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Setor produtivo projeta retomada estadual e nacional

Após dois anos de pandemia, empresários paraenses estão otimistas para 2022

Elisa Vaz

A recuperação econômica esperada para 2022, tanto em nível nacional como estadual, dependerá de investimentos públicos e privados, comuns em anos eleitorais, e novos projetos, que devem ajudar no desenvolvimento, gerando postos de trabalho e mais demanda para as empresas. Essa é a opinião de representantes do setor produtivo paraense, que revela otimismo para este novo ano. Os especialistas dizem acreditar na retomada do crescimento para todos os segmentos econômicos.

Na área industrial, o ano de 2021 foi marcado por incertezas, não só por conta da pandemia, que foi uma grande ameaça, segundo o presidente da Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), José Conrado Santos, mas também pelos próprios problemas no país, como o custo no Brasil, que é muito elevado e reduz a competitividade dos produtos. “No Pará, essa baixa competitividade é agravada pela distância dos grandes centros, o que encarece os insumos e o escoamento da produção para outros locais”, explica.

Com projetos parados no Estado devido à cautela do investidor, segundo Conrado, a retomada fica mais lenta. Outros fatores que freiam os novos investimentos são a inflação elevada, o alto endividamento das famílias e o desemprego, que retraem o consumo por bens e serviços. Além disso, a escassez de insumos e matérias-primas e os custos de energia elétrica são desfavoráveis para a produção industrial.

“Em 2020, muitas empresas tiveram que se endividar para conseguir honrar seus custos fixos, e outras tiveram que se reinventar, suprindo o mercado com novos produtos demandados em função da pandemia. Em 2021, ainda vimos o setor industrial tentando se recuperar dos efeitos do endividamento, da retração do consumo em alguns setores e dos problemas conjunturais do Brasil. As médias indústrias foram muito afetadas, por conta da burocracia de acesso ao crédito e pela falta de incentivos para que pudessem investir na modernização de seus parques industriais”, lembra.

Hoje, o principal produto na cadeia industrial paraense é o minério, sobretudo o minério de ferro, mas outro destaque é a soja. Além disso, há destaque para setores de alimentos e bebidas, construção civil, base florestal, gráfico, móveis e mobiliário, metalmecânico, reparação de veículos, cerâmica, vestuário, químico e farmacêutico e de construção naval, diz José Conrado.

“Defendemos a aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 110 no Congresso, que deverá promover uma Reforma Tributária ampla, capaz de corrigir as distorções do sistema tributário brasileiro e, consequentemente, contribuir para o aumento da competitividade dos produtos fabricados no Brasil”.

COMÉRCIO

No setor do comércio, o panorama é de otimismo, mas a recuperação em 2022 ainda não deve ser plena e nem se igualar aos parâmetros de antes da pandemia. O presidente da Associação Comercial do Pará (ACP), Clóvis Carneiro, comenta que a indústria paraense chega ao último trimestre do ano com redução de 14,2%, o que é muito significativo e certamente influenciará no desempenho dos demais setores, especialmente no comércio varejista, que fecha o ano com atividade entre 2% e 4% abaixo do nível de 2020.

De acordo com o representante do segmento, o comércio sofreu muito com as restrições impostas ao funcionamento das lojas, e a situação só não foi pior por conta do auxílio emergencial e outros benefícios, que evitaram uma queda maior do consumo e do emprego. “Tanto assim que, com a diminuição das ajudas governamentais, o nível de consumo caiu em 2021. A indústria, que vinha se recuperando, chegou no último trimestre do ano com nível de produção inferior 4,1% ao verificado no período pré-pandemia, e as vendas no varejo 2,8% abaixo das verificadas em 2019”, declara Clóvis.

O comércio paraense tem destaque para vários setores, como materiais de construção, supermercados, móveis e eletrodomésticos. Já o desempenho negativo ficou por conta do turismo, bares e restaurantes, comércio de combustíveis, vestuário e farmácia, este último com queda de, aproximadamente, 4%, em função da forte baixa no segmento de cosméticos.

Mesmo com estes resultados, o cenário no Pará em 2022 deve ser melhor que a média nacional, por causa da recuperação econômica mundial e do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da China, um dos principais compradores dos produtos paraenses. “Particularmente, sou otimista em relação ao desempenho da economia brasileira no próximo ano, por tratar-se de ano eleitoral e tanto a União como os Estados devem aumentar os investimentos públicos, como é de praxe nas eleições para presidente e governadores. Esse movimento deverá elevar a economia, especialmente entre o segundo e o terceiro trimestres do ano”, adianta o presidente da ACP.

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