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Após investimento milionário e obras incompletas, realidade do Centro da Juventude é de insegurança e precariedade

Acidente quase resultou em tragédia durante Re-Pa do Parazão Feminino

Andre Gomes

Em 2014, o Centro Esportivo da Juventude (CEJU) - de responsabilidade da Federação Paraense de Futebol (FPF) - passou por uma grande obra de ampliação, com o objetivo de atender as categorias de base, futebol feminino e projetos sociais. Mas a realidade atual é de um lugar com inúmeras falhas de estrutura que colocam em risco os diversos profissionais que trabalham no local - jogadores, funcionários dos clubes e da imprensa.

Histórico

O investimento feito no CEJU há pouco mais de quatro anos, orçado em R$ 4,4 milhões (nos valores da época) foi realizado pela FIFA, entidade que regula os torneios de futebol pelo mundo. Na época, o então representante da FPF nas obras, Fernando Castro, comemorou a iniciativa inédita, que construiu quatro campos de futebol pela primeira vez em uma mesma área.

Porém, se por um lado, o espaço sedia diversas competições e projetos sociais, como era a intenção, também é verdade que ele peca pela não conclusão da reforma. Valas no entorno do gramado, que podem resultar em acidentes, vestiário com porta quebrada, horários das partidas - por causa do intenso calor -, setor de imprensa precário e banheiros são alguns dos problemas que podem ser notados em uma visita ao espaço, como a reportagem fez.

Quase uma tragédia

A falta de estrutura adequada quase resultou em uma tragédia na semana passada. Durante o Re-Pa feminino que marcava a abertura do Parazão da categoria, um repórter cinematográfico caiu de uma altura de cinco metros, enquanto trabalhava na partida. Para conseguir gravar a partida, os profissionais que utilizam câmeras precisam ficar em uma marquise (logo acima dos vestiários), que não possui nenhuma forma de proteção para evitar acidentes.

Uma testemunha, que não quis se identificar, comentou sobre o momento: "O jogo já tinha começado, de repente ouvimos um barulho de ferro. Quando olhei para trás, ele tava caído. Veio ele e todo o equipamento dele. Não sei o que aconteceu, se tropeçou. Na verdade, não sei se as pessoas que estavam lá em cima viram, porque foi muito rápido", relatou.

Muitas perguntas, poucas respostas

Em agosto deste ano, o Governo do Pará apresentou um projeto de reforma do Estádio Mangueirão, orçado em mais de R$ 155 milhões. A ideia é que as obras, que além de melhorar a estrutura, aumentará a capacidade da praça esportiva, tenham início em novembro deste ano e a reinauguração ocorra em julho de 2022.

A reportagem de O Liberal entrou em contato com a FPF, comandada pelo presidente Adélcio Torres. Questionado se o CEJU seria contemplado na reforma do Mangueirão ou se a própria Federação tem planos para realizar melhorias no local, Adélcio afirmou: "Não. Estamos aguardando a segunda etapa da reforma que fomos contemplados pela FIFA". O gestor do CEJU, Raimundo Feliz, também foi procurado, mas até o final desta edição, não respondeu às tentativas de contato.

Vale lembrar que em 2014, ano das obras no CEJU, a Copa do Mundo realizada no Brasil pela FIFA (que se autointitula uma organização sem fins lucrativos) teve o torneio até então mais lucrativo: R$ 10,6 bilhões para a entidade. Em 2018, na Rússia, novo recorde nos lucros: R$ 20,6 bilhões. Ainda assim, a entidade ainda não foi capaz de finalizar a reforma do Centro. Enquanto a FPF continua no aguardo pela benevolência da FIFA, profissionais que trabalham no local ainda enfrentam riscos diários, que chegam até mesmo a colocar suas vidas em risco.

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