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Barcemonas: conheça o time de Ananindeua 100% LGBTQIA+

O destaque do time é Murilo Pinheiro de 25 anos, que é homossexual

Beatriz Reis

A diversidade está presente em todos os lugares da sociedade e no meio esportivo não seria diferente, embora torcedores e atletas, principalmente do futebol, tenham medo de falar abertamente sobre a sua orientação sexual. Mesmo com campanhas realizadas pelo Governo do Estado na época e pelas torcidas da dupla Re-Pa, ainda é possível ouvir cantos homofóbicos e preconceituosos pelas arquibancadas. Com a difícil aceitação por parte da torcida e de alguns clubes de futebol, há quem desista da carreira.

No entanto, há iniciativas que abraçam a causa. Na cidade de Ananindeua, Região Metropolitana de Belém, há um time LGBTQIA+ criado há 10 anos: o Barcemonas, onde Murilo Pinheiro de 25 anos, que é homossexual, atua como atacante da equipe.

“Gosto de futebol desde de criança mas não me encaixava nos times héteros, sempre jogavam piadinhas desagradáveis tipo ‘futebol não e pra gay’, ‘vai brincar de boneca mocinha’, mas nunca desistir porque gosto muito de futebol. Com o passar do tempo que comecei a jogar campeonato masculinos no meio de héteros mas ainda sim sofria preconceito das torcidas adversárias dizendo ‘tira esse gay daí’. Era mais difícil quando eu fazia gol. Foi ai que conheci o time das Barcemonas, onde me receberam de braços abertos”, afirmou.

Murilo revelou que recebeu apoio familiar desde o momento que contou para sua mãe sobre sua sexualidade e do desejo de jogar futebol. “Quanto à família não tenho o que falar sobre eles. Deus me colocou em uma família muito abençoada que me ama pelo que eu sou. Tenho uma tia que é minha expiração no futebol, o nome dela é Iranilce mais conhecida como Irá. Ela que meu deu mais força pra continuar a jogar e mostrar meu futebol”, confessou.

Em relação as piadas e comentários maldosos que ouve durante as partidas, Murilo revela que tira por menos.

“Para mim pessoas que fazem isso são as que mais sofrem na vida. E as gracinhas eu respondo em campo, faço minhas gracinhas tipo ‘tá nervoso? Tu que lute’”, comentou rindo.

Sobre o clube Barcemonas, o presidente da equipe revela que ideia surgiu pelo amor ao futebol que os integrantes possuem. “Acompanhávamos muitos times femininos jogarem e uma vez decidimos reunir só amigos homossexuais para realizar uma partida, e aí fomos marcando cada vez mais até que decidimos se consolidar como um time de futebol gay. O time surgiu em 05/04/2010 com o nome de Malukinhas escolhido aleatoriamente”, disse, seguindo “Veio uma brincadeira de amigos, em 2013 e houve a necessidade de criar um nome para a equipe com características de um time gay, daí veio a inspiração do Barcelona da Espanha na época de Ronaldinho Gaúcho, então surgiu o Barcemonas Futebol gay”, falou Leivy Sousa presidente do time.

Para fazer parte do time, Leivy fala o que a atleta precisa ter. “Primeiramente ser um LGBT! Segundo ter a responsabilidade de lutar pela causa dentro de campo, pois levantar nossa bandeira não é tarefa fácil, ainda mais dentro de um esporte tão machista. E entrando em contato pelas redes sociais”, concluiu.

Torcida levanta bandeira LGBTQIA+

Um caso bastante lembrado ocorreu em 2017 quando os integrantes da Banda Alma Celeste levantaram uma bandeira LGBTQIA+ no meio da arquibancada do estádio do Mangueirão, a pedido do Governo do Estado na época. O fato gerou alguns elogios de torcedores e uma onda de críticas, provocações e ameaças.

Entretanto, antes desse fato, o próprio Governo do Estado realizou uma ação de marketing na final do Campeonato Paraense de futebol, com os jogadores dos dois time entrando em campo com uma camisa que pedia respeito à diversidade. As animadoras de torcidas desfilaram uma bandeira do orgulho LGBTQIA+ de nove metros quadrados.

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