mineirão, foram reformuladas de forma significativas. No caso da Fonte Nova, em Salvador, o estádio anterior foi até implodido em função de problemas estruturais, que resultaram em um acidente. Sete pessoas morreram. Os três estádios tem uma coincidência administrativa: são gerenciados pela iniciativa pública, seja por meio do modelo de consórcios, seja por empresas especializadas. 

Como Belém não sediou a Copa do Mundo, o principal estádio do Pará, o Mangueirão, ficou fora do circuito de modernização. Também permaneceu sob posse do poder público. E no momento, há um consenso entre os desportistas do Pará: a necessidade de reformá-lo. O presidente do Remo, Fábio Bentes, inclusive, chamou o Mangueirão de obsoleto e questionou, inclusive, se o estádio poderia sediar jogos da Série B do Brasileirão. "O Mangueirão não cumpre várias exigências. Se os clubes fossem jogar Série B, haveria problemas", garantiu. 

Depois de episódios como a queda de reboco do teto, no início de 2019, discutiu-se o desejo de modernização. Um ano depois, o esboço do projeto avançou no poder público. Está sob análise do governador do Estado, Helder Barbalho, o projeto de revitalização e readequação do Mangueirão, feito pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas (Sedop). A previsão é que o projeto seja finalizado em fevereiro. Em seguida, terá início o processo de licitação e contratação da empresa que executará os serviços.

Entre as melhorias divulgadas, constam novas catracas, cadeiras para arquibancadas, implantação de serviços de drenagem e reutilização da água do gramado, nova pintura, acessibilidade e sinalização para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. "Devemos colocar assentos com encosto em todo o estádio, vai ter redução (de público) por isso, mas vamos ampliar a estrutura das cadeiras e aproximar até a margem da pista de atletismo e dar uma ambiente semelhante ao de Arena, com a torcida mais próxima ao gramado”, comentou o governador do Pará, garantindo também que a pista de atletismo não será retirada.

No esboço do projeto, o Mangueirão, que abriga até 35 mil pessoas, também há adequações e a elaboração de estratégias de redução no tempo de evacuação de torcedores. “A intenção é que dentro dos aconselhamentos feitos pela CBF possamos duplicar as rampas para permitir a evacuação do estádio em segurança, lembrando que o protocolo estabelece oito minutos de saída e as condições atuais são de 28 minutos. Não estão adequadas ao padrão da CBF", comentou Helder Barbalho.

O secretário adjunto da Secretária de Esporte e Lazer (Seel), que é o órgão responsável pela praça esportiva, Victor Borges, assegurou que a reforma é uma prioridade. A reportagem apurou que a previsão inicial é que o estádio fique fechado por aproximadamente dois anos. 

Por enquanto, há o esboço do projeto e, desta forma, é inviável indicar prazos e modificações consistentes. E também não há indicativos de que após a reformas, o poder público faça alguma parceria com a iniciativa privada. Sobre o assunto, a reportagem entrou em contato com o Governo do Estado e, por meio da Seel, obteve a seguinte resposta. "A Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (Seel) informa que não existe nenhum processo de descentralização ou privatização do Estádio Olímpico do Pará, Mangueirão. Desta forma, a administração da praça esportiva continuará com o Governo do Estado".

 

Torcedor 

A opinião do torcedor Ewerton Souza, que frequenta o estádio há quase 20 anos, também paira sobre a necessidade de reformas. "Gosto do estádio pelo que ele significa para o nosso futebol paraense, pelas lembranças que tenho dos jogos e conquistas", disse.

Segundo ele, no entanto, o Mangueirão está velho. "E já vem apresentando problemas na estrutura há anos, muitas rachadura, goteiras, acentos danificados. Culpa do tempo e de torcedores que não cuidam como devíamos, entre outros problemas ao redor do estádio, como as valas, bueiros entupidos que causam o alagamento quando chove", identifica. Até o momento, não foram explicitados melhoras para o entorno do estádio. 

Outra questão, ressaltada por Ewerton, diz respeito a morosidade para entrar na praça esportiva. "Sempre temos dificuldade para entrar, principalmente com as catracas, muitas não conseguem fazer a leitura dos ingressos e isso acaba formando o tumulto. Muita gente para entrar e poucas catracas funcionando. A entrada também deveria ser bem maior", indica.

Segundo ele, enquanto cidadão paraense e consumidor do futebol local, a reforma precisa dar um passo no sentido de expandir conforto e segurança para os diversos públicos. "É necessária sim, o estádio precisa ser atualizado, principalmente na questão de acessibilidade para os torcedores que portam alguma necessidade física".

 

Reforma 
A última reforma do estádio data de 2000, feita pelo Governo do Estado. Foram dois anos de obras. Naquela oportunidade, o estádio agregou o complemento de arquibancada, ampliou e readequou espaços, além da inauguração da pista de atletismo, que impactou no nome do estádio. Antes, era o Estádio Estadual Jornalista Edgar Proença e ficou conhecido por Estádio Olímpico do Pará, popularmente, chamado de Mangueirão. 

A construção do Mangueirão iniciou na década de 70, sendo concluído em 1978. O estádio já abrigou inesquecíveis clássicos Re-Pa, além dos jogos do Papão na Libertadores da América, bem como quatro jogos da seleção brasileira. Também foi palco de grand prix de atletismo.    

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