Preço do açaí sobe mais que o esperado em Belém; entenda

Consumidores, em alguns casos, precisam parar de consumir diariamente o alimento

Laís Santana
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O belenense começou o ano sentindo no bolso a alta no preço do açaí. Dependendo do bairro, o litro do produto varia entre R$ 18 e R$ 22. A elevação também foi sentida pelos batedores de açaí, que passaram a pagar entre R$ 70 a R$ 130 no paneiro comercializado nas feiras de açaí da capital. O aumento no preço é motivado normalmente pela entressafra, período entre uma safra e outra. Mas, neste ano, fatores como a alta do dólar e a pandemia puxaram ainda mais o valor do alimento. 

Na casa do motorista de aplicativo Higor Barreto todo dia tem que ter açaí. Mas com a alta no preço ele e a esposa precisaram abrir mão do consumo diário. “Todo dia eu deixo separado o dinheiro para o meio litro da minha filha; para ela não pode faltar. Já eu e minha esposa tomamos mais no final de semana, quando dá”, disse Barreto. 

Ele mora na Cidade Nova, em Ananindeua, e conta que próximo de sua casa é possível encontrar o litro do açaí entre R$ 16 e R$ 20 reais. Na safra, Barreto chegou a comprar a polpa do fruto por R$ 8. “Quando o açaí está R$ 8, R$ 10, fica bacana, a gente compra dois, três litros e não fica pesado. Quando fica R$ 16 já está fora do orçamento. Agora é esperar baixar de novo”, destacou. 

Exportação

Para a vendedora de açaí Walquíria Costa, não tem muito a ser feito para driblar a alta no preço. “Não tem como, a gente não pode cair com a qualidade do produto. Se a gente quiser trabalhar com coisa boa, tem que pagar caro. O pessoal logo que chega aqui toma um susto, diz que não vai mais tomar açaí, mas continua tomando. E, nesse ano, está sendo diferente porque o açaí nos últimos meses, quase que diariamente, subiu vertiginosamente. Outro motivo para o preço não diminuir é a exportação, tem muito caminhão pegando açaí mesmo agora que está caro." 

Procura continua

De acordo com José Antonio Leite de Queiroz, analista e engenheiro florestal da Embrapa Amazônia Oriental, neste período do ano ocorre uma diminuição considerável na produção de açaí, porém a procura continua a mesma. “Normalmente, nesse período do ano já ocorre um aumento de preço devido a entressafra. Essa entressafra às vezes começa em dezembro, às vezes em janeiro, dependendo das condições climáticas. Isso não quer dizer que acaba todo o fruto, sempre ficam algumas palmeiras que produzem alguns cachos. Tecnicamente, no período de entressafra a produção cai para 20%, enquanto na safra é de 80%. Já dá pra perceber a diferença que vai haver no preço porque a procura continua a mesma, a oferta de fruto cai muito e por isso o preço vai lá pra cima. 

Leite destaca também que neste ano outros fatores impulsionaram o aumento no valor do açaí para além do esperado. “Um deles é o dólar que aumentou muito em relação ao ano passado, isso permite também que as fábricas paguem um preço um pouco maior pelo fruto. Em condições normais, as fábricas chegam a pagar até R$ 30 em uma lata de açaí, que dá para produzir a um preço competitivo em relação à exportação. Agora, com o dólar acima de R$ 5, eles estão pagando mais de R$ 40 na lata. Outro fator que influenciou é o fato de que muitas pessoas estão ficando em casa e, com isso, tem mais gente consumindo. E isso ainda vai permanecer por um período por conta da pandemia”, ressaltou o analista. 

Dieese

O último estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) no Pará, apontou que o preço do litro do açaí tipo médio, o mais consumido, apresentou alta de 5,20% em novembro em relação ao mês anterior, sendo comercializado a R$14. Essa foi a terceira alta consecutiva do produto. No balanço dos doze meses de 2020, a alta acumulada no preço da bebida alcançou quase 9% contra uma inflação de 3,93% (INPC/IBGE) e, nos últimos doze meses, o reajuste acumulado foi de quase 11% contra a inflação de 5,20% (INPC/IBGE).

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