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Preço do açaí despenca em Belém; ápice da safra ainda não chegou

Batedores estão otimistas e comemoram procura dos clientes, que já começou a aumentar

Eduardo Laviano

Com o inverno amazônico ficando para trás, a safra do açaí já começa a dar sinais de que será das boas em 2022.

O batedor Rosinaldo Gomes é o retrato do otimismo com o período, já que não param de aparecer clientes na barraca dele no mercado do Ver-o-Peso. Isso é porque os preços estão cada vez mais baixos.

"Chegamos a vender o litro por até R$25 e agora estamos vendendo a R$12, R$15. O peixe com açaí chegou a R$25 e agora está R$20", relata ele enquanto enche um saco plástico com o suco da fruta.

Ele conta que o público que passa pelo local é bastante variado, contemplando feirantes do dia-a-dia do mercado até os turistas e pessoas que passam por lá só para comprar e levar para casa na hora do almoço.

"Tem o pessoal daqui da feira, que almoça todo dia. Tem as entregas também que a gente faz aqui mesmo pela feira, pois não temos muito tempo e equipe para entregar, porque o movimento é muito grande. Não temos aquele tempo para sair e entregar, o ideal seria ter uma pessoa só pra isso", diz.

E ele conta que tudo está só no começo: o ápice da safra só chega mesmo em agosto e a expectativa dele é que o litro fique por volta de R$8 a R$10. "Ainda está iniciando, pois agora que começou a chegar o açaí da época, do Marajó, Cametá, da Ilha das Onças. Ainda bem, pois o consumidor já sofreu muito pagando R$20, R$25 até R$30 no litro", afirma.

Alberto Silva não só concorda como já tem a data exata, marcada no calendário, para o apogeu da safra do açaí: 24 de agosto. Ele tem 52 anos de idade e 34 como batedor de açaí e conta que nessa época quem chega depois de 14h no Ver-o-Peso já não consegue comprar mais nada.

"A procura é intensa o tempo todo. O povo paraense vê o açaí como carro-chefe da alimentação", justifica.

Na barraca dele, o açaí que ele classifica como popular, ou seja, mais fino, está saindo por R$18, mas já chegou a R$30 no período entressafra.

"Os clientes dão aquela chiadazinha mas no fim a gente consegue ouvir eles e fazer um preço que ele se sinta satisfeito e acabe levando o produto. Hoje está dando para conseguir preços bons com os fornecedores. Quando só tu tens uma coisa, aí tu ficas [com o preço] lá em cima. Quando eu, tu e todo mundo tem, o preço cai um pouco e a gente consegue conciliar", diz ele, que casou com a irmã do dono da barraca onde trabalha e hoje atua no ramo ao lado de toda a família. 

Se os vendedores estão felizes com essa história toda, os consumidores estão mais ainda.

Suene Amorim tem 32 anos e nem se lembra quando começou a tomar açaí, de tão intrínseco ao cotidiano dela que o fruto sempre esteve.

"É coisa de molequinha mesmo, de voltar da escola naquela vontade de tomar açaí, sabe? Nunca faltou lá em casa", diz a design de sobrancelhas.

O começo de 2022 contou com preços tão inflacionados para a fruta que ela passou a tomar açaí só nos domingos. A realidade agora é outra. "Eu tomei ontem, vou tomar hoje e amanhã vou tomar de novo. E acho que o preço ainda vai baixar mais, se Deus quiser", profetiza.

O Pará é o maior produtor de açaí do Brasil e responde por mais de 90% do cultivo país, com quase 1,4 milhão de toneladas por safra, que rendem para o estado R$1 bilhão por ano, divididos entre o mercado nacional e internacional, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca. 

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