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Preço da construção civil no Pará subiu 17,25% no último ano

Lojas de materiais da capital paraense se esforçam para não repassarem preços aos clientes

Eduardo Laviano

O custo médio por metro quadrado da construção civil no Pará cresceu 0,78% em março de 2022. O aumento engrossa o acumulado de 2,25% de altas no setor só em 2022, que nos últimos 12 meses já alcançou uma variação percentual de 17,25%, dois pontos percentuais a mais do que no resto do Brasil.

Os dados são do Índice Nacional da Construção Civil e foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística nesta sexta-feira (8). 

Para Alex Carvalho, presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado do Pará (Sinduscon), a variação de preços no setor da construção civil aponta que ainda tem ocorrido aumento de preços dos materiais de construção. Isso agrava a situação de instabilidade e gera incertezas. Ele destaca que há reflexo direto no setor.

“Já estamos com reduções significativas na empregabilidade do setor e um recuo da nossa atividade”, afirma. Ele cita o segmento imobiliário, em que há, segundo Alex Carvalho, redução expressiva no número de novos lançamentos de empreendimentos e “nesse mesmo sentido, contratos de obras públicas vigentes têm sido duramente castigados”.

Para o presidente do Sinduscon, o cenário atual é preocupante, “pois ainda não enxergamos, a curto prazo, medidas das autoridades competentes” que possam mudar essa tendência, ajudando a combater os efeitos negativos da escalada de preços.

Ramon Aziz é sócio e administrador de uma loja de materiais de construção no bairro da Pedreira, em Belém, e acredita que a demanda reprimida pela pandemia de covid-19 impulsionou a inflação do setor, já que a procura só aumenta e o mercado não tem dado conta de suprir o volume de vendas solicitadas aos fornecedores, por conta da redução na produção nos anos de 2020 e 2021. Além disso, ele lamenta a alta no preço dos combustíveis, que encareceu o preço dos fretes para a capital paraense. 

"O cobre aumentou muito de 2019 para cá, mais de 50%. Tudo que é cabo elétrico ou que precisa de cobre aumentou. A parte de ferragens também subiu de preço. A gente sempre tenta dar uma negociada a mais com os fornecedores e tenta comprar uma quantidade maior para ter um desconto maior. Os fretes todos aumentaram e querendo ou não aumentou tudo junto", conta ele, ao lembrar que o valor mínimo para a loja entregar os produtos na casa do cliente era R$300 em compras, mas precisou ser reajustado para R$500 recentemente.

Aziz afirma que hoje em dia está bastante difícil dar dicas para economizar e que sempre diz aos clientes que às vezes vale mais a pena reformar algo, mesmo que seja só com uma pintura, do que comprar um novo.

"Ou então pode optar uma marca de argamassa mais barata, opções de tintas mais baratas. A gente trabalha com as linhas A,B e C. Desde a mais cara até a mais popular", diz. 

Paulo Fonseca precisou reformar um banheiro em dezembro e conta que sentiu os preços mais caros, mas que não tinha mais como adiar a reforma. Segundo ele, quem pesquisa mais economiza mais.

"Tem diferença de até 30% no mesmo produto de loja para a outra. Quem tem paciência economiza. Acho que depende muito não só do tipo de produto, mas de onde a loja é também. Essas do centro da cidade mais conhecidas são muito mais caras", diz. 

No Brasil

No Brasil a alta foi de 0,99% em março, 0,43% em relação a fevereiro. O acumulado do primeiro trimestre de 2022 ficou em 2,29% e nos últimos 12 meses, a alta foi de 15,75%, resultado abaixo dos 16,28% registrados nos doze meses imediatamente anteriores. Em março do ano passado, o índice foi 1,45%.

O custo nacional da construção, por metro quadrado, foi de R$ 1.549,07 em março, sendo R$ 927,28 relativos aos materiais e R$ 621,79 à mão de obra. Em fevereiro, havia fechado em R$ 1.533,96.

“Um dos destaques nesse mês é a variação da parcela dos materiais, que vem apresentando desaceleração ao longo de 2022 e registra a menor variação desde julho de 2020. ste é o menor índice observado desde julho de 2020. Na comparação com março de 2021 (2,20%), houve uma queda expressiva de 1,72 pontos percentuais”, comenta Augusto Oliveira, gerente da pesquisa. O Mato Grosso foi a unidade da federação com a maior alta no recorte estadual, 4,14%, seguido por Minas Gerais, com 3,84%.

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