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Variação no preço do açaí entre os bairros pode superar 100%

Entressafra do fruto e custos dos pontos comerciais são apontados como maiores influencias pela elevação do produto

Fabrício Queiroz

Um dos principais produtos da base alimentar dos paraenses é também um dos que têm maior variação de preços no mercado local. O açaí costuma ser consumido nas refeições por públicos das diferentes classes sociais e devido a grande demanda não é difícil encontrar pontos de vendas nos diversos bairros de Belém. Apesar dos preços seguirem uma certa tendência de acordo com os períodos de safra e entressafra, é possível verificar uma grande disparidade no valor da bebida, que em alguns casos pode superar os 100% dependendo do bairro.


As distorções são evidentes principalmente na comparação entre os bairros nobres e os periféricos. Na feira da 25, no bairro do Marco, o litro do açaí pode ser adquirido com preços que variam de R$ 20 a R$ 22. Do outro lado da cidade, no bairro da Condor, o açaí chega a custar menos da metade, sendo vendido por até R$ 10 em alguns estabelecimentos, o que significa uma variação de 120%.

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Leoclides Andrade diz que atualmente a lata do fruto – medida que equivale a cerca de 14 kg – custa R$ 100, impactando de forma decisiva na precificação. “A oferta do açaí está pequena devido a entressafra. Todas as feiras de Belém estão vendendo o produto mais caro, então a gente vai aumentando o preço gradativamente para não fechar as portas porque não é possível segurar o preço”, conta o vendedor, que destaca ainda que os custos se elevaram também devido às exigência para manipulação do fruto e extração da polpa segundo as normas sanitárias.

Da mesma forma, Heron Amaral enumera quais fatores têm sido levados em consideração na definição dos preços. “Quem faz as boas práticas tem uma série de exigências, até o papel e pano de uso tem que ser apropriado. E agora estamos na entressafra, ou seja, nós temos uma oferta a menos de fruto e por conta disso os preços disparam. Hoje, uma lata de açaí está custando em média R$ 100. Os chamados açaí da ilha tem preço ainda mais elevado, custando de R$ 230 a R$ 250 a lata”, pontua o empresário que mantém um box no mercado da Pedreira.

Para ele, que tem experiência de 29 anos no ramo, a disparidade é evidente, no entanto, ele chama atenção para o fato de que aspectos como a densidade da polpa, que determina se o produto será do tipo popular, médio ou grosso, também deve ser analisada. “A questão da localização e dos clientes influencia também, mas o principal é transmitir para o seu cliente a qualidade que você tem. Assim, as pessoas vão ver a textura do açaí e tudo isso implica na questão do preço”, acrescenta Heron.

Em bairros periféricos, outro fator adicionado à conta é a concorrência. Augusto Cezar, mais conhecido como Buiu, tem duas lojas de venda de açaí na região, sendo que uma funciona em sua casa e outra em um ponto comercial, onde o valor do aluguel implica em custo mais elevado. No local alugado, atualmente o litro é vendido a R$ 14, enquanto na casa dele o valor é de R$ 12.

“Dentro do bairro do Jurunas, da Condor, da Cremação e outros não tem como vender muito mais alto que isso devido a renda das pessoas. É complicado porque são vários pontos de açaí, só aqui perto tem de 10 a 15 máquinas, então não tem como elevar muito porque o concorrente coloca um preço mais baixo”, diz o batedor artesanal, que afirma que apesar do valor inferior preza pela qualidade assim como os vendedores de outros bairros.

Confira o valor médio do açaí em alguns bairros de Belém

  • Marco – R$ 20 a R$ 22 (tipo médio)
  • Pedreira – R$ 20 (tipo médio)
  • Nazaré – R$ 16 a R$ 20 (tipo médio) / R$ 25 a R$ 35 (tipo grosso)
  • Jurunas – R$ 10 a R$ 14 (tipo popular)
  • Condor – R$ 10 a R$ 14 (tipo popular)
Economia