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Palmeiras e Fluminense têm mundial? Entenda argumentos dos clubes para serem reconhecidos

Um eventual duelo por vaga na decisão colocaria um clube no caminho do outro pelo sonho de alcançar o topo do pódio

Estadão Conteúdo

Classificados para as quartas de final do Mundial de Clubes, Palmeiras e Fluminense vivem a expectativa de superar Chelsea e Al-Hilal, respectivamente, para se enfrentarem em uma possível semifinal. Um eventual duelo por vaga na decisão colocaria um clube no caminho do outro pelo sonho de alcançar o topo do pódio, mas ambos também dividem uma luta histórica fora de campo: o reconhecimento da Copa Rio como título de caráter mundial pela Fifa.

O que é a Copa Rio e por que ela é considerada um Mundial pelos clubes?

Recentemente, o assunto voltou ao debate após a Fifa divulgar, em material oficial de apoio a jornalistas, que tanto o Palmeiras quanto o Fluminense possuem um título “interconfederações”. O Palmeiras foi campeão ao superar a Juventus na final, em 1951, enquanto o Fluminense venceu o Corinthians na decisão do ano seguinte, em 1952.

A Copa Rio teve apenas duas edições e foi organizada pela antiga Confederação Brasileira de Desportos (CBD), entidade anterior à CBF, em formato semelhante ao Mundial de Seleções. A competição foi idealizada e articulada por Mário Filho, jornalista cujo nome batiza o Maracanã, com apoio logístico e financeiro da Prefeitura do Rio, capital federal naquele momento.

Palmeiras montou dossiê em busca do reconhecimento da Fifa

Em 2006, o Palmeiras elaborou um dossiê com reportagens de jornais da época sobre a Copa Rio e enviou o material à Fifa. Em 2014, o Comitê Executivo da entidade encaminhou ao governo brasileiro a ata da reunião em que manifestou “concordância com o pedido da CBF para reconhecer o torneio entre clubes europeus e sul-americanos vencido pelo Palmeiras em 1951 como o primeiro Campeonato Mundial de Clubes”.

Fluminense seguiu o mesmo caminho em 2021

O Fluminense seguiu iniciativa semelhante em 2021. O clube carioca preparou um dossiê com manchetes e reportagens jornalísticas sobre o título da Copa Rio de 1952 e enviou um documento à Fifa, com apoio da CBF, pedindo a validação do troféu como uma taça de caráter mundial.

Chancela de dirigentes da Fifa e presença de clubes europeus fortalecem argumento

Um dos principais argumentos de Palmeiras e Fluminense é a chancela de dirigentes da Fifa à realização do torneio. Segundo o Instituto Ludopédio, o presidente Jules Rimet concedeu “apoio moral sem restrições” ao projeto, mas destacou que apenas a Copa do Mundo de seleções deveria ser considerada campeonato mundial.

Além disso, figuras como Ottorino Barassi, presidente da Federação Italiana de Futebol, e Sir Stanley Rous, dirigente da Fifa, assumiram a responsabilidade de convencer clubes europeus a participarem da competição. A presença de adversários qualificados também é ressaltada pelos clubes brasileiros na busca pela legitimidade da Copa Rio como Mundial.

Quais clubes participaram da Copa Rio?

A edição de 1951 contou com: Palmeiras, Vasco, Sporting (Portugal), Nacional (Uruguai), Austria FC (Áustria), Juventus (Itália), Nice (França) e Estrela Vermelha (Iugoslávia). O Palmeiras venceu a Juventus por 1 a 0 no primeiro jogo da final e empatou em 2 a 2 no segundo, garantindo o título.

Já a edição de 1952 teve: Fluminense, Corinthians, Áustria Viena (Áustria), Grasshopper (Suíça), Libertad (Paraguai), Peñarol (Uruguai), Saarbrücken (Alemanha) e Sporting (Portugal). O Fluminense venceu o Corinthians por 2 a 0 no primeiro jogo da final e empatou em 2 a 2 no segundo, ficando com a taça.

Fifa não reconhece oficialmente a Copa Rio como Mundial

Apesar dos esforços dos clubes, a Fifa não reconhece oficialmente a Copa Rio como título mundial, pois não foi ela quem organizou o torneio. Em 2024, a entidade publicou uma nova lista de campeões mundiais, da qual ficaram de fora Palmeiras e Fluminense. Apenas clubes que venceram a Copa Intercontinental e o Mundial da Fifa estão incluídos — entre os brasileiros, estão Corinthians, São Paulo, Santos, Grêmio, Flamengo e Internacional.

Jornal da época minimizou o status de Mundial

Na cobertura da época, o jornal Estadão afirmou que o torneio de 1951 “não era nem Mundial, nem dos campeões”. O veículo escreveu: “É aconselhável, além de honesto, que se mude a denominação do certame, mesmo porque, pelo simples exame da relação dos concorrentes, verifica-se que ele não é dos Campeões e muito menos Mundial…”

Apesar disso, o mesmo jornal reconheceu o mérito da conquista palmeirense: “Feito de muito valor, repetimos, mas que, nem por isso, justifica os excessos ridículos que andam por aí, entre os quais, este de mandar a bola do jogo para um museu é, para usarmos de expressão popular, de tirar o chapéu…”