Enquanto mantêm sonho da profissionalização, atletas do futebol de base buscam ajudar famílias
Atletas solicitaram auxílio emergencial para ajudar em casa
Os quase três meses sem futebol no Pará deixaram a maioria dos jogadores profissionais em condições complicadas. Ainda mais difícil é a situação de atletas das categorias de base, que perderam a ajuda financeira que recebiam. São os casos do goleiro Muralha e Rafinha, ambos do sub-20 do Sport Belém, que precisam se virar para ajudar as suas famílias, neste período sem futebol.
MURALHA
O goleiro Leandro Alves Costa, o Muralha, de 19 anos é morador do bairro Águas Brancas, em Ananindeua, e está desde 2016 no Sport Belém - também passou pela Desportiva Paraense. A mãe é doméstica e o pai, ajudante de carga. Ele contou à equipe de esportes de O Liberal sobre o que mudou dentro depois do início da pandemia, causada pela covid-19.
"Por ser atleta da base, eu tinha uma ajuda de custo e mais um suporte, caso precisasse de algo. Isso já contribuía um pouco em casa. Com a pandemia, essa ajuda de custo acabou e, com certeza, já faz falta", relatou. Segundo Muralha, ele realiza bicos - quando o pai consegue - para ajudar em casa e aliviar as dificuldades da família.
RAFINHA
Já Rafael da Costa Alexandrino, o Rafinha, tem 18 anos e é morador do bairro Cabanagem, está em sua segunda passagem pelo clube, após jogar por Tapajós, Paraense e Tuna Luso. Rafinha também revelou como é a realidade onde vive.
"Moro com meu pai e meu irmão. Meu pai é repositor de mercadorias nos supermercados, meu irmão é fisioterapeuta recém-formado e atualmente nossa condição financeira é mediana. Graças a Deus conseguimos nos manter, não nos falta comida na mesa."
NAS ESTATÍSTICAS
O goleiro Muralha contou que ele e o pai solicitaram o auxílio emergencial, para a família poder passar por este período. No entanto, desde o início das inscrições, ambos os pedidos estão em análise.
Com isso, Muralha e o pai fazem parte dos mais de 10 milhões de pessoas que ainda não conseguiram receber a ajuda financeira - mesmo após três meses depois do início da pandemia -, de acordo com a Caixa Econômica. Ao contrário de Rafinha, que teve o pedido aprovado.
OBSTÁCULOS
Por fim, ambos os jovens afirmam entender a importância da paralisação do futebol, pelas questões de saúde e segurança dos atletas. Mas o meia e o goleiro reconhecem que a parada prejudicou o desenvolvimento deles e a luta pelo sonho de, um dia, se tornarem profissionais.
"A pandemia atrapalhou e muito a minha caminhada. Tenho 18 anos, e essa é uma idade decisiva para um jovem atleta. As categorias de base de um clube é um fator determinante na carreira do jogador. Mas eu sigo com pensamento positivo que logo a prática de futebol seja permitida", avaliou Rafinha.
"Uma vez que todos temos o desejo de se tornar um jogador profissional, e com tudo parado, o tempo vai passando. A idade também já não ajuda muito e com os treinos e jogos parados, o sonho vai se tornando cada vez mais distante", completou Muralha.