Verão aquece vendas do setor de ambulantes em Belém
Os ambulantes faturam 25% mais em julho
Aumentou a procura por bebidas geladas na capital paraense desde o início de junho, de acordo com o comércio especializado. Os ambulantes são os que mais lucram nesse período, o crescimento percebido chegou a ser de 25% e foi ainda mais significativo este ano, em que ainda se vive uma pandemia e boa parte da população preferiu ficar na cidade em vez de viajar para praias e balneários, do que nos anos que antecederam a chegada do novo coronavírus no Pará.
A chegada do verão amazônico aquece o faturamento dos comerciantes do setor que aproveitam o aumento das vendas de líquidos como água de coco, refrigerantes, sucos de frutas e a própria água mineral para guardar a renda extra para períodos de baixa.
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgou um estudo com os valores praticados em supermercados, praças e estabelecimentos comerciais da Região Metropolitana de Belém para as bebidas refrescantes mais procuradas pelos consumidores como água mineral, água de coco, refrigerantes, sucos de frutas, nos primeiros dez dias de julho. Os refrigerantes em lata, de 350 ml, estão sendo comercializados nos supermercados com preços que variam de R $1,99 a R$ 2,69, já as águas minerais de garrafa, de 300 ml, podem ser encontradas com a variação de R$ 0,69 a R$ 0,89. A água de coco é comercializada hoje nas praças e esquinas com preços que variam entre R$ 4,00 a R$ 5,00.
Júnior Cunha, 30 anos, publicitário, compra com frequência suco de frutas e água de coco e comenta que é notória a diferença de preços entre o supermercado, as feiras e os valores praticados pelos ambulantes. “Geralmente priorizo comprar nos supermercados, de preferência os que são meio a meio, pois possuem um valor mais em conta, só consumo em ambulantes quando estou na rua e geralmente é água. Mas as feiras ainda continuam sendo mais baratas em relação aos outros locais, como os supermercados, local onde pude perceber a elevação do preço mais evidente”, compara.
O suco natural de frutas também é uma opção bem recorrente para cessar o calor intenso. Mas com o aumento nos preços, registrado pelo Dieese, das frutas comercializadas tanto nas feiras quanto nos supermercados de Belém, nos últimos doze meses, os sucos estão saindo com valores entre R$ 4,00 a R$ 5,00 dependendo do local de venda. Rui Guilherme Farias, de 44 anos, é dono de uma barraca de sucos no centro comercial de Belém e afirma que, apesar do aumento no preço dos copos de sucos vendidos em seu ambiente, o consumo dessas bebidas não sofreu queda. “Esse ano a procura começou um pouco tarde, de 15 de junho para cá, porque a chuva se estendeu até um pouco mais. Como o preço das frutas subiu, eu precisei repassar para o meu cliente, mas isso não me prejudicou. O calor realmente é fator determinante para as minhas vendas neste mês. Eu faturo cerca de 25% a mais só por causa dele. Não esperava que fosse manter esse padrão de todos os anos por conta desse repasse que precisei fazer, mas as pessoas continuam comprando para matar a sede”, diz.
Ana Maria Valente, de 38 anos, vende essas bebidas refrescantes no comércio de Belém e conta que nesse período já é esperado um crescimento na procura por conta do calor excessivo. As vendas acrescem cerca de R$ 100 à R$ 200 reais na renda semanal, nos primeiros 15 dias do mês de julho. “Por semana, geralmente eu lucro R$ 200 à R$ 300 fora desse período. Quando inicia junho, as vendas crescem e eu chego a arrecadar R$ 500 no final de cada semana”, mensura.
O crescimento se estagna na segunda quinzena de julho, segundo percepção da ambulante. Ela atribui o arrefecimento ao fato de as pessoas escolherem esse período para realizar as viagens já tradicionais para o mês. “Como nós dependemos muito do movimento do comércio, quando tem muitas pessoas vindo para cá as vendas são boas, mas quando a frequência diminui as vendas, consequentemente também. E isso acontece já a partir da semana que vem. A cidade começa a ficar deserta, as pessoas procuram as praias para descansar ou então ficar mais em casa mesmo”, afirma.
Independente da época do ano e do aumento percebido por ela nos preços dos fornecedores, Valente não repassa para os clientes. “Um pacote de refrigerante em lata, por exemplo, que até maio do ano passado eu comprava por R$ 23, hoje está custando R$ 27. Mas não dá pra repassar esse ajuste para o cliente se não eu acabo perdendo venda e ficando com a mercadoria parada. Por isso eu prefiro reter esse valor para mim do que correr o risco de não ter mais lucro que tenho hoje”, explica Ana.
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