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Vinte e nove por cento dos brasileiros tem cinco ou mais cartões de crédito

Paraense usa cartão de crédito, muitas vezes, para compartilhar com amigos e familiares

Natália Mello

Uma pesquisa realizada pelo Serasa eCredaponta que 29% dos brasileiros tem cinco ou mais cartões de crédito, um percentual que acende um sinal de alerta sobre o descontrole, muitas vezes, das finanças pessoais das famílias. O economista Rosivaldo Batista aponta que, pela facilidade de obtenção e utilização, o objeto é usado como principal instrumento financeiro do país, e que o consumidor precisa, ainda, buscar o equilíbrio para evitar despesas desnecessárias e que comprometam a renda mensal.

No levantamento, 18% dos entrevistados afirmaram ter quatro cartões e apenas 9% dos entrevistados usam apenas um cartão de crédito. Entre os entrevistados, 23% dizem ter três cartões e 21% afirmam ter dois. O principal ponto para evitar o uso descontrolado dos cartões, de acordo com Rosivaldo Batista, é fazer um orçamento doméstico e identificar com o que a família está gastando o dinheiro recebido.

“Precisa identificar os bens necessários e os supérfluos para adotar uma postura do consumo consciente. Ao fazer o orçamento, identificar se está numa situação onde as receitas são maiores que as despesas, ou a situação deficitária, onde as despesas são superiores às receitas. Neste caso, é preciso adotar uma atitude para sair do desequilíbrio financeiro. Provavelmente o cartão de crédito em excesso tenha levado ao endividamento excessivo, comprometendo sua saúde financeira e muitas vezes psicológica”, declarou o economista.

O levantamento revela ainda que, para um terço dos entrevistados, as compras consideradas mais importantes são as de supermercado e alimentação, que representam 34% das respostas. Outros 15% dos entrevistados usam o cartão para pagar contas em farmácias e 14% para a compra de eletrodomésticos. As demais despesas pagas com o cartão são roupas (11%), viagens (10%) e móveis (10%).

Rosivaldo defende, inclusive, uma disciplina de educação financeira nas escolas, para que, desde cedo, as pessoas comecem a entender a importância do planejamento do orçamento. “Isso se chama educação financeira. Venho defendendo desde da época que fui presidente do Conselho Regional de Economia e também Secretário de Economia, que as escolas públicas e particulares coloquem nas suas grandes de ensino aulas sobre educação financeira, que está ligada à economia comportamental. O ser humano é educado para tudo, menos como lidar com o dinheiro, seja de papel ou de plástico, que é o caso do cartão de crédito”, finaliza.

A autônoma Simone Grelo, de 56 anos, possui, atualmente, seis cartões de crédito. Ela conta que já possuiu oito, quando trabalhava em um banco privado na capital. De acordo com ela, cada cartão tem um vencimento, e um dos motivos de ter mais de um, além de fazer compras pessoais, é porque ajuda vizinhos e familiares. “Meu mesmo faço supermercado, alguma compra de necessidade mesmo. Mas sempre procuro dividir uma parte no cartão, outra em dinheiro”, diz.

Atualmente, para uso pessoal, ela concentra as compras em dois cartões. “O que mais uso hoje é o do Bradesco e o American Express, mas tenho cartão de instituições financeiras, de supermercados, todos com vencimentos diferentes. Mas eu tenho também para ajudar, porque meu cartão é comunitário, tenho vizinha que usa muito, minha irmã, dou adicional para a minha filha. Agora tem que ter jogo de cintura, fazer as compras conforme os vencimentos. Às vezes atrapalha, se você não é consciente dos seus gastos. O meu problema é que às vezes as pessoas que usam não pagam na data, tem que ficar lembrando”, conclui.

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