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Redes sociais podem ser usadas para alavancar carreira, mas é preciso cautela

Profissionais devem usar bom senso e refletir se as postagens terão influência positiva em sua imagem

Elisa Vaz

Crescer na carreira é o desejo de muitos brasileiros – segundo uma pesquisa realizada pela 7waves, 26,70% dos entrevistados desejam melhorar a vida profissional em 2022, enquanto 10,58% pretendem ser promovidos e 8,13% querem encontrar um novo emprego. As redes sociais podem ser excelentes aliadas na projeção profissional, pois oferecem um espaço gratuito para que o trabalhador construa um networking e, possivelmente, encontre uma oportunidade melhor para sua carreira.

Antes visto apenas para entretenimento e lazer, o ambiente digital passou a ser um local de construção da marca pessoal. Professora doutora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura da Universidade da Amazônia (Unama), na área de cibercultura, Ivana Oliveira explica que as quatro gerações que existem no mercado estão se encontrando por meio da internet, porque as redes sociais não existem mais de maneira offline. “Todo mundo está presente mesmo sem ter um perfil. Acabei de participar de uma festa com meus alunos e tem pessoas sem perfil no Instagram, mas que apareceram em fotos em outros perfis. Não existe mais como estar fora desse ambiente online”, afirma.

O que pode acontecer, segundo ela, é que o profissional escolha se quer ser atuante ou não nas redes sociais. Ivana diz que o espaço é também uma excelente oportunidade para se desenvolver e alcançar novos nichos do mercado, já que acaba sendo um termômetro de muitos aspectos da vida social. A professora acredita que a internet pode ajudar a construir oportunidades, porque é uma vitrine aberta 24h por dia.

O que o trabalhador mostra no ambiente digital, no entanto, tem a ver com o que ele disponibiliza na sua vida, e não há como separar o perfil profissional do pessoa. “Não existe uma vida da Ivana e outra da professora Ivana. Em todos os meus perfis eu sou a professora Ivana. Não há dissociação, você é o que você é. Então não adianta beber e subir na mesa do bar de noite e aparecer formal na reunião no dia seguinte. A Ivana é única, uma pessoa só, mas com várias divisões. E há histórias clássicas que mostram o poder da internet: pessoas que souberam de sua demissão por uma notícia; alguém que feriu algum direito humano ou falou mal da empresa onde trabalha e foi demitido; e agora até influenciadoras que estão sendo limitadas pelas marcas por suas falas políticas em suas redes sociais”, declara.

É preciso ter cuidado com o que se publica na internet justamente porque as redes sociais se tornaram o centro dessa movimentação no ambiente de trabalho – empresas e empregadores estão online, enquanto os empregados também. Para ter sucesso profissional dentro desse espaço é preciso ter bom senso, na opinião de Ivana. Ela diz que uma imagem não se constrói de forma rápida, nem no mundo físico nem no virtual. Por isso o trabalhador deve pensar bem antes de compartilhar detalhes da sua vida e profissão.

“Tem vários questionamentos a serem feitos antes do post. É alguém que fala da sua área? Dos colegas? Comenta o que tem acontecido na profissão? Usa a linguagem adequada da rede? O que estou postando colabora com a minha imagem de que maneira? Vale a pena? Estou ofendendo alguém? O resumo é esse: se não colabora com nada, não poste; se aquela opinião vai causar polêmica e pode prejudicar, não poste. A gente não precisa se posicionar sobre tudo, a rede não exige isso. É uma questão de refletir antes de postar, e não publicar nada no impulso”.

Além dessa reflexão, Ivana acredita que, antes de compartilhar publicações em sua rede social deve estar atento para não citar a empresa onde trabalha de forma negativa e seguir o manual de conduta imposto pelo empregador. A especialista acredita que, atualmente, as escolas deveriam estar promovendo discussões sobre educação para mídia. “Tem jovens brincando de trocar ‘nude’ (fotos íntimas). Temos que ensinar como essas imagens podem interferir no futuro dessa pessoa lá na frente. Hoje elas usam de forma intuitiva, mas as pegadas digitais são eternas, e a imagem que vazou pode ser pega daqui a 30 anos. A pessoa tem que pensar em qual imagem quer construir”, argumenta Ivana.

Embora a tendência de utilizar as redes sociais para divulgar a expertise profissional pareça óbvia, para algumas gerações a tarefa de se expor com foco na carreira pode não ser uma tarefa fácil. Ivana diz que isso ocorre porque, por mais que essas pessoas tenham “nascido na rede”, estão entrando agora no mercado de trabalho e precisam se preparar para essa exposição. Eles estão preocupados com o futuro, mais engajados e comprometidos com causas sociais, mas ainda é preciso trabalhar melhor as competências dessa geração, que ainda não se sente parte do mercado.

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