Principal autoridade médica do governo do Japão defende discussão sobre Olimpíada
'Estamos chegando ao momento em que devemos discutir (a realização) do evento', afirma Shigeru Omi, em uma reunião do Comitê de Saúde do Parlamento japonês
O responsável pelo painel governamental japonês de peritos sobre a pandemia do novo coronavírus defendeu nesta quarta-feira que as autoridades locais "devem discutir" a realização dos Jogos Olímpicos no próximo verão (hemisfério norte), face ao aumento de infecções pela covid-19.
"Estamos chegando ao momento em que devemos discutir (a realização) do evento, tendo em conta a situação do aumento dos contágios e a pressão sobre o sistema de saúde, como fatores mais importantes", afirmou Shigeru Omi, em uma reunião do Comitê de Saúde do Parlamento japonês.
Os Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 foram adiados do ano passado para o período entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021, devido à pandemia da covid-19, enquanto que os Jogos Paralímpicos foram reagendados para acontecer agora entre 24 de agosto e 5 de setembro.
O Japão está enfrentando uma quarta onde de contágios, que levou o governo central a declarar um novo estado de emergência sanitária em Tóquio e em outras três regiões do país, as mais afetadas pelo recrudescimento de infecções e pela ocupação crescente dos leitos de cuidados intensivos para os pacientes em estados mais graves.
O apelo ao diálogo do principal assessor do Poder Executivo japonês sobre o assunto diverge da mensagem oficial do governo do primeiro ministro Yoshihide Suga e do Comitê Organizador de Tóquio-2020, que têm advogado a favor da realização do evento seja qual for a evolução pandêmica.
Shigeru Omi disse ainda que "será tarde" esperar pelas datas previstas para o início dos Jogos para tomar uma decisão sobre a declaração de um novo estado de emergência sanitário, ressaltando, no entanto, que a sua função passa por "pensar a situação da pandemia" e não "tomar uma decisão sobre os Jogos Olímpicos".
Nesse sentido, recomendou ao governo "que pense em vários fatores, tendo em conta a situação dos contágios e do sistema de saúde", realçando que "é responsabilidade do Comitê Organizador dos Jogos e dos outros responsáveis explicar aos cidadãos" a decisão que tomem.
Na sexta-feira passada, as cidades de Tóquio, Kyoto, Osaka e Hyogo foram colocadas em estado de emergência até o dia 11 de maio devido ao aumento do número de infectados e ao aparecimento de novas variantes do SARS-CoV-2, o vírus que provoca a covid-19.
Desde o início da pandemia, este é o terceiro estado de emergência no Japão, que contabiliza um total de cerca de 577 mil infectados pelo novo coronavírus e mais de 10 mil mortes. O fim da presente situação coincide com a visita do alemão Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), ao país.
Nesta quarta-feira, em uma reunião por videoconferência com os organizadores de Tóquio-2020, Bach declarou apoio ao vigente estado de emergência no país. "O COI está totalmente comprometido com as normas de segurança sanitárias que serão feitas para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos", disse o alemão em resposta a Seiko Hashimoto, presidente do Comitê Organizador.
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