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Paraenses tentam entender por que combustível não barateia tanto na bomba

Sindicombustíveis afirma que redução na refinaria diz respeito ao combustível puro e o posto é o último elo da cadeia de preços

Redação Integrada de O Liberal

Consumidores em Belém torcem para que os preços da gasolina e do diesel baixem com a redução de valores anunciada pela Petrobras para esses produtos nas refinarias a partir da terça-feira (9) -- de 4,4% na gasolina e 3,8% no diesel. "Eu não ligo muito para o preço do combustível, porque é algo que a gente tem que usar, tem que pagar por ele, para poder se locomover. Agora, eu espero que o preço baixe, porque como está hoje é caro. A gasolina custa quase R$ 5,00. A gente paga R$ 10,00 para rodar no dia, economizando, e isso é todo dia", declara João Pedro Gonçalves, 23 anos, auxiliar de estoque, ao abastecer a moto dele no final da tarde de terça-feira (9).

O militar Tassili Alves, 44 anos, observa que o preço do combustível teve uma queda em postos de Belém neste mês de julho. "De fevereiro a maio, eu observei uma oscilação no preço, baixando primeiramente e, depois, subindo. Em junho, a gasolina custava R$ 4,60, e, agora, em julho é vendida por R$ 4,40 e R$ 4,49", destaca. Em um posto de combustíveis no bairro do Marco, no final da tarde desta terça-feira (9), o litro da gasolina era comercializado por R$ 4,39 e o do Diesel, a R$ 4,29.

"Em Belém, eu noto que alguns postos baixam o preço dos combustíveis, outros, não. Tem uns que mantêm o mesmo preço. Mas, em geral, o preço é alto", afirma o estudante de Direito, Daniel Lebrego, 19 anos. Ele relatou que, no começo deste ano, em São Paulo, o litro do etanol custava R$ 2,36 a R$ 2,39 e, no mesmo período, em Belém variava de R$ 3,60 a R$ 3,69. Em geral, a expectativa dos condutores de veículos na capital paraense é de que a redução de preços na venda dos combustíveis nas refinarias também ocorra na comercialização dos produtos nos postos.

Desafio

Baixar preço dos combustíveis nos postos de venda direta ao consumidor permanece com desafio para empresas e condutores de veículos. O advogado do Sindicombustíveis (empresas revendedoras de combustíveis), Pietro Gasparetto, destacou que essa dificuldade de queda de preços dos produtos não ocorre apenas em Belém, mas no País em geral.

"Eventuais reduções de preços na refinaria não necessariamente significam redução imediata do preço na bomba. É importante lembrar que as reduções anunciadas pela Petrobras dizem respeito ao custo do combustível puro, na refinaria. Esse combustível é adquirido pelas distribuidoras, são adicionados os biocombustíveis (etanol na gasolina e biodiesel no diesel) e ainda incidem todos os custos, impostos e outros, antes de chegar ao posto. O posto compra da distribuidora e figura no último elo da cadeia. Assim, o preço do combustível na bomba depende de diversos fatores", afirmou.

"Muitas vezes, as distribuidoras não repassam aos postos as reduções anunciadas pela Petrobras, de modo que aquela empresa não tem como reduzir o preço. Além disso, há questões como os custos com funcionários, frete, energia, entre outros, de cada empresa, bem como o estoque que ainda possui comprado com valores antigos. A formação de preços é totalmente livre e depende da análise de custos e oportunidades de cada empresa e irá flutuar conforme o mercado. Se o posto efetivamente receber o combustível com redução e não tiver elevação de outros custos que componham o valor final, pode existir, sim, redução. Porém, a avaliação sobre a redução bem como o montante e momento de repasse depende da análise individual de cada empresa", ressalta Gasparetto.

O advogado do Sindicombustíveis pontua que é do interesse do revendedor que seja possível ofertar combustível a preços mais baratos, pois eleva suas vendas. "Porém, nem sempre o combustível é comprado com a mesma redução anunciada, de forma que o revendedor não tem como efetuar reduções que lhes causem prejuízo. Não existe nenhuma obrigação legal de redução ou elevação de preço na bomba conforme anuncio da Petrobras. Isso decorre do livre mercado e dos custos de operação de cada atividade", conclui.

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