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Copa do Mundo 2022: Da 'pelada' ao profissional, o futebol é a paixão dos paraenses

Em tempos de Copa do Mundo, times se mantém fiéis ao universo raiz da Pelada, que movimenta um vasto circuito de clubes por toda Região Metropolitana de Belém

Luiz Guilherme Ramos

Quando não está de olho nos atacantes, o goleiro Rafael costuma ver a vida das alturas. Do alto das torres de telecomunicações, ofício que há anos garante o sustento dele e da família, o instalador de 40 anos aguarda o final de semana para ocupar-se de outra paixão, junto aos companheiros do Paulo Cícero, time de pelada nascido no bairro do Guamá, há 12 anos, que em tempos de Copa do Mundo, mantém firme o calendário de jogos, enquanto a seleção canarinho não entra em campo em busca do hexa. 

Veja um dia de jogo de 'futebol raiz'

 

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"Desde moleque a gente brinca, joga na rua, nos campos de bairro. E nisso eu sempre joguei na linha, mas um dia eu vi o Dida agarrando pelo Corinthians e Seleção, e me apaixonei. Fiquei com isso na cabeça, querendo ser igual ele, mas na pelada eu nunca fui goleiro, sempre joguei na linha. Meus amigos até brincam comigo. 'Tu vai deixar de fazer gol para tomar gol'. Eles não acreditavam, mas eu disse que iria tentar. Se não desse, pelo menos eu fui atrás. Graças a Deus deu certo por um tempo, fui profissional por alguns anos e hoje sigo na linha", explica. 

Com a aproximação da Copa do Mundo, o futebol pelada deve sofrer algumas interrupções por conta dos jogos, talvez a única razão para que o compromisso do final de semana seja revisto, em nome da mesma paixão, que entra em campo no Qatar, a partir do dia 24. "Chega na época de Copa do Mundo, Libertadores, a gente já não joga. Não marcamos jogos, porque torcer pelo Brasil é mais importante, né? Houve recentemente a final da Libertadores, onde também não jogamos, mas reunimos o grupo para ver o jogo. Tem que separar bem as coisas", garante o presidente. 

Brincadeiras à parte, o universo peladeiro segue com força e mantém viva uma tradição muito peculiar do brasileiro, tornando o esporte um hábito muito mais familiar do que qualquer outra atividade, incluindo a escalada em torres com 70, 80 metros de altura. "Sabendo trabalhar os dois, a gente consegue bons resultados. Nos dois casos é preciso se colocar no lugar certo, saber o posicionamento correto para evitar o pior, mas no geral o futebol é mais fácil", alerta Rafael, com toda razão. 

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