Setor da construção civil no Pará ainda tem receio com a alta de preços dos materiais
Cimento, ferro e materiais elétricos foram alguns dos produtos que ficaram mais caros

Assim como no cenário nacional, no Pará, o setor da construção civil aponta a escassez de insumos e a alta de preços de materiais de construção como os principais problemas enfrentados em 2021, e que ainda não foram superados. De acordo com o Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon-PA), o cenário faz com que o índice de otimismo esteja baixo e a expectativa de crescimento do setor ainda seja remota.
Em âmbito nacional, com base no Sondagem Indústria da Construção, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a falta ou o alto preço dos insumos e da matéria-prima atingiu 57,1% das empresas entre janeiro e março do ano passado. Foram entrevistadas 434 empresas entre 3 e 14 de janeiro de 2022.
O gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo, afirma que o percentual de empresas que assinalou a falta ou o alto custo de matéria-prima como o principal problema caiu 9,8 pontos percentuais, no entanto, na comparação com o primeiro trimestre de 2021. “É o menor patamar em relação ao observado nos trimestres anteriores. O problema começou a ceder, mas ainda é bastante relevante, porque foi justamente isso que limitou a atividade do setor no passado. É importante deixar claro que essa queda não significa que esse problema está superado”, ressalta.
Alex Dias Carvalho, presidente do Sinduscon-PA, por sua vez, declara que o nível de otimismo que havia no período pré-pandemia ainda não foi atingido no Pará. “Nós percebemos que ao final do ano de 2020, mesmo com os aumentos dos materiais de construção, os índices do nosso setor de nível de emprego e de desempenho de mercado imobiliário e obras públicos estavam dando conta de um cenário positivo, o que fez com que houvesse um momento de esperanças. Ocorre que os problemas mencionados (alta de preços de materiais e desabastecimento) acabaram causando um descolamento muito grande entre poder de renda dos clientes e a possibilidade de adquirir seus imóveis”, explica
Com a pressão da inflação, ainda segundo a análise de Alex Carvalho, houve aumento da taxa de juros, o que levou ao desaquecimento do setor imobiliário, principalmente no segmento de baixa renda. Consequentemente, boa parte do setor da construção civil passa a entender com muita precaução o momento atual e o futuro próximo.
“Por conta do desajuste causado pela alta de preços dos materiais e pelo desabastecimento, muitas obras foram impactadas, o que acabou forçando dilatação de prazos, necessidade de fazer o reequilíbrio econômico financeiro desses contratos e isto, quando não é feito a contento, causa prejuízos e descompasso, o que acaba culminado em desemprego e em desaceleração do setor”, afirma ainda Alex Dias Carvalho.
O empresário Isan Anijar, empresário de uma rede de lojas de materiais de construção no Pará, afirma que os preços “ subiram muito acima da inflação, durante o ano de 2021”. Entre os produtos que ficaram mais caros, estão: cimento, ferro, materiais elétricos, pisos e revestimentos. “A média de aumentos foi de 23% em um ano”, estima o empresário.
Para 2022, Isan Anijar acredita que o cenário deverá apresentar melhora. “Acreditamos que os aumentos vão ser menores e que o mercado vai estar, sim, aquecido durante o ano de 2022. O segmento espera crescer 11% neste ano”, assegura.
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