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Camisas, ingressos e história: torcedores mostram paixão por Remo e Paysandu

Apaixonados por Remo e Paysandu transformam o amor pelos clubes em acervos com centenas de camisas e itens históricos.

Iury Costa

O Clássico da Amazônia ultrapassa os limites do campo. Mais do que uma rivalidade centenária, é parte da vida de milhões de pessoas que carregam o amor por Remo e Paysandu de geração em geração. Entre esses torcedores estão Benedito França e João Gabriel Moraes, dois colecionadores que mantêm viva a história dos clubes por meio de acervos com centenas de itens.

As vésperas do RE-PA 779, os dois torcedores mostram como o clássico também se faz presente na memória, nas lembranças de família e em coleções que se transformaram em patrimônio pessoal.

Benedito França, engenheiro de 55 anos, é remista desde que nasceu. A paixão, segundo ele, vem de berço.

“A minha relação com o Remo começou, acredito, na barriga da minha mãe. Uma família de 12 filhos, todos remistas. É um amor que vem do berço”, contou.


O hábito de colecionar camisas começou há 10 anos. De lá para cá, o acervo cresceu. “Hoje, tenho cerca de 750 itens, sendo 620 camisas do Clube do Remo. São camisas de jogo, treino, viagem, goleiro e aquecimento. Nossa meta é chegar a 900 peças até o fim de 2025”, revelou.

Entre os itens mais valiosos da coleção, Benedito destaca uma camisa da fornecedora Campeã, usada no fim da década de 1980 e início dos anos 1990. “Ela representa uma fase de ouro do Remo, com jogadores como Birubiro, Aguinaldo, Rei Artur, Lamartini, Ney Solabetão, entre outros”, explicou.

Outro item de destaque é a camisa utilizada pelo goleiro Vinícius no jogo que marcou sua centésima partida pelo Leão. Benedito também compartilha o amor pelo clube com a filha, Ana Gabriela, de 11 anos. “Ela é remista e, se for da vontade dela, vai dar continuidade à coleção”, completou.

Do outro lado do clássico, João Gabriel Moraes de Souza, de 39 anos, é torcedor do Paysandu desde a infância, influenciado pela família. “Meu pai e minha mãe são Paysandu. Desde que me entendo por gente, o clube é onipresente em casa”, contou.

A primeira vez que esteve no estádio foi em 1993, na partida entre Paysandu e Botafogo (RJ), pela Série A do Campeonato Brasileiro. As idas ao Mangueirão, segundo ele, não eram apenas momentos de lazer, mas parte da construção de sua identidade.

O interesse por colecionar itens começou com um gesto da irmã, que guardava ingressos dos jogos.

“Eu sempre quis ter as camisas oficiais, mas na infância não tinha condições. Hoje, busco as camisas que via quando ia ao estádio criança. Elas ajudam a contar a história do Paysandu”, explicou.


O primeiro item da coleção é uma camisa número 2 do Campeonato Brasileiro de 2001, presente da mãe. A peça tem valor sentimental ampliado pelos autógrafos de jogadores campeões da Copa dos Campeões de 2002, título que abriu as portas da Libertadores de 2003 para o clube. “É uma camisa que lembra uma fase memorável”, disse.

Atualmente, João Gabriel possui cerca de 500 itens, entre camisas, ingressos, bonés, chapéus e bandeiras. Só de ingressos são mais de 300, de jogos da Série A, B, C, Libertadores e Copa dos Campeões. A peça mais rara da coleção é uma camisa de 1989, considerada de difícil aquisição.

Para ele, o momento mais marcante como torcedor foi o título da Copa dos Campeões. “Acompanhei todos os jogos no Mangueirão. Foi a melhor fase da história do Paysandu”, destacou.

Seja na arquibancada ou dentro de casa, o clássico entre Remo e Paysandu é mais do que futebol. É memória afetiva, tradição e identidade, passada de geração em geração. No próximo sábado, mais uma vez, o Mangueirão será palco não só de uma disputa esportiva, mas da celebração de uma paixão que atravessa décadas.

 

*(Iury Costa, estagiário de jornalismo sob supervisão de Caio Maia, coordenador do Núcleo de Esportes)