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Retomada da atividade econômica em Belém será reavaliada nesta sexta

Segundo o prefeito Zenaldo Coutinho, lojistas do centro comercial precisam se readequar aos protocolos de distanciamento e higiene

Roberta Paraense

Está marcada para esta sexta-feira, 5, uma nova reunião com o Comitê Intersetorial de Retorno das Atividades Econômicas de Belém, para a reavaliação das medidas de flexibilização da economia na capital paraense. Segundo o prefeito de Belém, Zenaldo Coutinho, os lojistas do centro comercial têm até hoje para se readequar aos protocolos de distanciamento e higiene. Aberto há quatro dias, o gestor admite a possibilidade de fechar a região para conter as aglomerações, que estão sendo corriqueiras.

O governador do Pará, Helder Barbalho (MBD), também fala em voltar atrás à retomada econômica e decretar um novo lockdown, visto que, o Estado registrou, nesta terça-feira, apenas 39% de isolamento, passando a ocupar a 18º posição no ranking nacional de distanciamento.

Em suas redes sociais, o prefeito de Belém, falou da estrutura de saúde da capital paraense. “Os respiradores que recebemos do Ministério da Saúde foram relevantes para que déssemos o primeiro passo na reabertura do comércio. A nossa estrutura de saúde está funcionando com certa tranquilidade, sem lotação. Mas nós precisamos da informação sobre a disponibilidade de leitos do Governo do Estado que até agora não chegou. Essa informação é crucial para ampliarmos para os shoppings center e salões de beleza”, escreveu Zenaldo Coutinho na quarta-feira, 3.

O governo do Estado, por meio da Secretaria de Comunicação, respondeu que tomou a decisão de “mudar o status de lockdown para isolamento social com base em estudos técnicos e científicos. A decisão de abertura ou não cabe aos municípios. Inclusive, a Prefeitura de Belém tem conhecimento e acesso ao sistema do site com as informações sobre a quantidade de leitos disponíveis que nesta quarta-feira, a cidade de Belém atingiu a taxa de ocupação de 81,51% de UTI e 54,56% leitos clínicos”, diz a nota.

Horas antes, Helder Barbalho publicou um vídeo nas suas redes sociais comentando os índices de isolamento social. “Eu quero deixar bem claro que se nós sentirmos que isso pode representar um novo problema de saúde, nós vamos voltar para isolamentos mais acentuados e, inclusive, se for necessário, até um novo lockdown”, afirmou o governador.

“A vida tem que estar em primeiro lugar. Por isso eu peço a você, é um apelo que eu te faço: consciência, responsabilidade. Só saia de casa se for absolutamente necessário. Vamos ter calma. Não é hora de liberar geral", pediu Helder, que na última sexta-feira, 29, apresentou o Plano Retoma Pará, com a flexibilização dos setores econômicos, entre eles, o comércio de rua. Em Belém, apenas nas avenidas Assis de Vasconcelos, Marechal Hermes, Portugal, 16 de Novembro e Tamandaré, são 2.500 a 3 mil lojas. Com as atividades reabertas, cerca de 17 mil trabalhadores precisam sair de casa e ir até seus empregos. Os números foram estimados pelo Sindicato dos Lojistas do Comércio de Belém (Sindilojas).

Zenaldo ameaça fechar o comércio

Para conter o fluxo de pessoas e, consequentemente, a aglomeração nas estreitas vias do centro comercial, que são ocupadas por clientes, ambulantes e propagandistas das lojas, o Comitê de Fiscalização da Prefeitura interditou seis ruas da região na quinta-feira, 4. Zenaldo Coutinho também ameaçou fechar o comércio. No Twitter, ele disse que "hoje, tudo leva a crer que vamos editar o decreto para abertura dos shoppings e salões de beleza. Mas, de acordo com a avaliação da nossa equipe, se estiver grave a situação na rua, teremos de fechar o comércio para adequação aos protocolos de segurança".

Além disso, o prefeito enfatizou que é preciso garantir a economia e a saúde das pessoas. "Esse é o meio termo. Temos de garantir esse meio termo. Se não for assim, se fecha tudo e as pessoas vão passar fome. A responsabilidade não é só de uma parte, é de todos. Quem for do grupo de risco, fique em casa. Quem precisa ir ao comércio, vá sozinho e não em grupo, e  seguindo os protocolos de segurança", comentou Zenaldo.

Confusão

Enquanto isso, os comerciários ficam sem saber o que fazer. Uma delas é a empresária Neiva Oliveira Grecchi, dona de uma loja no shopping localizado na Doca de Souza Franco. A partir das afirmações do prefeito de que o empreendimento poderia abrir as portas na quinta-feira, ela organizou seu espaço à espera dos clientes.

“Temos gastos em mandar limpar, organizar as coisas, as roupas, o espaço. Tem pessoas que levaram as mercadorias para casa e tiveram de trazer de volta ao shopping. Isso é um problema. Dizer que não vai mais abrir um dia antes, à noite, é um absurdo”, reclamou  a empresária.

Com mais de 70 dias de portas fechadas e com o faturamento reduzido a zero, ela não vê a hora de retomar às atividades. “Precisamos trabalhar, tem pessoas que fecharam as lojas porque não tinham fluxo de caixa. Isso é um problema. Agora, desde sexta-feira, existe a possibilidade de retorno. Primeiro, o governador disse que seria aberto, mas tivemos de esperar os protocolos, depois o prefeito diz que na quinta os shoppings estariam liberados, e apenas na quarta à noite a informação que não tem dados que são públicos. É muito complicado para a gente e para todos que trabalham nos shoppings”, reclamou Neiva Oliveira.

O presidente do Conselho de Jovens Empresários (Conjove), João Marcelo Santos, concorda com a falta de “uma informação alinhada entre os três governos (Federal, Estadual e Municipal). Por outro lado, os empresários sabem que eles precisam cumprir os decretos, porém, as próprias falas dos governantes geram expectativas”, argumentou.

Segundo João Marcelo, um grupo grande passa a se organizar diante das falas dos governantes, que estão usando, diariamente, as redes sociais para informar a população. “Temos de nos atentar às condicionantes – já está tão difícil para todo mundo, e ter um descrédito de informação que não são legais. Precisamos ajustar as comunicações”, frisou o presidente.

A orientação do representante de classe é que os empresários, sejam dos shoppings, de rua, do comércio ou de qualquer segmento, espere sair os decretos, que são as informações oficiais.

“Pedimos aos governantes que sejam mais assertivos nas falas, ninguém está com o dinheiro para gastar, pra contratar pessoas”, apela. Ainda conforme João Marcelo, todas as categorias de lojistas são importantes para a economia. No entanto, é necessário, seguir todos os protocolos de higiene e distanciamento nesta reabertura. “Temos de entender que a saúde importa muito, e agora devemos nos adaptar ao novo normal, com regras”, finalizou.

O presidente do Sindloja, Joy Colares, pede aos lojistas que atentem, sobretudo, aos decretos. “Pedimos que as informações das redes sociais, grupos, sejam analisadas com cuidado. Precisamos nos atentar ao decreto e órgãos oficiais, como o Sindlojas, que está prestando assistência ao lojista neste momento e atualiza tudo no site”, orienta Colares.

A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa) confirmou, na tarde de quinta-feira (4), mais 1.576 casos e 171 óbitos de Covid-19. Agora são 48.049 casos e 3.416 óbitos no Pará. De acordo com os boletins, foram 29 novos casos e três óbitos de Covid-19 ocorridos nas últimas 24 horas. Das três mortes, duas foram registradas em Belém, e 1.547 casos e 168 óbitos foram registrados em datas anteriores. O portal público de monitoramento da Sespa mostra que a capital tem a taxa de ocupação de 81,51% de UTI e 54,56% leitos clínicos.

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