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Páscoa: empreendedores acreditam em ano melhor

Mesmo ainda sob desafios da pandemia, o mercado se prepara para expandir rendimento e emprego

Laís Santana

Faltando menos de um mês para a Páscoa, o mercado já se prepara para o período de produção e venda dos tradicionais ovos de chocolate e outros produtos fabricados a partir da matéria-prima derivada do cacau. Em Belém, a preparação para a data já começou, desde as produções artesanais aos supermercados. De acordo com a Associação Paraense de Supermercados (Aspas), neste ano as vendas de ovos de páscoa nos estabelecimentos devem apresentar aumento de 5% em relação ao ano passado, quando a comercialização dos produtos caiu mais de 30% por conta da pandemia de covid-19.

Há 5 anos, Isabella Boechat trabalha com a produção artesanal de ovos de chocolate. Com muito planejamento, estudo e pesquisa, a confeiteira conta que começou a se preparar para a data este ano ainda em 2020.

"Sempre que eu acabo uma Páscoa já faço todas as anotações para a próxima, com dicas para mim mesma do que posso melhorar, do que posso trazer de novo, do que deu certo, do que deu errado. Logo no início de janeiro já comecei a pensar em todos os materiais que seriam necessários comprar, fiz uma viagem para São Paulo e aproveitei para comprar todas as embalagens, olhar as novidades que às vezes demoram a chegar por aqui e já fiz toda a compra de Chocolate. Também adquiri um curso sobre as produções de Páscoa para me atualizar. Nesse final de semana eu pretendo fazer os testes dos novos sabores e as fotos dos produtos", revela.

Para este ano, Isabella espera ter um bom retorno em vendas. "Como as vendas do ano passado me surpreenderam muito, estou me planejando para vender bem no mês que vem. Independentemente de pandemia ou lockdown, acredito que este é um mercado que não será tão afetado. Ano passado vendi cerca de 300 ovos e estou planejando vender cerca de 400 ovos, com um ótimo faturamento", projeta.

A confeiteira apostará nas vendas pelas redes sociais e nas entregas por delivery, uma vez que "as pessoas devem continuar evitando a exposição a covid-19 e mesmo assim presentear aquela pessoa querida que está longe. Além disso, os produtos artesanais foram muito valorizados no último ano, o que chamou a atenção dos consumidores para nós, microempreendedores. Muitas pessoas estão buscando realmente consumir mais produtos artesanais. Então, tem tudo para ser uma Páscoa com ótimas vendas."

Falta de insumos

Com uma produção maior, a empresária Débora Belarmino, dona de uma doceria na capital paraense, relembra que no ano passado foi necessário encerrar as encomendas antes do prazo por falta de insumos. Para este ano, a expectativa é de crescimento nas vendas assim como foi em 2020. Somente de ovo de colher, Débora estima vender mais de 1.500 unidades. 

“Tomando como referência o ano passado, quando já estávamos na pandemia e Belém em lockdown, a gente subestimou as vendas da Páscoa. Para nossa surpresa, as vendas foram maiores que em 2019. Por isso, para este ano, não estamos esperando nada diferente, tanto que fizemos pedido de embalagens a mais. Mesmo sem saber o que pode acontecer nos próximos dias, estamos nos programando para uma Páscoa em que vai haver bastante procura”, declara.

Devido à continuação do estado de calamidade pública, o segmento dos supermercados não está muito otimista para as vendas deste ano. Contudo, é esperado um aumento de 5 a 6% das vendas em comparação ao ano passado.

“Não estamos confiantes que iremos ter um período como era anteriormente, antes da pandemia, mas acreditamos que será um pouco melhor do que no ano passado. Ninguém está investindo em uma quantidade grande de ovos de páscoa, como em 2019, o que está sendo feito é aquisição de um volume que possa atender a demanda, mas nada muito alto, considerando também o aumento do desemprego e a ausência do auxílio emergencial, por exemplo. O cenário atual não nos dá tranquilidade para investir na data”, ressalta Jorge Portugal, presidente da Aspas. 

Emprego

Para atender à demanda do período da Páscoa deste ano, a indústria de chocolates prevê 11.665 contratações temporárias diretas e indiretas de profissionais que atuarão nas linhas de produção ou nos pontos de venda, segundo os dados da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (ABICAB). O número representa um crescimento de 4,8% em relação às contratações de 2020.

De acordo com a entidade, as contratações para suprir a demanda começaram a ser realizadas a partir de agosto do ano passado e o planejamento para a Páscoa tem início com até dois anos de antecedência. Isso acontece porque as empresas têm de elaborar e planejar todo o portfólio, realizar as contratações e definir todos os detalhes, como, por exemplo, tendências, embalagens e logística.

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