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Círio deve aquecer vendas de itens religiosos

Empresários estão há mais de cinco meses preparando o estoque de suas lojas para a retomada das procissões

Fabrício Queiroz

A aproximação do Círio de Nazaré já é percebida no dia a dia de Belém. Cartazes enfeitam as portas das residências, familiares e amigos se confraternizam durante as peregrinações que ocorrem de casa em casa e o comércio local já se prepara para o aumento das vendas, especialmente de artigos religiosos relacionados à festividade mariana.

A variedade de produtos é grande nas lojas especializadas do ramo. Além das tradicionais fitinhas ou dos objetos em cera, que marcam o pedido e a conquista de uma graça, imagens de Nossa Senhora de Nazaré, mantos, adereços, quadros, itens de decoração e outros objetos tem grande atrativo nessa época.

Às vesperas do Círio, a artesã e empresária Nilza Silva diz que já vem ampliando o estoque de suas duas lojas no bairro de Nazaré há cerca de cinco meses.“Nós trabalhamos as imagens, fazemos os mantos, fazemos tudo minuciosamente. Tem todo um trabalho que a gente vem realizando desde março pra chegar agora em agosto, setembro e no Círio com a loja pronta para atender o cliente”, afirma.

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O empresário explica que os preparativos também são feitos com antecedência no estabelecimento e esse ano vem impulsionados pela expectativa de retomada do Círio. “A produção já está feita, toda organizada pra gente não ter problema de tempo. Normalmente, a nossa programação vem desde o domingo de Páscoa porque não podemos deixar acumular os afazeres. Estamos fazendo uma quantidade bem expressiva de peças porque nesse ano de 2022 a gente espera que a demanda seja bem grande em comparação aos anos de 2020 e 2021, que as vendas foram quase irrisórias”, comenta.

A previsão dos empresários dialoga com a de muitos setores econômicos que veem no Círio de Nazaré uma oportunidade para fazer bons negócios. Só no ano de 2021, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), projetou que US$ 11,8 milhões foram injetados na economia paraense, oriundos de gastos tanto da população local quanto dos turistas brasileiros e estrangeiros.

Para conquistar esse público, Nilza Silva diz que é importante apostar em elevar a qualidade dos produtos. “O nosso carro-chefe são as imagens porque elas são preparadas aqui mesmo. Nós mesmos pintamos, nós fazemos um barroco diferenciado, que resulta na perfeição das imagens, por isso elas tem que ser produzidas desde março”, conta a empresária.

A proposta de diferenciação está presente ainda em outros itens, como as camisas com estampas da Virgem, mas que não fazem referência à arte do cartaz oficial ou em souvenirs diversos, como imãs, chaveiros, canecas, canetas e botons, que costumam ser distribuidos como brindes nas peregrinações ou levados como presentes pelos turistas.

Por sua vez, Pedro Barbosa diz que os objetos de cera tem como principal público-alvo os promesseiros e pessoas idosas, por isso o foco é oferecer produtos com preços mais acessíveis. “A nossa principal matéria-prima é a parafina, que é um derivado do petróleo. Nós acompanhamos essa evolução de altas e baixas e todo mês tem uma variação de valores, mas a gente nunca repassa esses reajustes pro cliente. É sempre o mesmo preço de todos os anos, que vai de R$ 10 reais a R$ 30. São preços que todo mundo e todas as pessoas mais humildes podem pagar”, afirma.

Ainda segundo o empresário, as peças que representam a cabeça e casas estão sempre as mais procuradas. No contexto pós-pandêmico, ele conta que também aumentou a procura por pulmões e coração, no entanto, a fábrica está preparada para atender outras solicitações. “Atendemos também pedidos mais exóticos, algo diferente que não tem no portfólio. A gente nunca deixa ninguém pra trás. Damos sempre um jeito de materializar na cera o que a pessoa precisa para poder pagar sua promessa”, garante.

Embora este seja o período mais representativo para as vendas no segmento dos itens religiosos católicos, a procura por objetos sacros é constante, declara a empresária Nilza Silva. “Nós trabalhamos com Nossa Senhora de Nazaré o ano inteiro. Não tem um dia na loja que a gente não venda uma imagem de Nossa Senhora, não importa o tamanho. Tem peças de 5cm a até 1 metro”, afirma ela, que frisa a satisfação de poder trabalhar diretamente com a devoção de milhões de fiéis. “É muito gratificante porque as pessoas vem aqui demonstrar a sua fé. Isso é muito forte na questão de que elas vem e querem levar alguma coisa, que na verdade é um símbolo de fé”, destaca.

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