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Futebol segue sendo a modalidade que mais registra casos de discriminação racial no Brasil

Em 2021 foram registrados 74 casos de racismo, sendo 64 no Brasil e 10 no exterior, envolvendo atletas brasileiros

Aila Beatriz Inete

O futebol segue sendo o esporte que mais registra casos de discriminação racial no Brasil, segundo o relatório de 2021 do Observatório da Discriminação Racial no Futebol. De acordo com os dados da pesquisa, no ano passado, foram registrados um total de 74 casos de racismo, sendo 64 aqui no país e 10 no exterior, envolvendo atletas brasileiros. 

Os dados do relatório são levantados a partir da repercussão dos casos nas mídias brasileira e internacional. No que diz respeito aos locais em que ocorreram, dos 64 registros de discriminação racial no futebol do Brasil, 37 ocorreram em estádios/arenas, 14 no ambiente virtual e 13 em outros espaços. 

Em 2020, no futebol, foram 31 casos no Brasil. Este ano, foram registrados 158 casos de discriminações e preconceitos (machismo, xenofobia e LGBTfobia) no Brasil e no exterior (com atletas brasileiros). 

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O relatório destacou que, de 2016 a 2019, os registros de discriminação racial no esporte só aumentaram. No último ano, entretanto, foi registrada uma queda de ocorrências, que pode ser explicada pelo fato de que as competições vivenciaram um momento atípico por conta da pandemia da covid-19: os estádios não tinham públicos, torneios cancelados, dentre outros.

Com o retorno gradual à normalidade, os números voltaram a subir em 2021. “Mesmo tendo ocorrido sem a presença do público em boa parte dele, bastou o retorno dos torcedores aos eventos esportivos para evidenciarmos como um ano que igualou o número recorde de discriminação e preconceito no esporte brasileiro, que foi 2019, com 158 registros. Em relação ao ano anterior, 2020 foi um aumento de 97,5%”, apontou o relatório. 

O relatório foi apresentado oficial nesta quarta-feira (24) durante o seminário de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, organizado pela primeira vez pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). 

Marcelo Carvalho, idealizador do Observatório, avaliou que os números altos deste ano é, também, por conta de uma maior conscientização da população e dos atletas.

“Na mesma medida em que esse número é alarmante, porque é elevado, ele também mostra que as pessoas, que antes silenciavam, agora estão denunciando mais. Que a mídia também está divulgando mais e, nesse sentido, isso é positivo”, destacou Marcelo Carvalho.

Para combater o racismo, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, afirmou que vai sugerir  ao Conselho Técnico do Campeonato Brasileiro do próximo ano a perda de pontos a clubes que se envolverem em casos de discriminação racial. Segundo ele, a proposta será de perda de, pelo menos um ponto.  

(Aila Beatriz Inete, estagiária, sob supervisão de Pedro Cruz, coordenador do Núcleo de Esportes)

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