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Programas de aprendizagem inserem mais jovens no mercado

Pesquisa de empregabilidade aponta que diminuem também o 'nem-nem'

Eduardo Laviano / O Liberal

Adolescentes e jovens brasileiros que passam por programas de aprendizagem têm mais chances de conseguir aliar estudo e trabalho do que os que não têm essa oportunidade. Além disso, o número de jovens "nem-nem" (que nem estudam nem trabalham) diminui no universo dos ex-aprendizes.

É o que aponta a Pesquisa Empregabilidade da Associação de Ensino Social Profissionalizante, que faz um raio-X anual da empregabilidade de adolescentes e jovens brasileiros. Por outro lado, 21% dos ex-aprendizes não estudam nem trabalham, ante 26% da média geral dos jovens com faixa etária de 18 a 24 anos.

Atualmente, a Lei 10.097/2000 prevê que todas as empresas de médio e grande porte devem contratar jovens com idade entre 14 e 24 anos como aprendizes. 

"A concepção é formar esse profissional para o mundo do trabalho. Ele faz aulas teóricas e então tem o momento da prática empresarial, executando as atividades. A probabilidade de contratação sempre é muito grande, afinal, que empresa não quer um profissional jovem com essa formação?", afirma Raphael Barbosa, diretor de operações do Sesi e Senai.

Juntos, o Sesi e o Senac formaram quase 18 mil Jovens Aprendizes entre 2018 e 2020 só no Pará.

A pesquisa nacional mostra ainda que um em cada quatro (24%) adolescentes e jovens brasileiros são efetivados pela própria empresa na qual foram aprendizes. Desse total, 82% continuaram no trabalho um ano após o término da aprendizagem.

O levantamento revela que seis em cada dez (58%) adolescentes e jovens conseguem emprego após o período de aprendizagem. E 42% deles são/foram ou têm parentes que são/foram beneficiários de alguma política pública, como Bolsa-Família, ProUni, Fies ou Auxílio Emergencial.

Experiência

Em 2006, quando estava na oitava série, a diretora da escola onde Ivanildo Barbosa estudava o chamou para parabenizá-lo pelas melhores notas da turma, conquistadas por ele naquele ano. Foi quando ela falou para ele do programa Jovem Aprendiz, já com entrevista marcada no grupo Liberal. O desempenho dele foi tão bom que ele acabou sendo contratado ao fim do programa. 

"Quando completei 18 anos, foi cancelado meu contrato pois eu ainda não tinha a maioridade. Mas eles me avisaram que gostaram muito do meu trabalho e aí depois de quatro meses me chamaram de volta, quando eu já tinha feito aniversário. Estou até hoje na empresa. foi o meu primeiro emprego e ainda é até hoje. Graças ao Liberal e ao Senac, desenvolvi muito minha comunicação, proatividade, liderança, organização de tarefas", afirma. 

Ele já passou por diversos setores do Grupo Liberal e diz se sentir sortudo pela oportunidade e pelos colegas de trabalho, que segundo ele são muito prestativos. Ele recomenda a experiência para todos os jovens, mas alerta que a busca por conhecimento e trabalho não pode parar por aí.

"É preciso aproveitar a oportunidade pois o mercado está difícil, então tem que se qualificar para se destacar. As empresas sempre dão uma força. Já fiz diversos curso e inclusive iniciei uma graduação em contabilidade, mas que ainda não pude terminar por questões financeiras desde que a pandemia começou. Mas pretendo voltar quando tudo melhorar", afirma ele, atualmente no setor de distribuição.

Novos voos

Já Felipe Bryan está encerrando a temporada dele pelo Grupo Liberal. O jovem aprendiz de 17 anos passou pelos setores de recursos humanos e tecnologia da informação e acredita que a experiência vai ajudá-lo a alçar novos voos.

"Eu no momento faço curso técnico na área de mineração, mas o que aprendi aqui vai me ajudar em qualquer emprego. Às vezes não temos noção de como é a realidade de um ambiente de trabalho no dia a dia e o programa Jovem Aprendiz me proporcionou isso, principalmente do ponto de vista do amadurecimento mental", comenta.

Mayara Oliveira, assessora técnica do Senac, afirma que o programa também é importante para evitar que os jovens acumulem horas ociosas quando não estão estudando, além de incentivar os aprendizes a desenvolverem práticas responsáveis desde cedo, algo muito valorizado no mercado de trabalho. 

"Alguns chegam meio resistentes, mas sempre saem com muita segurança e maturidade, querendo participar do programa de novo. Na pandemia, existiu uma absorção grande da mão de obra do programa, por serem jovens e terem mais tempo disponível. Além disso, eles não carregam experiências anteriores, então vem sem vícios de outras empresas. Podem ser moldados do zero", afirma. 

O responsável pelo recrutamento e encaminhamento de jovens é a empresa contratante, mas qualquer pessoa entre 14 e 24 anos pode de inscrever na plataforma mundosenai.com.br, na aba Contrate-me, que mantém um banco de dados onde as empresas podem buscar candidatos a aprendizes

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