Neymar despacha o Juventude, tira Santos da zona de queda e mostra que já pode voltar à seleção
Jogar na capital paulista fez bem ao Santos, que se reencontrou com a vitória após três tropeços seguidos e deixou a zona de rebaixamento do Brasileirão. Em um MorumBis para quase 38 mil pessoas, o Santos não foi brilhante, levou muitos sustos, mas conseguiu superar o desesperado Juventude por 3 a 1 graças à genialidade de Neymar, autor de dois gols, e pela noite de brilho de Gabriel Brazão.
Neymar, com trancinha e empolgado por entrar em campo em seu quinto jogo seguido - atuou os 90 minutos -, tinha uma motivo extra para brilhar. Integrantes da comissão técnica de Carlo Ancelotti estavam nas tribunas do MorumBis para vê-lo em ação. No fim do mês ocorre convocação para os jogos finais das Eliminatórias, contra Chile (dia 4 de setembro) e Bolívia (dia 9), e o técnico italiano conta com o camisa 10.
E o astro mostrou aos auxiliares de Ancelotti que já está apto para retornar à seleção nacional. Em jogo maluco, com defesas muito expostas, o camisa 10 deixou sua marca em dose dupla e foi o destaque santista em mais uma aparição abaixo do esperado do Santos.
Mais que a apresentação, o resultado era de enorme importância. Por isso a festa ao apito final. O Santos sobe aos 18 pontos, na 15ª colocação, e passará apenas sua sexta rodada fora do descenso. Foram 12 jornadas entre os quatro piores neste Brasileirão. Sem tempo para celebrar, tem o vice-líder Cruzeiro no fim de semana, em Belo Horizonte.
JOGO ABERTO E CHEIO DE OPORTUNIDADES A derrota do Vasco e o empate do Vitória na rodada proporcionaram ao Santos entrar em campo um pouco mais tranquilo na tensa e desgastante luta contra o rebaixamento. Bastava somar ao menos um ponto para sair da degola, algo não muito complicado diante de um oponente em crise, sob direção interina e vindo de seguidos insucessos - seis derrotas seguidas e nenhum gol anotado.
A torcida da capital esbanjava confiança em uma noite com excelente público no MorumBis. Mas pairava no ar um dúvida: quais seriam os companheiros de Neymar? Cléber Xavier optou por preservar o recém-chegado Mayke desde o início, o experiente Gil foi o escolhido para a vaga do machucado João Basso, com o menino Gabriel Bontempo finalmente ganhando oportunidade de titular sob sua direção.
A principal novidade, porém, estava no comando do ataque, com Tiquinho Soares voltando a começar jogos após período na reserva - desde a visita ao Fortaleza, antes da parada para o Mundial de Clubes o centroavante não iniciava um jogo. Ganhou nesta segunda-feira a disputa com Guilherme e Deivid Washington.
Neymar começou a chamar o jogo cedo, com drible e passe de efeito para 'inflamar' a torcida. E logo colocou o goleiro para trabalhar em cobrança de falta. Mas o Juventude era atrevido e surpreendia marcando presença ofensiva em aviso de que não apenas se defenderia. Brazão evitou que o time saísse atrás com três boas intervenções, mas quase entrega ao soltar a bola nos pés de Ênio. O impedimento milimétrico salvou o goleiro. Seria falha grotesca.
A necessidade de somar pontos contra a degola de ambos os times deixou o jogo bastante indefinido, com defesas esburacadas e muita gente no ataque. Parecia uma pelada de amigos na qual todos querem anotar gols e se esquecem de defender. Cléber Xavier perdeu a paciência com apenas 30 minutos e começou a distribuir broncas. Nem a bola na trave de Barreal o acalmou.
Logo depois, o alívio. Neymar novamente tocou para Barreal, que exigiu grande defesa de Ruan Carneiro com uma bomba. O rebote caiu nos pés do camisa 10: 1 a 0 e gritos de "olê, olê, olê, olá, Neymar, Neymar." Porteira aberta... A torcida ainda festejada o primeiro e Barreal ampliou.
O clima ficou quente, com Wilker Ángel e Neymar batendo boca fervorosamente. O venezuelano descontou sua raiva em forma de gol, acertando a cabeçada antes do intervalo para 'recolocar' o Juventude na partida.
Cléber Xavier sabia que precisava fazer algo para melhorar a marcação do Santos e surpreendeu, voltando do descanso escalando o estreante Mayke no meio-campo, com dobra da direita, por onde o Juventude mais aparecia. Viu Brazão fazer dois milagres em menos de três minutos.
O Santos estava afoito e não se encontrava. E cabia ao capitão Neymar tentar ajustar a casa. Ele orientava, pedia calma, discutia com adversários e buscava organizar e aclamar a equipe na base dos toques de bola.
A partida seguiu mostrando o motivo de as equipes estarem na parte de baixo da tabela com futebol bem abaixo do esperado e com o Santos 'pedindo' para levar o empate. Ênio saiu cara a cara e exagerou na cobertura. Neymar recebeu presente do goleiro do outro lado e não aproveitou. Mas se redimiu em pênalti logo depois, definindo o triunfo. FICHA TÉCNICA
SANTOS 3 X 1 JUVENTUDE
SANTOS - Gabriel Brazão; Igor Vinícius (Caballero), Gil, Luan Peres e Souza; João Schmidt (Zé Rafael), Gabriel Bontempo e Neymar; Barreal (Escobar), Rolheiser (Mayke) e Tiquinho Soares (Lucca Meirelles). Técnico: Cléber Xavier.
JUVENTUDE - Ruan Carneiro; Reginaldo, Wilker Angel (Abner), Marcos Paulo e Marcelo Hermes; Caíque (Giraldo), Jadson, Mandaca e Ênio (Marlon); Gabriel Verón (Batalla) e Gilberto (Tagliari). Técnico: Gerson Ramos.
GOLS - Neymar, aos 36, Barreal, aos 39, e Wilker Ángel, aos 46 minutos do primeiro tempo; Neymar, aos 34 do segundo.
CASRTÕES AMARELOS - Marcos Paulo, Caíque e Wilker Ángel (Juventude); Gabriel Bontempo, Neymar e Rolheiser (Santos).
ÁRBITRO - Paulo Cesar Zanovelli da Silva (MG).
RENDA - R$ 2.853.811,25.
PÚBLICO - 37.485 presentes.
LOCAL - MorumBis, em São Paulo.
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