‘Queima de estoque’ é estratégia de lojistas de Belém para aquecer vendas no início do ano

A tradicional liquidação dessa época do ano pode ser uma boa oportunidade para economizar nas compras

Gabriel da Mota
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Após a Black Friday e o Natal, datas comerciais favorecidas pelo 13º salário de alguns trabalhadores e pela tradição da troca de presentes, o comércio de bens e serviços enfrenta uma queda significativa no fluxo de caixa neste mês de janeiro. É quando começa a “queima de estoque”: produtos que não foram vendidos no ano anterior são ofertados com descontos tentadores, para atrair clientes. Do ponto de vista do consumidor, a liquidação pode ser uma boa oportunidade para economizar nas compras. No entanto, é preciso ter atenção aos preços praticados, para não comprar “o dobro pela metade do preço”.

Renato Cortez, executivo do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), explica o que está por trás da estratégia comercial: “É o que potencializa os resultados nesse período que sai de Black Friday e Natal. É uma venda direcionada para troca dos estoques, das mercadorias que estão chegando”, comenta. A depender do segmento, a queda nas vendas de um negócio pode chegar a 50% neste período. “O setor de serviços tende a sentir um impacto maior no primeiro trimestre do ano, sobretudo em janeiro”, diz o executivo do Sindilojas.

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Com filiais em vários shoppings de Belém, a loja de aparelhos celulares e acessórios gerenciada por Jorge Aviz está enfrentando uma queda de 40% no faturamento, em relação ao último dezembro. “A gente vem de um mês que é top de vendas, mas em janeiro, as pessoas compram no crédito, e ainda estão pagando suas contas. É como se a gente estivesse fazendo um garimpo com esse pessoal que ainda tem algum dinheiro”, explica o gerente de distribuição sobre a queima de estoque. Os descontos variam entre 15% e 20%, fazendo com que celulares de dois mil reais fiquem até R$ 400 mais baratos.

“No Natal, a gente não dá tanto desconto porque é um mês em que a pessoa está mais disposta a gastar. Em janeiro, a gente dá esse desconto justamente pro cliente crescer o olho e perceber que o preço está bem mais em conta”, revela Jorge. Em comparação com janeiro de 2023, as vendas deste ano cresceram 4%, impulsionadas por facilidades de pagamento, como parcelamento em até 8 vezes no cartão de crédito e em até 18x no crediário. Em fevereiro, a loja deve emendar a queima de estoque com uma promoção de Carnaval: “É uma época em que há muita perda de aparelhos, então a gente deve ter um crescimento nas vendas este ano”, estima o gerente de distribuição.

Para conter a queda de 30% a 40% no faturamento de uma loja de roupas básicas, o supervisor Pedro Barbosa, gerente da unidade que fica em um shopping na avenida Augusto Montenegro, no bairro Parque Verde, em Belém, concede descontos de até 50% em camisas e calças jeans. “Em relação ao ano passado, a gente está percebendo uma queda de 10% nas vendas”, informa. Em fevereiro, a troca de coleção dará continuidade aos descontos: “Além das peças de maior saída, vamos colocar em promoção: regatas, shorts e camisas de proteção UV para chamar mais atenção”, afirma o gerente.

A fotógrafa Tabita Rodrigues, 23 anos, estava com as primas Ana Júlia (10 anos) e Grazi (11 anos) no mesmo shopping, na manhã da última quinta-feira (25). As três procuravam por roupas novas: “Estamos aqui porque tem mais opção de roupas e bastante promoção”, contou a prima mais velha. Tabita diz que sempre faz uma pesquisa de preços antes de adquirir os itens: “Eu vim no início de janeiro e tinha mais desconto do que agora, no finalzinho, mas algumas lojas ainda estão com preços bem baixos. Eu tô comparando”, declarou.

Sobre os preços em 2024, a consumidora observa um leve aumento. “A diferença é pouca, mas ano passado, com certeza, estava mais em conta”, pontuou. A fotógrafa não reservou uma quantia fixa para as compras, mas busca manter o controle das finanças. “Nos últimos dias, eu tô pagando parcelado, mas eu tento evitar ao máximo. Pago com poucas parcelas e, o que eu puder, pago à vista”, detalhou. Além disso, Tabita não gosta de gastar mais de R$ 200 a cada vez que vai ao shopping.

Como não comprar “o dobro pela metade do preço”

Para não sair no prejuízo, o consumidor deve conhecer o preço praticado fora das promoções e verificar a qualidade dos produtos ofertados. A orientação é do economista Nélio Bordalo, membro do Conselho Regional de Economia dos Estados do Pará e Amapá (Corecon PA/AP), e se aplica às aquisições em lojas físicas e do tipo e-commerce, ou seja, pela internet.

“O consumidor tem que ter uma ideia do preço real do produto através de pesquisa prévia naquele local, ou em outras lojas que não estejam promovendo desconto naquele produto específico. No e-commerce, as melhores promoções são aquelas em que o preço seja menor do que o praticado na loja física, e que não tenha custo de frete”, recomenda Bordalo.

Além disso, o economista elaborou três dicas para aproveitar melhor as queimas de estoque:

  • Avalie a real necessidade da compra. Em vez de agir por impulso, verifique se já não possui o produto, inclusive em quantidade acima do que você precisa (calçados e roupas, por exemplo).
  • Verifique a qualidade do produto. Os eletrodomésticos, por exemplo, podem ser ofertados com alguma avaria. O Procon aconselha testar o funcionamento dos aparelhos ainda na loja, para ver se não há peças e/ou acessórios faltando.
  • Analise as formas de pagamento da loja. Caso tenha a quantia para pagar à vista, verifique a possibilidade de um desconto maior. Se optar pelo parcelamento, certifique-se sobre os juros que podem aumentar o valor final do produto.
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