Terceira maior do mês de março no Brasil, inflação em Belém foi puxada por cuidados pessoais
Produtos relacionados à higiene pessoal registraram aumento de 6,54%
Com a terceira maior inflação do mês de março do Brasil – 1,15%, a capital paraense registrou dois principais grupos que puxaram esse aumento, saúde e cuidados pessoais (3,06%). Somente os produtos relacionados à higiene pessoal registraram 6,54% de alta nos preços, enquanto os serviços laboratoriais e hospitalares sofreu um incremento de 0,38%.
A lista que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) leva em consideração para compor o índice do grupo de higiene pessoal inclui: produto para cabelos, fraldas, produto para a barba, para a pele, higiene bucal, unhas, absorventes, papel higiênico, maquiagem, perfume, desodorante e sabonete.
Ramires Vilhena trabalha como maquiadora e além de perceber os aumentos no grupo ao fazer as compras para a casa, para o marido e para a filha de quatro anos, ela sente o impacto das altas no trabalho. “Se for somar shampoo, condicionador, sabonetes, esses itens de limpeza só nossos, a gente gasta em torno de R$ 700 no mês. Eu não saio sem hidratante, protetor solar e corretivo, só nisso eu gasto em torno de R$ 200, que é o básico, só que esses duram mais que um mês”, detalha.
A jovem de 28 anos acredita que a procura pelo autocuidado aumentou com a pandemia, o que fez, também, trazer uma demanda maior para as linhas conhecidas como new age, que atuam no retardo do envelhecimento. “As pessoas começaram a se cuidar mais, se olhar mais e ver que não só a maquiagem é bacana de usar, mas as linha de cuidados básicos mesmo, e esses produtos todos aumentaram muito. Com as minhas clientes, eu uso cremes de tratamento, hidratante, sérum, protetor, tudo bem mais caro”, afirma.
A médica veterinária Alessandra Aquino, de 34 anos, mora com o companheiro, Fernando Leite, e também observou um aumento considerável nos preços desses produtos de maneira geral. “Papel higiênico, desodorante, absorvente, enxaguante bucal. Acho que os nossos gastos chegam a R$ 100 com o básico disso, sendo que shampoo, sabonete, eu costumo comprar sem ser mensal, de quantidade mesmo”, diz.
Para a empreendedora Aryane Alencar, de 28 anos, que trabalha com serviços de estética, com procedimentos para rosto e corpo, é impossível gastar pouco para quem atua nesse segmento. O gasto mensal com cremes para massagens modeladoras, tratamentos faciais e outros serviços chega a R$ 1.700.
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Mas, para além do trabalho, Aryane tem os gastos mensais com os cuidados com ela mesma e, por mais que alguns produtos durem mais que outros, o custo de se manter bem cuidada é alto. “Fiz uma lista rápida com coisas que todo mundo usa todos os dias, e algumas coisas duram um mês e meio, dois meses, em questão de maquiagem, mas juntando os cremes para cabelo e para o rosto, perfume, se eu comprar mensal, vou gastar em torno de R$ 800. Imagina se comprar agora, que as coisas estão mais caras”, explica.
A lista que a empreendedora fez não incluiu o gasto com escova de dentes, creme dental, sabonete de banho. “Só coloquei o sabonete facial nesse custo, mas eu gosto, já deixei de sair por conta desses gastos, acho mais essencial cuidar de mim do que sair e gastar dinheiro em ‘vão’”, conclui a jovem.
Para o proprietário de uma farmácia em Belém, Reinaldo Gonçalves, a alta de preços vem em um momento de economia ainda se recuperando da crise sanitária e deve pesar um pouco no bolso dos consumidores. “Não tem como fugir deste gasto mensal. A tendência é que as vendas tenham uma leve retração ao longo dos meses de abril e maio, quando deve começar a valer este reajuste. Em nossa rede de farmácias, já prevendo essa alta, costumamos fazer um estoque para garantir um valor mais baixo aos nossos clientes até que o mercado se estabilize. Assim nós conseguimos fidelizar os nossos clientes e ainda temos margem para conceder desconto em determinados medicamentos”, explicou.
De acordo com Reinaldo, a maioria dos produtos farmacêuticos sofrerão este reajuste e, entre os medicamentos que ficaram mais caros, cita os antibióticos, os anti-inflamatórios e os analgésicos, que funcionam para diferentes tipos de dores e os medicamentos para diabetes. Sobre o mercado, ele acredita num impacto a curto prazo nas vendas, mas, ao longo dos meses, imagina uma pressão menor sobre os preços. “Independente do reajuste, a nossa estratégia será sempre a de manter nossos preços abaixo da média de mercado, de forma que continuemos provendo acesso aos medicamentos e auxiliando na manutenção da saúde de nossos clientes”, finaliza.
Com previsão de aumento na casa dos dois dígitos, as finanças dos brasileiros devem ser ainda mais impactadas com a autorização de reajuste sobre os medicamentos, a partir do dia 1º de abril, autorizada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), vinculada à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).