Preço do pão acumula alta de 6,62% em 12 meses em Belém
O quilo do produto teve o segundo maior reajuste entre as capitais brasileiras
O preço do pão francês, alimento garantido na mesas dos paraenses, subiu 6,62% nos últimos 12 meses em Belém (Abr/2015 - Abr/2024), segundo levantamento do DIEESE/PA divulgado nesta terça-feira (13). O quilo do produto ficou cerca de 3,01% mais caro do que no mês anterior, o segundo maior entre as 17 capitais pesquisadas, ficando atrás apenas de Vitória (ES) com 4,99%. O Kg do alimento passou de R$ 15,72 para R$ 16,76 em um ano, pressionando ainda mais o orçamento das famílias.
No acumulado dos quatro primeiros meses de 2025, o reajuste já chega a 6,28% — uma das maiores variações da cesta básica no período. Em abril, o custo total da cesta básica em Belém atingiu R$ 726,21, valor que compromete quase metade do salário mínimo vigente, de R$ 1.518,00.
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Setor tenta conter preços, mas repasse tem sido inevitável
O Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria do Estado do Pará (SINDIPAN-PA) reconhece o impacto no setor e afirma que os panificadores vêm adotando medidas para reduzir os efeitos sobre o consumidor.
“O setor tem se esforçado para manter o preço do pão francês, mas os aumentos nos custos têm forçado os panificadores a revisar suas margens de lucro e, em alguns casos, repassar parte desse custo ao consumidor. Estamos buscando alternativas, como a otimização de processos, aquisição de maquinário mais eficiente e a negociação com fornecedores”, explica André Carvalho, representante do SINDIPAN-PA.
Segundo ele, os principais fatores que pressionam os preços são o aumento no custo de insumos como farinha de trigo e energia elétrica, além de variáveis econômicas como a inflação e a instabilidade no mercado internacional.
“Essas questões têm causado um impacto significativo nos custos de produção”, afirma.
Carvalho também pontua que, ao contrário do que se possa imaginar, não há escassez de farinha de trigo.
“Não temos enfrentado escassez de insumos, especialmente em relação à farinha. Nossos moinhos locais estão muito bem preparados para atender a nossa demanda, quando encontramos alguma dificuldade com outros insumos são pontuais como na queda da ponte do Maranhão”, explicou.
Consumidor busca alternativas e setor monitora cenário da COP 30
O impacto no poder de compra já é percebido no comportamento do consumidor, segundo o representante do setor.
“O consumidor tem mostrado resistência aos aumentos, e muitos estão buscando alternativas mais baratas. Observamos uma tendência de substituição por produtos com preços mais acessíveis, o que tem impactado a demanda pelo pão francês”, relatou.
Quanto às expectativas para os próximos meses, o cenário ainda é incerto.
“A previsão é incerta ainda mais com a COP 30 se aproximando. Embora haja esperança de estabilização, a tendência pode continuar sendo de alta, dependendo de fatores externos e da política econômica. Estamos monitorando a situação de perto para oferecer informações atualizadas ao setor”, afirmou.
Apoio do poder público e medidas internas são discutidas
Para mitigar os efeitos da alta, o setor defende políticas públicas de incentivo.
“É fundamental que haja incentivos fiscais e políticas de apoio ao setor, como subsídios para insumos essenciais. A cooperação entre os panificadores e as autoridades locais também é crucial para encontrar soluções viáveis”, destacou.
Apesar dos desafios, há uma visão otimista sobre o futuro.
“O setor está otimista, mas ciente dos desafios. Estamos discutindo iniciativas para aumentar a eficiência na produção e explorar novas parcerias com fornecedores. Além disso, buscamos alternativas que possam ser implementadas para mitigar os impactos ao consumidor, como promoções ou a oferta de produtos em tamanhos e preços variados”, concluiu André Carvalho.