Reajuste proposto pelas empresas de ônibus é mais do que o dobro da inflação, aponta Dieese
Segundo a entidade, com o valor de R$ 4,87, o impacto no final de cada mês para quem ganha um salário mínimo e pega dois ônibus diariamente passaria de 15,71% para 21,25%
O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (Dieese/PA) afirma que o reajuste na tarifa de ônibus de 35,28%, proposto pelo Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém (Setransbel) à Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) está bem bem acima da inflação estimada em torno de 14% para o período de junho de 2019, quando houve o último reajuste, até o mês de agosto de 2021. Se o pedido for acatado, o valor da passagem saíra dos atuais R$ 3,60 para R$ 4,87.
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De acordo com o Dieese, com o valor atual de R$ 3,60, em vigor desde o dia 5 de junho de 2019, o gasto mensal para quem pega duas conduções diárias e não tem vale-transporte chega a R$ 172,80. Com isso, o impacto do gasto com passagem de ônibus em relação ao atual salário mínimo (R$ 1.100,00) é de 15,71%.
Já considerando a proposta do Setransbel, da tarifa no valor de R$ 4,87 o impacto no final de cada mês para quem pega dois ônibus diariamente em relação ao salário mínimo passaria dos atuais 15,71% para 21,25%. Já o gasto mensal pularia dos atuais R$ 172,80 para R$ 233,76.
"Na pratica, a solicitação do SETRANSBEL esta bem superior a inflação e também do poder aquisitivo da população usuária em potencial do Transporte Urbano na Grande Belém", avalia o Dieese.
A entidade diz que o valor da tarifa de ônibus urbano de Belém continua entre as mais baixas entre as capitais brasileiras, por outro lado, o Sistema precisa de melhoras urgentes. "A saída passa pelo subsidio por parte do Município e do Estado ao setor de transporte, como já existe em outras capitais, e também o equilíbrio financeiro do sistema, mas não da forma encontrada até agora, onde a Tarifa é o principal carro chefe, sem levar em consideração o Sistema de Transporte como um todo", diz o Dieese. "É verdade que o setor passa hoje por dificuldades em função principalmente da queda no numero de usuários nos coletivos devido a uma serie de fatores entre os quais, o surgimento de novas modalidades de transportes (aplicativos, vans etc.), desemprego e queda nos salários", completa.