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Demanda por MDF cresce, mas pequenas empresas lutam por espaço em Belém

Apesar do bom fluxo de serviços, pequenos marceneiros relatam dificuldades para competir com grandes empresas que dominam o mercado

Fabyo Cruz

O setor de móveis planejados em MDF segue aquecido em Belém, impulsionado pela busca crescente por soluções personalizadas e funcionais dentro de casas e apartamentos. Mas, apesar do bom fluxo de serviços, pequenos marceneiros relatam dificuldades para competir com grandes empresas que dominam o mercado e conseguem oferecer facilidades que eles não têm.

Com 40 anos de experiência, Jurandir Barbosa, 70 anos, morador do bairro da Pedreira, conta que o movimento de encomendas é estável e aumenta a partir do meio do ano. “Recebo em média três encomendas por mês. O valor é relativo, depende do trabalho”, diz. Ele destaca que a demanda segue forte na capital. “Em Belém, esse mercado é muito aquecido. Tem muitas marcenarias — e ainda precisa ter mais”, completou.

No Bairro Sideral, Raimundo de Freitas Filho, 50 anos, há dez anos no segmento, relata que o trabalho é constante. “Aqui em Belém não falta cliente para a gente, não. Graças a Deus tem bastante serviço”, afirma. Segundo ele, a quantidade de entregas varia conforme o tamanho dos projetos. “Tem mês que a gente entrega dois, tem mês que entrega um. Depende: se é vários ambientes, demora mais; se é um ambiente só, sai mais rápido”.

Ele também destaca o apoio mútuo entre os profissionais da cidade. “Às vezes eu passo serviço para outro amigo porque não dá pra gente fazer. E eles também fazem isso. Um ajuda o outro”, destaca.

Na Terra Firme, Charles Moreira, 39 anos, trabalha há 20 anos na marcenaria — ofício que aprendeu com o pai. “Meu pai sempre fez marcenaria. Desde moleque eu sempre trabalhei com ele”, conta. Para quem trabalha de forma autônoma, a variação mensal é grande. “Quando tá bom de encomenda, tem oito. Quando não tá, é uma”. Ele afirma que a renda pode chegar a R$ 5 mil, dependendo do tamanho e dos materiais de cada projeto.

Entre os serviços mais procurados, ele cita: “Armário de cozinha e guarda-roupa. Esses são os mais pedidos”. Os meses de maior demanda, segundo ele, são março, setembro e o período de setembro a dezembro. A concorrência com as grandes redes, porém, é um obstáculo. “As lojas grandes parcelam, facilitam para o cliente. Elas têm capital. Nós, pequenos, não temos essa facilidade. A gente perde muito por causa disso”, relata.

Charles afirma que políticas públicas insuficientes também dificultam o crescimento dos pequenos negócios. “Falam que o MEI ajuda, mas quando a gente vai atrás, tudo é pago. A gente fica para trás”. Ele acrescenta que os clientes de MDF vêm, em maior parte, de áreas centrais. “O MDF vende mais nas partes centrais da cidade. Aqui na Baixada o pessoal prefere madeira, por causa da molhadeira”, afirmou.

Os pedidos que ele atende se espalham por diferentes regiões. “Augusto Montenegro, BR, Bengui, Sideral… Vários cantos da cidade”, diz. Segundo Charles, o valor do frete já costuma vir incluído no orçamento. “Quando a gente faz o orçamento, já tá tudo incluso: frete, entrega, tudo. Só se o cliente disser que vai buscar”.