Formigas da Bola: projeto incentiva formação esportiva e profissional de jogadoras paraenses
Esmac se torna potência no futebol feminino unindo educação com performance em campo
A atual hexacampeã do futebol feminino no Pará e única representante do estado no Brasileirão A2, a Esmac estreia no torneio nacional neste sábado (15). O adversário é o São Raimundo-RR, no estádio do Modelão, em Castanhal, às 15h. Mas a batalha até a elite do futebol feminino no país é complexa, com percalços e dificuldades enormes inerentes a uma modalidade ainda pouco valorizada no país. Porém, no Pará, um projeto tenta mudar essa realidade. Por isso, o Formigas da Bola desta semana mostra como o esporte pode ser uma ferramenta de transformação social.
O projeto concilia performance esportiva e educação. A ideia é descobrir talentos para o futebol feminino desde a juventude, investindo tanto na formação como atleta até a profissional.
“Todas as nossas atletas estudam nas quatro escolas da rede Madre Celeste, mais a faculdade Esmac. Todas elas têm bolsa de estudo. Temos uma casa que é mantida pela instituição. É o mínimo para elas, mas, com relação às outras equipes do nosso estado, acho que estamos muito à frente”, explicou o técnico do time, Mercy Nunes.
Uma das expoentes do projeto é a volante Lora Capanema. Referência no futebol feminino paraense por seu desempenho em campo, ela tem garantido o futuro quando aposentar as chuteiras. Além de concluir graduação em Educação Física, hoje é professora da própria instituição. O desafio atual é conciliar os compromissos.
“Às vezes a gente dá aula e mal dá tempo de chegar em casa e comer direito. Faço isso às terças e quintas, que são os dias de treino no Ceju dou aula. Apesar de tudo, sou muito grata a tudo para que a gente possa ter uma vida profissional”, salientou.
DIFICULDADES Cássia Moura já jogou na Seleção Brasileira Sub-20 (Sidney Oliveira)
A atacante Cássia Moura já passou por Remo e Paysandu e também é campeã pela Seleção Brasileira sub-20. A chegada até a ‘amarelinha’ ajudou na carreira, mas a falta de incentivo ao esporte, como um todo, faz com que tenha que buscar renda fora do futebol.
“Abriram diversas portas, mas estava passando por alguns problemas familiares e, por isso, deixei de ir [à Seleção], porque, infelizmente, não temos o apoio. Às vezes temos que dividir o tempo entre vir treinar ou fazer uma faxina para ganhar R$50 ou R$60 para comprar comida”, afirmou Cássia.
BRASILEIRO A2
Neste final de semana a Esmac inicia sua campanha no Brasileiro A2. A meta traçada para a temporada é chegar ao menos até a semifinal do torneio e, assim, garantir o acesso a divisão de elite do Brasil.
“O nosso objetivo desse ano é chegar na fase final, que as quatro equipes sobem para Série A1 do Brasileirão. Embora nossa estreia seja em Castanhal, estamos nos preparando para ter a nossa própria praça esportiva”, contou Mercy Nunes.
SEM CASA
Atualmente, a equipe treina no Centro Esportivo da Juventude (Ceju), espaço anexo ao Mangueirão. Os jogos eram disputados no estádio, mas, desde o início da reforma, em fevereiro, a Esmac ficou sem ter onde mandar seus jogos em Belém. Lora Soure durante treino no Ceju (Sidney Oliveira)
Remo, Paysandu e Tuna não aceitaram ceder seus estádios e a alternativa foi levar as partidas do Brasileiro para o Modelão, em Castanhal, distante 75 km da capital paraense.
“A gente foi atrás de campo e o único que cedeu para a gente foi Castanhal. Ficamos tristes porque têm clubes grandes aqui do Pará, em Belém, e não cederam”, lamentou Lora Capanema.
A série Formigas da Bola, nesses cinco episódios debateu e denunciou os problemas históricos relacionados a modalidade aqui no estado. Porém, ainda tem muita coisa para ser mostrada sobre o assunto, como atletas paraenses que já disputaram Libertadores e as que foram para fora do país em busca do sonho.
Voltaremos em breve com a segunda temporada de Formigas da Bola!