Fair Play Financeiro vai redefinir dívidas e investimentos no futebol, diz presidente da FPF
Modelo discutido entre CBF, federações e clubes deve impor limites de gastos e mudar a dinâmica de endividamento no país
O vice-presidente da CBF e presidente da Federação Paraense de Futebol (FPF), Ricardo Gluck Paul, afirma que o novo modelo de Fair Play Financeiro vai provocar uma virada estrutural no cenário econômico do futebol brasileiro. A mudança, segundo ele, deve reorganizar dívidas, disciplinar investimentos e estabelecer limites de gastos baseados na capacidade real de arrecadação dos clubes.
Gluck Paul presidiu a comissão nacional responsável por estruturar o modelo. Ele explica que o grupo — formado por representantes de 34 clubes e 10 federações — se inspirou no padrão europeu criado há 20 anos pela UEFA, após uma crise que expôs o colapso financeiro de grandes equipes na Europa.
Segundo o dirigente, o Brasil viveu um movimento semelhante, impulsionado por receitas crescentes com SAFs, empresas de apostas e acordos de transmissão. Mesmo assim, o endividamento dos clubes alcançou níveis inéditos. “Nunca entrou tanto dinheiro no futebol brasileiro quanto nos últimos três anos, mas as dívidas também nunca foram tão grandes”, afirma.
O novo sistema prevê controles rígidos, limites de custo de elenco e sanções esportivas em casos graves — como perda de pontos e rebaixamento — além de advertências mais brandas, semelhantes a termos de ajustamento de conduta. Uma agência independente será responsável pela fiscalização.
Gluck Paul acredita que o efeito será perceptível em poucos anos. “Daqui a quatro anos, vamos olhar para trás e enxergar uma mudança real na saúde financeira dos clubes”, diz.
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